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O Egito e o Antigo Oriente próximo lançaram as bases da civilização ocidental

Por:   •  26/12/2017  •  2.671 Palavras (11 Páginas)  •  386 Visualizações

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Existe uma estela de pedra, do oficial da corte Ikhernofret (que viveu durante o reinado de Sesóstris III) nelas estão gravadas as tarefas de seu donatário realizadas no templo de Abidos . A parte superior da pedra relata a obra de restauração e reforma do templo; a parte inferior fala sobre à celebração dos mistérios de Osíris. Porém, não é possível saber, a partir das inscrições da pedra, se as fases do mistérios de Osíris (vida, morte e ressurreição) eram encenadas em sucessão ou em intervalos de dias ou, até mesmo, semanas. Heinrich Schäfer foi o primeiro a interpretar os hieróglifos da pedra, e este entendeu que as encenações dos mistérios de Osíris se estendiam durante uma parte do ano constituindo um grande drama.

A pedra esclarece as principais características dos mistérios de Osíris na Época do Médio Império. O ritual começava com o deus Wepwawet (na forma de chacal) e logo depois aparecia Osíris com todo seu esplendor e, em seguida, os nove deuses de seu séquito. Wepwawet ia na frente clareando o caminho e Osíris ia navegando em seu navio, a barca de Neschmet, com ele iam os participantes da cerimônia que são seus companheiros na luta contra o inimigo Set.

Se o navio de Osíris era uma barca carregada por terra, portanto os guerreiros marchavam ao longo dela. Se a cerimônia fosse realizada num barco de verdade sobre o Nilo, algumas pessoas privilegiadas iam a bordo para “lutar” ao lado de Osíris. Ikhernofret era um alto oficial do governo e favorito do rei, por isso estava entre os privilegiados, é possível constatar isso a partir de sua inscrição na pedra: “Repudiei aqueles que se rebelaram contra a barca Neschmet e combati os inimigos de Osíris”.

Depois desse prelúdio, seguia-se a “grande partida” do deus e terminava com sua morte. A cena que representava a morte provavelmente não era vista pelo público comum (como a crucifixão em Gólgota), acontecia em segredo. Todos os participantes lamentavam a morte do deus junto com sua esposa Ísis. Heródoto relata esta cena da cerimônia de Osíris realizada em Busíris onde disse que “muitas dezenas de milhares de pessoas erguiam suas vozes em lamentos”, em Abidos, deveria haver muitas mais.

Na cena que se segue, o deus Tot chega num navio para buscar o cadáver, depois são feitos os preparativos para o enterro. Osíris é enterrado em Peker. Numa grande batalha, Hórus (filho de Osíris), agora jovem, mata os inimigos do pai. Osíris é, então, erguido para uma nova existência no reino da morte e entra novamente no templo como governador dos mortos. Nada se conhece sobre a parte final dos “mistérios” que acontecia na parte interna do templo de Abidos, esses ritos permaneceram secretos para o público.

Esses festivais de cultos ao deus Osíris também ocorriam em templos nas cidades de Busíris, Heliópolis, Letópolis e Sais. O festival em homenagem ao deus Upuant (deus dos mortos) em Siut, deve ter tido uma forma de procissão similar (a imagem ricamente coberta do deus era, também, acompanhada numa procissão solene até seu túmulo).

A cerimônia, instituída por Amenófis III, que erguia a coluna de Ded também possuía elementos teatrais. No túmulo de Kheriuf em Assasi (Tebas) há uma representação gráfica da cena: No local do levantamento da coluna, Amenófis e sua esposa estão sentados em tronos. Suas 16 filhas tocam música com chocalhos e sistros, enquanto seis cantores louvam a Ptá (deus guardião do império). Na parte inferior do relevo de Kheriuf está descrito a conclusão da cerimônia do festal: participantes lutando com bastões, numa cena simbólica de combate ritual, no qual os habitantes da cidade também tomavam parte.

Heródoto descreve, em seu segundo livro, uma cerimônia similar em homenagem a Ares (embora, pelo contexto, deveria ser o deus Hórus). Essa observação (conservada em Papremis) também envolve o combate ritual. Nesta também são celebrados sacrifícios, mas quando o sol começa a se pôr, alguns sacerdotes ocupam-se da imagem do deus e o restante, armados com bastões se madeira, ficam à porta do templo. Diante deles, milhares de homens, que tenham algum voto a cumprir, se colocam também armados com bastões. A imagem do deus fica em um relicário de madeira adornado, e na véspera do festival é transportada para outro templo. Os sacerdotes que se ocupam da imagem colocam-na ao lado do relicário em um carro de quatro rodas e a levam para o templo. Os outros sacerdotes, que permanecem à porta, impedem-nos de entrar, mas os devotos lutam ao lado do deus e atacam os adversários. Há uma luta feroz, onde muitos morrem em consequência dos ferimentos, porém, os egípcios negavam que acontecessem mortes.

O egípcio foi um vassalo dócil durante a época de esplendor e declínio dos faraós. Aceitou as leis e regras impostas pelo rei e pelo sacerdócio como mandamentos dos deuses. Essa docilidade e apego a tradição sufocou as sementes do drama. Para que houvesse um florescimento de tal era necessário o desenvolvimento de um ser livre que participasse da vida da comunidade (como em Atenas).

O egípcio não possuía o impulso para a rebelião, não conhecia o conflito entre a vontade do homem e a vontade dos deuses, onde nasce o drama. Por isso as manifestações de arte (música, dança e teatro) no antigo Egito permaneceram amarradas às tradições das cerimônias religiosas e da corte. As artes plásticas se desenvolveram no Egito, mas o drama não.

Um oficial do governo de Sesóstris I, chamado Sinuhe, subjugou a obediência e ousara fugir para o Oriente Próximo. “Uma procissão funeral será organizada para ti no dia do teu enterro”, o faraó disse: “o céu estará sobre ti quando fores colocado sobre o esquife e os bois te levarem, e os cantores irão à tua frente quando a dança muu for executada em teu túmulo...” Sinuhe então regressou. O poder e a força da tradição esmagaram a vontade do indivíduo.

Para chegar a um desenvolvimento da tragédia o primeiro passo deveria ter sido maior, uma extensão do mito que contivesse o homem e, depois, um modo particular de ser humano; nada disso foi encontrado no Egito.

Mesopotâmia

Enquanto no Egito os fieis faziam peregrinação a Abidos e acreditavam na graça divina, no segundo milênio a.C., os mesopotâmicos descobriam que o perfil dos deuses, antes severos e despóticos, estava ficando mais suave. Os homens começaram a cobrar justiça dos deuses e cobrar a si mesmos o recebimento das bênçãos dos deuses. Estes, agora, desciam a terra e participavam dos rituais com isso surge o começo do teatro.

O “matrimônio sagrado” é um dos mistérios mais

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