A LUTA DA MULHER PELA IGUALDADE E RECONHECIMENTO
Por: Hugo.bassi • 24/1/2018 • 4.134 Palavras (17 Páginas) • 475 Visualizações
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A desigualdade está presente nas relações sociais dos homens, no acesso diferenciado à saúde, à educação e ao trabalho, seja na discriminação da mulher, que é barrada ainda em algumas esferas sociais e políticas, ou nos desafios enfrentados pelo negro, devido às raízes da escravidão, que ainda trazem para o nosso cotidiano ações preconceituosas. Mesmo após mudanças na própria ordem social, com o avanço da economia, devido ao desenvolvimento dos meios de produção e das novas necessidades do mercado, a mulher ainda não alcançou totalmente uma posição igualitária em relação ao homem. Ela passou a assumir a esfera pública (a esfera da política), participando também do provimento do lar, mas ainda permaneceu subjugada ao ambiente privado, sendo responsabilizada pela boa criação dos filhos e pelo cuidado da casa. Assumindo assim uma dupla função, não alcançando efetivamente a igualdade almejada pelos movimentos sociais vigentes (ANTUNES, 1995).
Com o aumento da desigualdade social e a intensificação da exploração da classe trabalhadora, aprofunda-se a situação de dominação- exploração sobre a mulher. Assim, podemos afirmar que o sistema do capital articula exploração do trabalho com dominação ideológica e se apropria da lógica e valores do sistema patriarcal. (SANTOS; OLIVEIRA, 2010, p. 14)
Hoje, o sistema do capital utiliza o sistema patriarcal, articulando exploração do trabalho e dominação ideológica. A mulher é oprimida e tem seus direitos violados, no âmbito afetivo-sexual sofre dentro de seus lares abusos de suas vontades, e tem a violação pelo Estado dos direitos sexuais e reprodutivos. Não apenas são inferiorizadas nos postos de trabalho, como também nos papéis econômicos e políticos deliberativos. O sistema patriarcal, por dominar e oprimir a mulher acentua as relações de desigualdades de gênero. Ele estrutura-se a partir de quatro mecanismos:
1) A prática da violência contra as mulheres para subjugá-las; 2) O controle sobre o corpo; 3) A manutenção das mulheres em situação de dependência econômica e 4) A manutenção, no âmbito do sistema político e práticas sociais, de interdições à participação política das mulheres. (CAMURÇA, 2007, apud SANTOS; OLIVEIRA, 2010, p. 14)
Tal análise parte da ideia de que o sistema capitalista se beneficia da opressão das mulheres, tanto do ponto de vista ideológico, como na inserção precária e subalterna no trabalho. Daí a importância dos Movimentos Feministas para uma luta ampliada que reflita sobre as relações gerais da sociedade e sobre as consequências para a mulher frente ao sistema econômico, que vise uma multiplicação contínua de riquezas, buscando, segundo Santos e Oliveira (2010), uma nova condição social, política e econômica para as mulheres. As pesquisadoras colocam a luta feminista como poderosa no enfrentamento das desigualdades de gênero, uma vez que o processo objetiva o fim da opressão das mulheres, buscando alcançar a igualdade substantiva.
Elas ainda se veem obrigadas a calar suas vontades por uma imagem que a sociedade impõe. A mulher, na medida em que vem ocupando novos espaços na sociedade, não sendo mais obrigadas a cuidar do lar, do marido e dos filhos, rompem com a lógica patriarcal, e consequentemente com sua posição de inferioridade e obediência. No entanto, a sociedade continua fundada no pensamento machista e conservador, o que produz uma identidade masculina se constitui na separação do que é intrínseco ao homem e do que é característico da mulher, o que Sabo (2002, p. 37) denominará como a “psicologia da separação”. Inegavelmente, esses aspectos negativos contribuem decisivamente para a desvalorização da mulher por parte dos indivíduos que estão em processo de formação, fazendo com que eles assumam uma postura de superioridade na questão de gêneros. Mais que isso, tende também a menosprezar atitudes que a cultura dominante define como sendo de cunho feminino.
[...] a grande conquista do projeto feminista igualdade na diferença foi a possibilidade de mudança nas relações de gênero, na medida em que as mulheres (e os homens) puderam se libertar dos velhos estereótipos e construir novas formas de se relacionar, agir e se comportar. Essa possibilidade tem permitido aos homens se libertarem do peso do machismo e às mulheres se libertarem do imperativo do feminino, ambos podendo ser sensíveis, objetivos, fortes, inseguros, dependentes, independentes, com liberdade e autonomia, e não seguirem imperativos categóricos determinados pelo gênero. É assim que se concretiza a ideia de gênero como construção social. Nessa perspectiva, a reconstrução do feminino leva necessariamente à reconstrução do masculino. (ARAUJO, 2005, p. 48)
As mulheres, ao se conscientizarem e questionarem suas posições na sociedade buscam abrir alternativas que sinalizem o declínio dessa construção social desigual, em que há uma exploração do trabalho e uma dominação ideológica, utilizando o sistema patriarcal, com o intuito de oprimir e violar os seus direitos (ARAÚJO, 2005).
Emancipação é uma palavra muito usada em todos os contextos. Fala-se em emancipação em todas as esferas, como emancipação feminina, de classes, política, educacional, do menor etc. Emancipação tem o mesmo sentido de libertação, ou seja, tornar livre. Emancipação: “ato ou efeito de emancipar; estado daquele que, livre de qualquer tutela, pode administrar os seus bens livremente, libertação do pátrio poder, alforria, libertação” são alguns dos significados que se encontra nos dicionários para a palavra em questão (MICHAELIS, 1998).
Tendo em vista que o processo de desenvolvimento da identidade masculina se processa desde a infância, a vivência social torna-se um dos meios pelo qual a cultura patriarcal mais exerce sua influência na formação psicológica dos meninos. Sobre esse aspecto, Sabo (2002, p. 37) explica que “A desvalorização do feminino e das mulheres, os sentimentos de superioridade em relação às mulheres e o medo da feminilidade se difundem dentro da psicologia do menino”.
Tendo em vista essa separação de sexo, faz-se necessário aqui esclarecer o que é gênero. De acordo com Pedro (2005), todas as coisas existentes no mundo são designadas por gênero, mas nem todas possuem sexo. Desta forma, sempre que nos referimos ao gênero, estamos nos referindo à diferença entre o masculino e feminino. Gênero, passou a ser utilizado pelos movimentos feministas “para reforçar a ideia de que as diferenças que se constatavam nos comportamentos de homens e mulheres não eram dependentes do “sexo” mas sim ligadas à cultura (PEDRO, 2005, p. 78).
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