A Cidade Jardim
Por: Carolina234 • 27/11/2018 • 4.955 Palavras (20 Páginas) • 317 Visualizações
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retratada pela famosa gravura Gustave Doré, documentando a falta de espaço nas construções. A rua transforma-se em outras coisas em estar e loja.
Fonte: Ragon, Michel. Op
Já a classe operária instalava-se em becos estreitos, com pouca ventilação e iluminação. Os cortiços ficavam superlotados e algumas pessoas tinham que se acomodar pelas ruas. O sistema de higiene era precário, com valas a céu aberto contaminando os cursos de água mais próximos. Além disso, os salários eram deficientes, o que implicava em desnutrição e faltam vestimentas. Logo, esse quadro tem por consequência grandes epidemias e surtos de cólera se expandem pelas cidades, após 1830.
Figura 3: Habitações operárias.
Fonte: HOWARD, Ebenezer. Cidades-Jardins de amanhã. São Paulo: Hucitec, 1996.
Em resposta a essa situação de Londres e diversas grandes cidades começaram a serem apresentadas novas propostas de modelos de comunidade. Visto isso, em 1817, Robert Owen (1771- 1858), empresário e político bem-sucedido que introduziu com sucesso inovações em sua fábrica de fiações na Escócia, propõe a cidade da harmonia e com cooperação, com população por 1200 habitantes, destinada não só a indústria como também a produção agrícola e sua parte central ligada à habitação, serviços comunitários e administração seria transposta pela natureza próxima. Tal comunidade seria autossuficiente, na qual o excedente da produção da comunidade, depois de suprir todas suas necessidades básicas, poderia ser negociado.
Atingindo-se o limite populacional, novas unidades semelhantes seriam formadas. Esse modelo proposto por Owen foi chamado de Cidade Industrial e tais atividades, fizeram do empresário pioneiro do cooperativismo e socialismo.
Figura 5: Cidade Industrial de Robert Owen.
Fonte: HOWARD, Ebenezer. Cidades-Jardins de amanhã. São Paulo: Hucitec, 1996.
Figura 6: Cidade Industrial de Robert Owen. Vista de várias unidades se multiplicando no campo.
Fonte: HOWARD, Ebenezer. Cidades-Jardins de amanhã. São Paulo: Hucitec, 1996
Já na França, um contemporâneo de Owen e difusor da ideia, Charles Fourier, Ele acreditava que quando a humanidade atingisse sua fase mais elevada de desenvolvimento, iria viver em locais chamados Falanstérios (1822), de forma comunal.
O Falanstério consiste em um Palácio Social, que abriga dormitórios, refeitórios, biblioteca e, nas alas centrais, igreja, bolsa de valores, teatro, telégrafo e torre de controle. E no seu entorno, terras destinadas à pastagem e cultivo.
Figura 7: O falanstério de Fourier. “Palácio Social”.
Fonte: clasicoshistoria.blogspot.com
Jean-Baptiste Godin (1817-79) coloca em prática as ideias de Fourier com um modelo muito parecido com o desenvolvido por tal. Godin constrói um familistério em Guise, junto com seu empreendimento empresarial. O Familistério a exemplo dos falanstérios, havia o necessário para as famílias que ali moravam, considerando principalmente a educação. A atenção especial ao ensino era dada desde a creche até a formação de futuros trabalhadores e dirigentes de empreendimento que em 1880, passam a gerir a cooperativa formada por Godin, para dar continuidade ao funcionamento da fundição.
Porém, devido suas escalas reduzidas, esses modelos não são considerados uma nova cidade, podendo ser classificados como grandes comunidades ou bairros autônomos.
Na metade do século, dois fatores marcantes se definem na configuração das cidades industriais e no seu planejamento, a ferrovia e a criação das leis sanitárias. O sistema ferroviário tem como resultado a marcação dos espaços e conecta o centro a outras áreas de habitação, modificando a escala do uso da região.
Um dos principais fatores que deram origem ao planejamento urbano moderno, foram as leis que visavam regular as péssimas condições de higiene. A lei de agosto de 1848 possibilitou real atuação sobre a realidade urbana vigente da época, sendo precursora de outras leis, em especial, a de 1866, que introduziu a ideia de desapropriação com valores abaixo do mercado, fundamental para os programas do planejamento urbano. Os primeiros instrumentos práticos do urbanismo moderno são as leis sanitárias.
Tendo em vista os problemas vigentes da época, intelectuais começaram a desenvolver novas ideias e projetos que tinham como objetivo proporcionar um desenvolvimento das cidades inglesas, de uma maneira correta, levando em consideração a infraestrutura das cidades trazendo uma ideia socialista reformista. Uma das obras de enorme importância do urbanismo e da urbanização foi a Cidade Jardim do idealizador Ebenezer Howard.
2. A CIDADE JARDIM - O PENSAMENTO DE E. HOWARD
O antagonismo à baixa qualidade de vida nas cidades, bem como aos processos de exploração da natureza de cunho importante exercidas pela agricultura e pecuária (nos EUA), originou o movimento conservacionista do “Parks Movement”, o qual teve como principal fonte de inspiração os obras de Geoge Perkins Marsh e Henry David Thoureau.(...)
(...) O surgimento dos parques urbanos e a aspiração ao verde acabou por inspirar a famosa criação de Ebnezer Howard, “A Cidade Jardim”, e seus conhecidos desdobramentos na história do urbanismo, os quais podem ser considerados como consequências do “Parks Movement”.
Maria de Assunção Ribeiro Franco - Desenho ambiental: uma introdução à arquitetura da paisagem com o paradigma ecológico (1997, p.82 e p.83).
Ebenezer Howard (1850-1928) tornou-se militante do movimento socialista inglês a partir 1878, e autodidata, foi um pensador reformista que ao observar as condições de vida da cidade liberal, propõe uma alternativa aos problemas urbanos e rurais que então se apresentavam. Em seu livro publicado originalmente em 1898, “Garden-cities of To-morrow”, apresentava um breve diagnóstico sobre a superpopulação das cidades pós-revolução industrial e suas consequências.
Devido ao seu pensamento voltado, principalmente, para as necessidades básicas da sociedade, buscou conceber
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