Manuel Bandeira
Por: Hugo.bassi • 24/3/2018 • 1.165 Palavras (5 Páginas) • 322 Visualizações
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Por se tratar de uma crítica aos parnasianos, o poeta modernista faz uso de formas na composição do poema para atacar o movimento da arte pela arte. Chamar o sapo-tanoeiro de “parnasiano aguado”, com seu “cancioneiro bem martelado”, é dizer que o ritmo marcado do Parnasianismo é como o coaxar do sapo-tanoeiro (ferreiro). Trata-se do desprezo irônico a esse ritmo. Destaca-se ainda as virtudes poéticas parnasianas com termos rebuscados “Vede como primo”, seguido de uma expressão grosseira “Em comer hiatos”, com o verbo “comer” em lugar de “suprimir” estendendo a ideia de digerir a uma ocorrência estético-formal.
Diferentemente dos outros sapos, o sapo cururu, figura o poeta não-parnasiano, por isso, desintegrado, (longe dessa grita (...) sem glória, sem fé (...) solitário). Sendo assim, esse seria o poeta modernista, que não teria glória naquele tempo. A utilização de um tipo bastante comum de sapo e a intertextualidade com uma cantiga de roda “Sapo cururu”, remetem ao cotidiano e à simplicidade do poeta não-parnasiano e da temática da poesia modernista instaurada por diversos artistas posteriormente.
No entanto, a ironia se configura com maior ênfase na forma de compor o poema. O autor cria versos de cinco sílabas, porém, em redondilhas menores, ou seja, uma forma mais simples de compor sílabas poéticas, além dos quartetos, formas consideradas populares abomináveis para os parnasianos que prezavam pela sofisticação e pelos sonetos.
Quanto ao tempo, percebemos a figurativização do tempo passado (na fala do sapo-boi). Esse tempo passado é tematizado como um tempo heróico e figurativizado por meio de guerra e de rei (Meu pai foi rei ...). A insistência do sapo-boi nesse episódio gera o efeito de sentido de importância do passado, mais precisamente, da poesia do passado, nesse poema. Essa forte ligação com a tradição não permite uma ruptura nem a experimentação de novas formas artísticas. Isso pode ser evidenciado pelos versos Vai por cinquenta anos / que lhes dei a norma.
Mesmo sendo tão grande em sua época de modernista, Manuel Bandeira não se mostrou preocupado em se adequar a esta ou àquela tendência, decidiu por não criticar publicamente aqueles que consideravam os mestres parnasianos e simbolistas, bem como não se tornou adepto do tom revolucionário dos modernistas. Dessa forma, optou por escolher esta ou aquela forma que mais se adequasse ao espírito das emoções que desejava transmitir em determinado momento. A linguagem, envolta num tom simples, revelava a experiência do poeta acerca de suas percepções em meio ao cotidiano, marcadas, sobretudo, pela temática voltada para o amor, erotismo, infância, paixão pela vida, solidão e angústia existencial.
Bibliografia:
ALMEIDA, Dayane Celestino de. Análise Semiótica do poema “Os sapos” de Manuel Bandeira. Cadernos de Semiótica Aplicada. Vol. 5. nº 2. São Paulo: USP, 2007.
Disponível em : http://portugues.uol.com.br/literatura/manuel-bandeira.html> Acesso:
Disponível em : Acesso:
Disponível em : http://www.webartigos.com/artigos/os-sapos-de-manuel-de-bandeira/96063/#ixzz4HDXZlxL3> Acesso:
Significado de frumento
s.m. O melhor tipo de trigo. / Qualquer cereal.
Sem joio – sem má qualidade
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