Elaboração, Análise e Avaliação de Projetos
Por: kamys17 • 30/1/2018 • 4.407 Palavras (18 Páginas) • 317 Visualizações
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“O projeto é o veículo que transporta uma ideia do conceito à realidade”
Tim Brown
2.1 Questões Iniciais
O primeiro passo no presente projeto foi buscar responder à algumas perguntas iniciais tal como proposto por Thiry-Cherques e Hermano Roberto (2012):
- O que o projeto que vamos configurar irá gerar? Um produto? Um serviço? Uma ideia? Qual?
- Quais os beneficiários potenciais do resultado do projeto?
- Em que área geográfica iremos trabalhar? Ou seja, o projeto é local, regional, nacional, internacional?
- Quem poderá ter interesse em apoiar e financiar o projeto?
- Em quanto tempo aproximadamente o projeto estará concluído?
- Existem outros projetos com o mesmo propósito?
- Tomando em conta as respostas às questões: vale a pena iniciarmos a configuração do projeto?
Brainstorming inicial
Brainstorming é uma técnica usada para estimular o pensamento criativo e gerar novas ideias; um processo formal que pode ser usado de modo estruturado ou não. Seu principal objetivo é gerar um alto número de ideias de modo criativo e eficiente e principalmente, livre de críticas. É muito usado na identificação de riscos e resolução de problemas.
Os principais benefícios são o fato de encorajar a participação de todos presentes; permitir que os participantes complementem as ideias uns dos outros e, por fim, estimular soluções mais criativas. Para que um brainstorming seja efetivo geralmente as seguintes regras são alinhadas entre os envolvidos: 1. Nenhuma crítica é permitida; 2. Permita sua imaginação viajar; 3. Nenhuma ideia é ruim; 4. Arrisque-se; 5. Transforme e combine ideias.
O brainstorming realizado pelos membros do grupo convergiu para duas possibilidades. A primeira, um capacete “anti chuva” com um mini limpador de parabrisas embutido; já a segunda, inspirada pela solução da planta de lótus (Nelumbo nucifera).
A planta de lótus possui nanocristais hidrofóbicos de cera na superfície de suas folhas de forma que as gotas que caem em suas folhas têm formato quase perfeitamente esférico e deslizam com facilidade, levando consigo sujeiras e microrganismos. Esse fenômeno, denominado “efeito lótus” já serviu de inspiração para o desenvolvimento de tintas, vidros e tecidos autolimpantes, bem como de equipamentos eletrônicos à prova de água, segundo a bióloga Janine Benyus, durante o Simpósio Internacional de Biomimética & Ecodesign, realizado pela FAPESP e pela Natura em abril de 2013.
Dessa forma, influenciados pela biomimética, ciência emergente com foco nos modelos e soluções da natureza, chegamos à proposta de uma viseira autolimpante para capacetes de motociclistas bioinspirada pelo “efeito lótus”.
2.2 Motivação
As razões que levaram à configuração deste projeto dizem respeito principalmente a:
- A criação de uma oportunidade de mercado ao trazer novas tecnologias para o segmento de itens de segurança voltados aos motociclistas;
- À dimensão e relevância do possível público-alvo, caracterizado pela frota circulante de veículos de duas rodas no país;
- O impacto social, financeiro e econômico que a ineficácia dos itens de segurança para motociclistas gera vinculado ao número cada vez maior de acidentes de trânsito com vítimas;
- A estagnação das inovações tanto incrementais quanto disruptivas no segmento de itens de segurança, em especial para motociclistas.
2.3 Identificação do problema
Segundo dados do Denatran, o crescimento da frota circulante no Brasil para veículos de duas rodas a motor no período de 1998 a 2015 foi de 770,15% contra 272,26% da frota geral, além de uma média diária de quase 6000 emplacamentos em dezembro de 2015. Tal crescimento pode ser associado às mudanças da situação econômica dos últimos anos, bem como a dificuldade de mobilidade urbana em grandes cidades e também ao fato de ser um bem de consumo de menor valor, tornando-o mais acessível em relação a outros tipos de veículos que compõe a frota geral.
Apesar de esse crescimento estrutural não explicar de forma isolada o aumento no número de acidentes (estimado pelo Ministério da Saúde em 115% no período entre 2009 e 2015), é uma das variáveis críticas no que diz respeito ao crescimento da morbimortalidade pelos acidentes envolvendo motociclistas, realidade que afeta instituições de trânsito, transporte e saúde. O custo econômico-financeiro gira em torno dos R$30 milhões anuais ao Sistema Único de Saúde - SUS, além do custo de 12 mil vidas por ano para a sociedade brasileira.
Segundo Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes (VIVA 2011), que traça o perfil das vítimas de violências e acidentes atendidas em serviços de urgência e emergência do Sistema Único de Saúde em capitais brasileiras, 78,76% das vítimas de acidente de transporte terrestre envolvendo motociclista são homens, na faixa etária de 20 a 39 anos. Segundo o Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Cândido Mendes e da Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil do Rio de Janeiro, 85% dos compradores de motos pertencem às classes C, D e E, ou seja, são homens jovens, negros e pobres (perfil que coincide com as maiores vítimas de homicídio). E o estudo “Mortos e Feridos sobre Duas Rodas: estudo sobre a acidentalidade e o motociclista em São Paulo”, de Heloísa Martins e Eduardo Biavati, diz que quem de fato morre nas noites e madrugadas sobre duas rodas em São Paulo, por exemplo, são frentistas, garçons, manobristas, motoristas, porteiros, seguranças e vigilantes, ajudantes gerais, mecânicos, eletricistas e pedreiros e não motociclistas profissionais, que representam cerca de 8% das vítimas.
“Os acidentes pegam uma faixa etária delicada da população. Para um país que está envelhecendo, essas pessoas impactam muito, já que estão em sua idade produtiva. Esses acidentes interferem no sistema de saúde, na previdência, no trabalho e, principalmente, na vida pessoal do indivíduo”
Arthur Chioro, ex-ministro da
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