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Ensaio crítico - concepções de poder

Por:   •  27/2/2018  •  2.953 Palavras (12 Páginas)  •  293 Visualizações

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Detentores do poder

Agora que vimos quais os mecanismos que permitem o exercício do poder, segundo os vários autores, importa conhecer, a partir das suas teorias, quem são os grupos que com mais poder no interior de uma sociedade. Seguindo a lógica do interaccionismo simbólico, os mais poderosos serão aqueles que conseguirem fazer dos seus valores, as normas que regem toda a sociedade, e pelas quais a conduta de todos os indivíduos será julgada pela socidade. Becker define estes indivíduos como os “guardiões da moral”. Estes possuem uma ética intransigente, assumidno que o mundo não estará em ordem sem a existência das normas que defendem. São capazes de rotular e estigmatizar aqueles que não seguem as normas por eles estabelecidas, uma vez que são à partida mais poderosos. O processo de cruzada moral reforça ainda mais o seu poder, uma vez que “as consequências mais óbvias de uma cruzada bem-sucedida é a criação de um novo conjunto de regras” (Becker, 1973, p. 160). Para os autores da Escola Crítica de Frankfurt, o poder está centrado nas classes sociais dominantes. Tal como Marx, estes autores consideram que numa sociedade capitalista, aqueles que assumem uma posição de relevo do ponto de vista económico, são capazes de exercer um poder mais forte noutros domínos da sociedade. As classes dominantes utilizam os meios de comunicação social de forma a disseminar consensos sociais e a manipular os indivíduos, perpetuando a sua dominação. Segundo Habermas, o poder, num cenário ideal, seria alvo de discussão na esfera pública, de forma a que aqueles que dominassem a comunicação conseguissem ver a sua vontade prevalecer. No entanto, na modernidade, devido à colonização do mundo da vida e à perda de influência da esfera pública, o poder torna-se auto-suficiente, pelo que existirá uma tendência para que os indivíduos que se encontram em posições dominantes se mantenham assim, uma vez que neste cenário, o poder não é alvo de escrutínio em praça pública. Para Luhmann, o poder centra-se nas mãos daqueles que, através da comunicação, consigam solucionar o problema principal do sistema político: “produzir decisões colectivamente vinculantes”( Luhmann cit. por Simioni, 2008, p. 126).

Referências Bibliográficas

BECKER, Howard S. (1973) – Outsiders, Studies in the sociology of deviance. New York: The Free Press. ISBN 0-684-83635-1.

BLUMER, Herbert [et al] (1969) – Principles of sociology. 3.ª ed. New York: Barnes & Noble Books.

ESTEVES, João Pissarra (1993) – Niklas Luhmann: Uma apresentação. Lisboa: Universidade Nova de Lisboa

GIDDENS, Anthony (2013) – Sociologia. 9ªed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.

HABERMAS, Jürgen (1984) – Mudança estrutural da Esfera Pública. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro

LUHMANN, Nicklas (2012) – A sociedade como sistema. Porto Alegre: Edipucrs

MARCUSE, Herbert (1973) – A ideologia da sociedade industrial: O Homem unidimensional. 4.ª ed. Rio de Janeiro: Zahar Editores.

MARCUSE, Herbert (1981) – Eros e civilização: Uma interpretação filosófica do pensamento de Freud. 8.ª ed. Rio de Janeiro: Zahar Editores.

MATHIS, Armin – A sociedade na teoria dos sistemas de Niklas Luhman.

PLUMMER, Ken (2000) – A World in the Making: Symbolic Interactionism in the Twentieth Century. In TURNER, Brian S. – The Blackwell Companion to Social Theory. 2.ª ed. Oxford: Blackwell Publishing. ISBN 0-631-21365-1.

SILVA, Filipe Carreira (2002) – Espaço Público em Habermas. Lisboa: Instituto de Ciências Sociais. ISBN: 9789726710981.

TURNER, Brian S. (2002) – Teoria Social. Algés: Difel. ISBN 972-29-0555-4.

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