Vida e Obra Rorschach
Por: Lidieisa • 4/11/2018 • 4.291 Palavras (18 Páginas) • 347 Visualizações
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No Brasil, um dos primeiros nomes ligados à prova de Rorschach é o do psiquiatra Aníbal Silveira (1902-1979). Silveira passou a utilizar e a sistematizar a prova de Rorschach desenvolvendo uma concepção própria, a qual considera a prova não só como um exame psicológico, mas como um recurso sutil para investigar as interações existentes entre as funções subjetivas e para caracterizar o processo de adaptação do indivíduo ao ambiente físico e social.
A partir de 1945, um grupo de especialistas brasileiros do Hospital do Juqueri em São Paulo, se reúne para trocar experiências e aprofundar seus conhecimentos sobre a técnica criando em 1952, a Sociedade Rorschach de São Paulo – tendo como fundador o Dr. Aníbal Silveira, que já estudava esta prova desde 1927. Seus trabalhos sobre o teste são vastos; até 1963 apresentava 112 títulos abordando o Psicodiagnóstico de Rorschach. Em suas mãos, este instrumento de análise permitiu elucidar quadros clínicos psiquiátricos, distúrbios psicológicos e até mesmo desordens estruturais e funcionais do sistema nervoso. É sua sistematização que adotamos no curso.
HISTÓRICO E OBJETIVO DA TÉCNICA
1884 – Nasce Hermann Rorschach em Zurique
1909 – Forma-se médico psiquiatra em Zurique
1910 – Casa-se com Olga Stempelin e tem 2 filhos
1912 – Apresenta sua tese “Alucinações Reflexas e Fenômenos Associados”
1918 – Elaboração das pranchas
1921 – Publicação do livro “Psicodiagnóstico”
1922 – Morre de peritonite aguda inoperável aos 38 anos
1932 -- 1952 – Introduzido no Brasil (Hospital do Juqueri)
MÉTODO DE RORSCHACH
“O Método de Rorschach é classificado entre as técnicas projetivas, porque se fundamenta no conceito de projeção”.
Rorschach utilizou manchas fortuitas de tinta para a investigação da personalidade. Seu alvo era descobrir “como”, antes de “o que” a pessoa experimenta.
O Método de Rorschach, em 1921, é composto por 10 pranchas. Cada uma delas apresenta manchas de tinta ambíguas, mas que, na realidade, reúnem os inúmeros estímulos psicofísicos que continuamente afluem ao cérebro humano, no curso das relações que o indivíduo mantém com o ambiente. Nas diferentes pranchas, esses estímulos se estruturam de modo diferente facilitando a evocação de diferentes imagens mentais.
Olhando para cada uma delas, o examinando deverá elaborar respostas a partir das imagens que lhe ocorrem, em função de suas experiências passadas e de seu modo pessoal de reagir e organizar as situações. Estas características ambíguas facilitam a rápida associação, intencional ou involuntária, com imagens mentais que, por sua vez, fazem parte de um complexo de representações que envolvem idéias ou afetos, mobilizando a memória.
O Psicodiagnóstico de Rorschach, desse modo, permite o exame dos processos psíquicos superiores tais como memória, atenção, percepção, pensamento, emoção e comunicação. A combinação específica desses processos na prova de Rorschach fornece informações válidas sobre a dinâmica e estrutura de personalidade e os processos psicológicos por ela mobilizados.
Assim, no caso das pranchas do Rorschach, a organização de personalidade do indivíduo está intimamente associada à maneira como o indivíduo observa, elabora e comunica o que percebeu nas manchas (objetos externos). Deve-se ressaltar, então, que quanto maior for a ambigüidade do estímulo oferecido ao indivíduo, maior a possibilidade deste projetar suas características singulares e intrínsecas de seu jeito de ser frente ao mundo.
Portanto, o indivíduo vai projetar no protocolo sua forma peculiar de organizar as imagens psíquicas. Desta maneira, projeta o modo como percebe e sente o mundo exterior, a forma como elabora suas experiências e o jeito de contatar a realidade.
A Prova de Rorschach é um instrumento de personalidade que permite avaliar uma gama ampla e profunda quer das características pessoais, quer do aspecto emocional do examinando. Desta forma, uma vez que o psicólogo tenha propriedade das indicações, contra-indicações e dos processos psíquicos mobilizados durante o exame, sua aplicabilidade depende das circunstâncias externas e da criatividade e profissionalismo do especialista em Rorschach. Neste sentido, há um "sem fim" de campos dentro dos quais a Prova de Rorschach pode alcançar sua aplicabilidade. Portanto, a utilização do Método de Rorschach por um clínico, supõe competência teórica e experiência profissional consistente para a análise e interpretação do psicograma.
TÉCNICA DE APLICAÇÃO
FASE DE ASSOCIAÇÃO
A fase de Associação corresponde ao momento de construção livre de respostas frente aos estímulos da prancha.
A aplicação da Prova de Rorschach é feita individualmente, não havendo aplicação em grupo. Na aplicação, as lâminas são apresentadas uma de cada vez, sendo solicitado ao examinando que diga com o que acredita serem parecidos os borrões de tinta. Diante deste convite à contemplação e associação aos borrões impressos nas pranchas, hipóteses de respostas são ativadas, colocando à prova as funções psíquicas de percepção, atenção, julgamento crítico, simbolização e linguagem. Concomitantemente à execução destas funções psíquicas na avaliação das hipóteses frente às manchas, os processos psíquicos afetivo-emocionais, motores-conativos e os cognitivos concorrem para a formulação final da resposta.
A Prova de Rorschach pode ser aplicada em qualquer pessoa (desde que tenha condições de se expressar verbalmente e que tenha suficiente acuidade visual), de qualquer faixa etária e qualquer nível sócio-econômico-cultural. Como o propósito do exame é verificar a estrutura e a dinâmica da personalidade de cada examinando em particular, indicando não só as dificuldades, mas também os recursos positivos, não existem respostas certas ou erradas, pois as pessoas são diferentes e emitem respostas diferentes. Neste sentido, qualquer tentativa do examinando de conduzir suas respostas de acordo com manuais ou orientações externas está fadada ao fracasso,
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