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Europa, França e Bahia - Um comentário final

Por:   •  7/12/2017  •  5.042 Palavras (21 Páginas)  •  401 Visualizações

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Houve o propósito de identificar o modelo hausmanniano nas reformas cariocas e soteropolitanas e entender como a modernização do Rio de Janeiro influencia as intervenções urbanas em Salvador, onde implica comparações. Em Salvador, a reforma permanece no âmbito das ideias e dos projetos do que as ações aplicadas ao urbano. Salvador era diferente do Rio e de Paris, em Salvador, o tecido urbano praticamente não muda após as intervenções, a intervenção em algumas ruas se produzem por meios de alargamentos de ruas já existentes, as vias acompanham o traçado original. Já em Paris e no Rio, o tecido urbano sofre alterações, a introdução de ruas e avenidas que não pertenciam ao traçado original, as vias são retas e tem a mesma largura por toda a extensão.

Nas três cidades citadas apresentam em comum os objetivos gerais das intervenções, elas eram realizadas através de demolições, desapropriações e expulsão da população. Em Paris, o projeto tem a intenção de ligar as gares (estação de trem), no Rio pretende-se conectar o porto com zonas industriais, comerciais e financeiras tornando-as mais fluidas, e em Salvador as ruas têm as mesmas funções do Rio. Surgem novos bairros com essas intervenções. Essa intervenção nos três locais se concretiza sob um autoritarismo administrativo que introduz normas arquitetônicas.

No Rio e Salvador se apresentam pontos comuns e outros divergentes, ambas são construídas no alto e em diferentes momentos, foram capitais do País, seus portos são importantes numa economia mercantil de importação e exportação. Tanto no Rio Como em Salvador, são realizadas intervenções que não se identificam com a hausmannização. Essas das cidades começam a sentir os efeitos de um rápido crescimento da população, e além de um plano de reforma, executa-se um plano de expansão. O objetivo no Rio de Janeiro, em Salvador e em Paris é o aburguesamento do centro e a introdução de uma nova estética.

Apesar do modelo da Paris haussmanniana ter contagiado inúmeras cidades ao redor do mundo, o processo do Rio não pode ser considerado como haussmanniazação, pelo fato de sua realidade ser totalmente distinta da de Paris e por conter elementos que não se encontram na reforma parisiense. Desta forma, o processo de reformas urbanas do Rio de Janeiro pode ser considerado como uma adaptação do modelo francês aos trópicos.

Na cidade de Salvador o processo ocorrido é bem parecido, pois existe o mesmo desejo de apagar a imagem de cidade colonial, assim, se utilizam do modelo do Rio, por ser mais próxima e acessível e o adapta à suas condições estruturais e financeiras.

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Posfácio

E ASSIM SE PASSARAM 100 ANOS

O renascimento dos centros urbanos tradicionais das grandes cidades passa a fazer parte do paradigma do desenvolvimento sustentável, a partir do final do século XX. A revitalização das áreas centrais através da reutilização do patrimônio existente depende da viabilidade do sistema. Nas intervenções nos waterfronts de Baltimore, de Boston e de Nova Iorque, assim como nos casos europeus que se tornam paradigmáticos, procuram a recuperação de ambientes já existentes que sejam históricos, através da criação de equipamentos culturais, como âncoras do projeto. Espaços públicos são objetos de projetos primorosamente desenhados, onde se realizam ações de animação cultural.

No Brasil, as cidades de Salvador e do Rio de Janeiro, investem mais intensamente na renovação de seus centros tradicionais, a partir 1980, após várias tentativas e projetos em anos anteriores, as cidades de Salvador e do Rio de Janeiro no Brasil, têm histórias urbanas muito próximas, ambas se fundam a princípios da colonização portuguesa, a primeira foi fundada em 1549 e a segunda em 1565, já nascem com o título de cidade, situadas em acrópole, mas que se desenvolvem também na parte baixa, com boa visibilidade tanto para a proteção do que vem do mar como do que vem do interior da terra. São tidas como “fortalezas de proteção” do território português e foram capitais do Brasil, por aproximadamente, 200 anos cada uma, até o ano de 1888, tiveram a mão-de-obra escrava, iniciaram no século XIX, um processo de industrialização que não se desenvolve. As cidades portuárias tinham um comércio de importação e exportação, onde se constituía a base central da economia. Em tempos atuais, são cidades de grande atrativo turístico, capitais de seus estados, que mantêm suas funções administrativas, políticas, portuárias, comerciais, empresariais e de serviços.

A formação dos dois centros:

- Rio de Janeiro

Os centros do Rio e de Salvador foram objetos de reformas urbanas de caráter academicista no início do século XX. Então, se tratando do Rio de Janeiro podemos dizer:

Foi em 1902, que Rodrigues Alves assume a Presidência da República (1902 até 1906), com o projeto de modernizar o Brasil e sua capital, desconstruindo seu aspecto colonial. Suas prioridades são: o saneamento da cidade e a modernização do porto, facilitando o comércio do café e a imigração da mão-de-obra necessária ao desenvolvimento econômico. É de suma importância criar um novo espaço urbano, com a finalidade de facilitar a circulação das pessoas e das mercadorias, com o controle urbano, que têm seu fim na reestruturação do porto, na abertura de avenidas e alargamento de ruas, além de criar uma nova capital que represente o país, com valores e modos de vida cosmopolitas e modernos. O reajuste do espaço traz uma nova organização social, adequando sua forma às necessidades de criação, concentração e acumulação de capital, já que economia brasileira se integra cada vez mais, no contexto do capitalismo internacional. Ocorre a negação de sua herança colonial, de seu passado escravista, de sua negritude, então após as reformas, o novo centro do Rio já não abriga residências, a não ser em seus espaços periféricos como Gamboa, Santo Cristo, Cidade Nova, Lapa e outras, mas mantém todas as funções de centro e de capital do país. A grande valorização do solo, no Centro, faz pressão para que se amplie a sua área.

Em 1920, a zona central do Rio, sofre mais mudanças, como a conclusão do desmonte do Morro do Castelo, que abre a possibilidade da criação de novos espaços, uma esplanada e a utilização da terra para

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