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Fichamento do livro O que é Sociologia

Por:   •  17/12/2018  •  3.388 Palavras (14 Páginas)  •  553 Visualizações

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"A partir da terceira década do século XIX, intensificam-se na sociedade francesa as crises econômicas e as lutas de classes. A contestação da ordem capitalista, levada a cabo pela classe trabalhadora, passa a ser reprimida com violência como em 1848, quando a burguesia utiliza aparatos do Estado, por ela dominado, para sufocar as pressões populares." (p.29).

Para Carlos B. Martins, figuras como Durkheim reforçam a natureza reparadora desta ciência. A "jovem ciência" procurava repensar o problema presente na desordem, sustentando a solução em valores conservadores como a importância de instituições - por exemplo, a família, a hierarquia social e a autoridade.

"Assim, por exemplo, Le Play (1806-1882), [...] ao realizar um vasto estudo sobre as famílias de trabalhadores, insistia que estas, sob industrialização, haviam se tornado descontínuas, inseguras, instáveis. Diante de tais fatos, propunha como solução para a restauração de seu papel de "unidade social básica" a reafirmação da autoridade do "chefe da família", evitando a igualdade jurídica de homens e mulheres, delimitando o papel da mulher às funções exclusivas da esposa e filha." (p.29-30).

A busca por um estado de equilíbrio inspirou figuras como Comte – um dos fundadores da sociologia – a orientar-se em um sentido para a harmonia social. Sendo assim, suas pesquisas foram o ponto de partida positivo dos trabalhos do homem de Estado. Permanecendo a ideia de legitimidade por meio das ciências naturais, Comte utilizou termos como "física social" para referir-se a nova ciência, mostrando também que desejo de construí-la a partir dos modelos das ciências físico-culturais.

"A oficialização da sociologia foi portanto em larga medida uma criação do positivismo, e uma vez assim constituída procurará realizar a legitimação intelectual do novo regime. [...] Suas explicações sempre contiveram intenções práticas, um desejo de interferir no rumo desta civilização, tanto para manter como para alterar os fundamentos da sociedade que a impulsionaram e a tornaram possível." (p. 32-33).

· CAPITULO SEGUNDO: A FORMAÇÃO

Na sociologia, falta um entendimento comum por parte de seus estudantes. Isso se relaciona com a formação de uma sociedade de classes opostas – o choque de interesses da sociedade capitalista já penetrou a formação sociológica. Alguns sociólogos afirmam que o caráter antagônico da sociedade capitalista permitiu o nascimento de diferentes tradições sociológicas ou distintas sociologias.

"Não podemos perder de vista o fato de que a sociologia surgiu num momento de grande expansão do capitalismo. Alguns sociólogos assumiram uma atitude de otimismo diante da sociedade capitalista nascente, identificando os valores e os interesses da classe dominante como representativos do conjunto da sociedade." (p.35).

Alguns encontraram no pensamento conservador uma fonte de inspiração para formular seus conceitos da realidade. Os conservadores, chamados de "profetas do passado", foram contra os iluministas. Eles tinham suas ideias baseadas na sociedade feudal, com sua estabilidade e hierarquização. Muitos acreditavam que o impacto da Revolução Francesa na sociedade era um castigo de Deus à humanidade e responsabilizavam os iluministas pela Revolução de 1789. Os conservadores eram defensores das instituições religiosas, monárquicas e aristocráticas, e enfatizavam a importância da autoridade e da hierarquia. Eles estavam cientes de que não poderiam voltar á velha sociedade feudal e restaurar suas instituições. E é entre os autores positivistas que os profetas dos passados têm grande influência.

"A sociedade moderna, na visão conservadora, estava em franco declínio. Não viam nenhum progresso numa sociedade cada vez mais alicerçada no urbanismo, na indústria, na tecnologia, na ciência e no igualitarismo. Lastimavam enfraquecimento da família, da religião, da corporação etc. Na verdade, julgavam eles, a época moderna era dominada pelo caos social, pela desorganização e pela anarquia." (p.38).

Saint-Simon (1760-1825) é considerado por alguns um dos primeiros pensadores socialistas mas, por outro lado, também é saudado como um dos fundadores do positivismo. Segundo Durkheim, Saint-Simon era o iniciador do positivismo e o verdadeiro pai do socialismo, em vez de Comte. Em seu livro, Martins ressalta o lado conservador de Simon:

"Saint-Simon tem sido geralmente considerado o "mais eloquente dos profetas da burguesia", um grande entusiasta da sociedade industrial. [...] Ele percebia novas forças atuantes na sociedade, capazes de proporcionar uma nova coesão social. Em sua visão, a nova época do industrialismo, que trazia consigo a possibilidade de satisfazer todas as necessidades humanas e constituía a única fonte de riqueza e prosperidade. [..] A ciência, para ele, poderia desempenhar a mesma função de conservação social que a religião tivera no período feudal. [...] O avanço que estava ocorrendo no conhecimento científico foi percebido por ele, que notou, no entanto uma grande lacuna nesta área do saber. [...] Mesmo tendo uma visão otimista da sociedade industrial, ele admitia a existência de conflitos entre os possuidores e os não possuidores. [...] Caberia, portanto, à ciência da sociedade descobrir essas novas normas que pudessem guiar a conduta da classe trabalhadora, refreando seus possíveis ímpetos revolucionários. [...] Para ele, a propagação das ideias iluministas em plena sociedade industrial somente poderia levar à desunião entre os homens. Para haver coesão e equilíbrio na sociedade seria necessário restabelecer a ordem nas ideias e nos conhecimentos, criando um conjunto de crenças comuns a todos os homens." (p. 41-44).

Para Durkheim, a raiz dos problemas não era econômica mas sim moral. Ele compartilhava com Simon a certeza de que os valores morais conceberiam fundamentos para neutralizar as crises econômicas e políticas de sua época histórica. Além disso, considerava que a divisão do trabalho acarretava um "sensível aumento da solidariedade entre os homens", afinal, todos ficariam dependentes um dos outros. No entanto, essas transformações não foram acompanhadas de um conjunto de ideia morais necessárias.

"Dispostos a restabelecer a "saúde" da sociedade, insistia que seria necessário criar novos hábitos e comportamentos no homem modernos, visando o "bom funcionamento" da sociedade. Era de fundamental importância, nesse sentido, incentivar a moderação dos

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