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Sustentabilidade na Cafeicultura

Por:   •  23/1/2018  •  2.928 Palavras (12 Páginas)  •  307 Visualizações

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conceitos de produtos, métodos e processos de produção, ligados à sustentabilidade, isto é, questões sociais, ambientais e econômicas analisadas sob o mesmo prisma.

A origem do conceito de desenvolvimento sustentável encontra-se nas preparações para a Conferência sobre Meio Ambiente Humano, também conhecida como Conferência de Estocolmo, 1972, em que se cria o termo “ecodesenvolvimento”. Esse termo ganha nova roupagem com o Relatório Brundtland (Nosso Futuro Comum), 1987, em que se estabelece o conceito do termo “desenvolvimento sustentável”, que seria aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as futuras gerações atenderem às suas próprias necessidades (VARELLA, 2003, p.32).

Em meados de 1980 cria-se o termo “agricultura sustentável” como uma alternativa à agricultura moderna que, na visão de vários autores, estava associada à degradação ambiental, à contaminação dos recursos hídricos e à erosão dos solos, dentre outros problemas. De acordo com Hirata (2002),

Estes fatos fizeram com que houvesse uma revalorização de propostas alternativas de agricultura. Até mesmo setores tradicionalmente avessos às questões ambientais e críticos dos métodos alternativos, passaram a defender a legitimidade da agricultura sustentável. Este movimento foi reforçado com a publicação do relatório Brundtland em 1987 e a realização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio – 92), que ajudaram a disseminar o ideal da sustentabilidade em nível mundial, fazendo com que organismos internacionais, como a ONU e o Banco Mundial, também apoiassem este novo ideal.

De acordo com Souza (2008, p.18) utilizando-se a definição de desenvolvimento sustentável na cafeicultura, tem-se o termo “cafés sustentáveis”, que define “uma produção realizada com o tratamento digno dos trabalhadores, com práticas comerciais justas, com sistemas de posse de terra que não prejudiquem os cafeicultores, com a redução dos impactos sobre o meio ambiente, visando também à rentabilidade econômica do setor”.

A sustentabilidade, então, envolve vários aspectos, como questões ambientais, sociais, trabalhistas, comerciais e econômicas, que devem ser geridas de maneira harmônica e eficiente pelos empresários rurais.

Por certo muitos produtores administram suas propriedades de maneira eficiente, e não só no ambiente operacional (porteira para dentro), entretanto, a grande maioria ainda precisa aprender a administrar com eficiência sua empresa agrícola, com planejamento, direção, controle e organização, para sobreviver ao novo ambiente do agronegócio.

De acordo com Sette (2007)

O controle é a função do processo administrativo que verifica se ações estão sendo desempenhadas corretamente e se os objetivos estão sendo alcançados. É uma atividade contínua que deve propor as correções necessárias em tempo oportuno. Para a execução das ações de controle, deve-se: estabelecer padrões, medir desempenho, comparar o desempenho com o padrão estabelecido, identificar causa da situação e agir corretamente.

Ainda, de acordo com uma pesquisa sobre o perfil do cafeicultor, coordenada pela professora Maria Sylvia Saes (2008), com 410 produtores,

A grande maioria dos produtores (78%) gere diretamente a sua propriedade, 14% contrata gerente/administrador e 8% das propriedades são administradas por familiares. Apenas em 4% dos casos o cônjuge tem trabalho remunerado na propriedade contra 20% que trabalha sem remuneração. 42% possuem trabalho remunerado fora da propriedade e 34% não trabalham. Quase a metade dos filhos dos produtores não trabalha (44,8%); 37% trabalham fora da propriedade e 18% trabalham na propriedade.

Vários estudos sobre gestão das propriedades rurais têm sido feitos, pois, como acreditam Guimarães e Holanda Júnior (2008), está “cada vez mais claro que um dos grandes problemas que a atividade agropecuária enfrenta é a falta de conhecimentos básicos na área gerencial.”.

Tais conhecimentos, para os autores supracitados, são extremamente necessários para o bom funcionamento das propriedades e para que elas atuem de maneira “menos amadora e mais profissional, buscando levar a atividade a uma condição mais sustentável e mais preparada para o mercado.”.

Segundo Patrício e Petek (2007, p.39),

O desenvolvimento de uma cafeicultura sustentável no Brasil passa pelo aumento da rentabilidade do produtor, como forma de garantir sua permanência na atividade. Isso depende de sistemas de cultivo estáveis, que proporcionem maior longevidade para as lavouras e rentabilidade freqüente.

Com propriedades bem geridas e organizadas, é possível avaliar de maneira concreta qual seria a melhor forma de inserir na fazenda os princípios da sustentabilidade. De acordo com as discussões de seminário realizado em Poços de Caldas sobre produção, comercialização e consumo de cafés sustentáveis certificados, publicadas pelo Jornal do Café (2008),

O cenário mostra que o consumidor exige cada vez mais alimentos sadios e ausentes de resíduos. As cadeias de distribuidores e supermercados, por sua vez, passam a levar em consideração o nível de resíduos de defensivos, respeito ao meio ambiente e às condições de trabalho, higiene e saúde.

E, para Sérgio Parreiras Pereira (2008), pesquisador científico do IAC e coordenador da comissão organizadora do evento, “para se acessar esse mercado de produtos diferenciados, com alto valor agregado, é exigida a comprovação da gestão socioambiental como garantia de negócio sustentável”.

Ademais, o seminário fala também da necessidade de se estabelecerem políticas públicas setoriais, pretendendo-se com isso uma maior inserção de cafeicultores na produção e comercialização de cafés certificados, e em programas de marketing que mostrem ao mercado externo que o Brasil não produz somente café tipo Santos , mas cafés sustentáveis de excelente qualidade.

De acordo com Bliska, Pereira e Matthiesen (2008, p.62), existem no Brasil “programas já em andamento, os quais propõem a valorização de cafés diferenciados a partir de estratégias de mercado bem construídas”. Além disso, falam sobre o PCS – Programa Cafés Sustentáveis do Brasil, realizado pela ABIC, que tem a parceria de produtores, cooperativas e indústria, e que certifica cafés que apresentem características sustentáveis e qualidade em todo seu processo produtivo.

Existem também programas que incentivam e promovem a sustentabilidade da cafeicultura, como é o

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