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TRAÇOS DE PERSONALIDADE E IMAGEM CORPORAL EM PACIENTES PRÉ E PÓS CIRURGIA BARIATRICA

Por:   •  26/9/2018  •  1.836 Palavras (8 Páginas)  •  428 Visualizações

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Boscatto, Duarte e Gomes (2011) salientam que, após a cirurgia bariátrica, pacientes encontram dificuldades para manter sua massa corporal dentro do padrão recomendado, podendo surgir diversas complicações de ordem metabólica, o que pode acontecer devido à falta de informações e acompanhamento adequado para que o paciente consiga se adaptar a um novo estilo de vida, ou seja, uma real mudança de percepção do comportamento para atividade física, alimentação, saúde, entre outros.

A psicologia se torna uma ajuda importante aos pacientes para que possam refletir sobre sua nova condição corporal e necessidade de adaptações, principalmente no pós-operatório, que é o período mais difícil, visto que o desconforto e falta de adaptação atrapalham ainda mais a recuperação.

Questões como lidar com a nova aparência, as restrições alimentares para não haver nova engorda, círculos sociais, entre outras, geram no paciente um grande incômodo, uma vez que os fatores que o levaram à obesidade foram os transtornos alimentares como a compulsão por comida e vida social desregrada. Além disso, também surgem questões de ordem psicossomática, como a inabilidade em reconhecer suas emoções, distinguindo sensações corporais e emoções (Oliveira & Yoshida, 2009).

Os fatores psíquicos antes, durante e depois da cirurgia devem ser considerados, pois a saúde mental dos pacientes pode ajudar a definir se o tratamento será um sucesso ou um fracasso, visto que obesos em tratamento apresentam maiores níveis de sintomas depressivos, ansiedade, transtornos alimentares, e de personalidade (Wanderley, et. al., 2010).

Para Magdaleno, Chaim e Turato (2009), os pacientes trazem consigo muita motivação após a cirurgia, uma vez que acreditam serem vencedores naquela longa e penosa caminhada vivida no decorrer do tratamento. No entanto, aos poucos a motivação dá espaço para algumas frustrações vividas ao longo do pós-operatório, como a dificuldade em ingerir poucos alimentos, vômitos recorrentes e a diminuição do prazer de se alimentar.

Alguns pacientes começam a apresentar sintomas indefinidos, como desinteresse às coisas que tinham prazer em realizar antes da cirurgia, até apresentar transtorno depressivo severo. Com isso, aumentam pouco a pouco sua impulsividade em ingestão de alimentos, por fim não conseguem seguir as orientações médicas e voltam a engordar. Nesse momento o sentimento de fracasso, e incapacidade podem colaborar para que o paciente entre em um estado acentuado de depressão e ansiedade (Magdaleno, Chaim, & Turato, 2009).

Segundo estudos do Departamento de Psiquiatria da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, muitos pacientes apresentam um histórico de transtorno de personalidade, ansiedade, depressão e transtornos de humor, antes da cirurgia, sendo a obesidade consequência e não a causa desses fatores. Há também estudos que apontam índices de depressão de nível mais elevado para pacientes pré-operatórios, sendo que após a realização da cirurgia o nível diminuiu, no entanto não é concordância entre as pesquisas sobre o assunto (Cavalcante, 2009).

Para Cavalcante (2009), do ponto de vista cognitivo-comportamental, os pacientes obesos determinam sentimentos e comportamentos, os quais geram pensamentos disfuncionais acerca do peso, alimentação e principalmente seus valores e autoimagem. Esses pensamentos vão desde, por exemplo, o de que nunca serão capazes de emagrecer até mesmo o de serem fracos, estando fadados a permanecerem obesos por toda a vida.

Além disso, a sociedade impõe, através das mídias, um mundo onde corpo magro é sinônimo de saúde, beleza e sucesso; e, em contrapartida, pessoas que sofrem com a obesidade são hostilizadas e rejeitadas. As pessoas obesas criam percepções que acabam sendo determinantes para o seu comportamento, ou seja, geram insatisfações, insegurança e se deprimem.

Há diversos pontos importantes que tratam a obesidade e seus fatores psicoambientais, são situações que merecem atenção, antes, durante e depois da cirurgia bariátrica, pois interferem diretamente na saúde mental dos pacientes.

Dessa forma este trabalho tem como objetivo avaliar traços da personalidade e a imagem corporal em pacientes obesos que estão à espera da cirurgia bariátrica e aqueles já foram submetidos ao procedimento cirúrgico.

Método

Para a realização do método foi utilizado à pesquisa quantitativa onde o propósito é investigar os traços de personalidade e imagem corporal em pacientes que já realizarão ou vão realizar o procedimento de cirurgia.

Participantes

Participaram da pesquisa 357 sujeitos que já se submeteram ou vão se submeter ao processo de cirurgia bariátrica. Todos os participantes são maiores de 18 anos de idade e a participação foi voluntaria. Dos 357 participantes 284 pessoas já realizaram o procedimento de cirurgia bariátrica em sua maioria do gênero feminino (95,8), a faixa etária predominante é entre 28 a 45 anos de idade (36,28%), escolaridade superior completa e incompleta (51,9%), de etnia caucasiana (68,6%). Dos participantes que se reportaram a pesquisa 135 fazem ou já fizeram tratamento psiquiátrico e 350 colaboradores fazem ou já fizeram tratamento psicológico, dentre os quais 15,7% fazem uso de remédio psiquiátrico e 23,8% em algum momento da vida já tentou o suicídio.

Procedimento

A pesquisa foi realizada via online por meio o Google Formulários no qual foi gerado um link para fazer a coletagem ,onde o mesmo foi compartilhado via e-mail e rede sociais online com grupos fechados de pacientes que já realizaram ou vão realizar a cirurgia bariátrica.Foi gasto aproximadamente 35 minutos para participação na pesquisa. A primeira parte consistia em ler e aceitar o termo de livre e esclarecimento. Nesta pesquisa foram utilizados três instrumentos; o primeiro trata-se Do Inventário Dimensional Clinico da Personalidade – versão triagem (IDCP-triagem): Desenvolvido a partir da versão completa do IDCP (Carvalho & Primi, 2015), cujas propriedades psicométricas demonstraram adequação na literatura prévia (eg., Carvalho, Primi & Stone, 2014; Carvalho & Primi, 2016). A versão presentemente utilizada do IDCP visa realizar triagem de pessoas com suspeita de transtornos da personalidade; porém ainda não foram encontrados estudos psicométricos

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