Resenha do Livro Modernidade Líquida
Por: SonSolimar • 5/2/2018 • 1.655 Palavras (7 Páginas) • 426 Visualizações
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A cultura passa a ser utilizada para causar euforia e entorpecimento nas pessoas, para que se esqueçam das dificuldades e desigualdades. A ideia era se opor a grupos que defendiam o diferente e massificar a população. Em alguns casos o Estado se apropria desses técnicas para perseverar em determinada ideologia.
Nos anos 60 jovens iniciaram um pensamento transgressor, voltando-se para os valores sensoriais, sensuais e espirituais, libertando-se do Estado, o que causa uma certa ruptura mas também uma corrida das empresas para se apropriar do movimento e lucrar com ele. Enfim, o que podemos apreender é que nesse momento as imagens eram mais importantes que conteúdo, e a ampla concorrência é bastante estimulada. Torna-se uma preocupação o individualismo das pessoas, que estão olhando cada vez mais para si mesmas e esquecendo-se do próximo.
A velocidade com que a tecnologia se desenvolve também é parâmetro para medirmos a degradação ambiental. É nítido o aumento na emissão de gases tóxicos e a utilização de produtos químicos sintéticos prejudiciais ao meio ambiente. Não existe no planeta hoje qualquer lugar que não esteja contaminado e não existem estudos que possam afirmar qual o impacto desses elementos a longo prazo. Nesse sentido, a ciência e a técnica são os meios adequados para encontramos soluções para o problema ambiental.
Todavia, no caminho do desenvolvimento sustentável e da ciência responsável, temos as grandes corporações que se preocupam apenas com lucro, esquivando-se de fiscalizações e punições. No sentido contrário, foi criado por ongs e ambientalistas o princípio da precaução, que consiste em deixar em quarentena ou recomendar que se evitem produtos que possam prejudicar o meio ambiente, colocando a segurança da população à frente do risco de lançamento do produto.
O avanço nas pesquisas, além de interferir na natureza, também avançam no sentido de modificações genéticas em seres humanos, tentando a criação de super homens que dominariam o restante da humanidade. A esperança é que o avanço das pesquisas no campo da genética rumem para a cura de doenças congênitas e prevejam qualquer tipo de má formação. É claro o paradoxo quando analisamos as olimpíadas gregas e os jogos olímpicos modernos. Naquela época, os esportes eram voltados para o culto ao corpo, hoje os esportes são todos para representar produtividade, em consonância com os princípios econômicos que vivemos.
O mesmo ocorre com a música, que com o passar do tempo foi incorporando tecnologias eletroeletrônicas na composição e produção de sons, bem como aumentou seu alcance com a divulgação fonográfica em rádios, cinema e Tv, popularizando essa arte.
Houve uma dicotomia entre a música erudita, que valorizava a estrutura harmônica e a música popular ou negra, que valorizava mais a variedade rítmica. Esse estilo musical ganhou força após sua inserção maciça na sociedade, dando voz a uma parcela do povo que não tinha sido ouvido antes, lutando por direitos civis e contra a discriminação racial.
No pós guerra, durante a crise industrial sofrida em alguns lugares dos Estados Unidos houve uma onda de desemprego e desesperança entre os jovens. No fim da década de 70 e início dos anos 80, com a modernização da música, utilizando-se de aparelhos digitais, houve o descarte dos aparelhos analógicos pelos ricos. Os jovens desempregados passaram a recolher esses aparelhos e usá-los de forma inovadora e criativa, combinando o som de dois pratos com movimentos diversos, criando a base do rap e do hip hop.
O desenvolvimento da tecnologia transformou esses movimentos e transformações nas músicas em um novo jeito de fazer sons, com uma manipulação completamente digital, mas sem jamais abandonar as origens negras dessa forma de fazer música. Essa forma subversiva de fazer música é chamada de sonic boom.
O sonic boom não se restringe somente à musica, mas também às artes cênicas, teatro e dança. Num mundo individualista, esse movimento vai no sentido contrário, de conectar pessoas, voltando aos princípios sensoriais.
Essa quebra de paradigmas é importante, porque somos bombardeados de imagens diariamente, e ajudamos a multiplica-las, é considerado o meio ideal para difundir ideias. O que não é de todo ruim, pois hoje a difusão dessas imagens significa democratização da tecnologia. Mas é nesse momento também que a TV entra na vida das pessoas massificando os padrões de consumo, já que as emissoras de tv são controladas por algumas poucas redes. A TV a cabo foi a solução encontrada pelos Governos para retirar o poder dessas poucas redes de televisão e impor um novo consenso conservador.
Os avanços tecnológicos criaram um circuito cultural privilegiado, onde quanto mais conhecimento se tem, mais conhecimento pode ser obtido através dele. Proporcionaram também um alcance de público espantoso e crescente. Ocorre que ao mesmo tempo que em essa tendência deixa em evidência museus, galerias e exposições, diminui o alcance do artista e de sua criação de forma individual.
A modernização e a globalização, a ausência de limites físicos, estão causando a decadência e o colapso das cidades como nós conhecemos hoje. As novas formas serão concebidas a partir de marcos históricos, democráticos ou participativos, representados por centros culturais. É a troca dos moradores locais e pobres por turistas endinheirados.
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