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Resenha do livro

Por:   •  26/1/2018  •  1.820 Palavras (8 Páginas)  •  267 Visualizações

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Muito se fala acercadas dificuldades da escola. Seja por ter vivido ou estar vivendo o cotidiano escolar, uma vez que a escola é um dos ambientes onde o indivíduo se desenvolve, ou ao menos deveria ser. É uma das instituições socializadoras dos sujeitos, onde valores e normas são mais rigidamente apresentados. E não poderia ser diferente: acredita-se que estranho seria em não se problematizar as dificuldades do sistema de ensino,pois é construindo novos conhecimentos e aperfeiçoando outros que se chegará a um objetivo comum.

Destaca-se a forma como somos apresentados aos problemas no livro, observando-os de perto e não na superficialidade como na maioria das vezes é vivido, com naturalidade.

O texto fala sobre a crise escolar e confirma através de censos a dimensão global do problema, e como as pessoas são afetadas por ela, sendo uma realidade de países desenvolvidos e outros emergentes como o nosso. Partindo de uma visão sócio-histórica, não podemos deixar de perceber um viés político na obra, mas que é necessário para explicar como somos construídos de acordo com nossa cultura, e na escola não poderia ser diferente.

O autor traz uma análise do papel seletor e classificatório que a escola e os professores têm perante os sujeitos que são considerados bons ou mau alunos, padrão que vai sendo reforçado através das séries e assim seleciona os que mais se aproximam da visão dominante apreciada pela instituição. Essa segregação provoca abandono escolar, além da culpabilização do sujeito (justificado por não ser competente o suficiente), competitividade e individualismo com a tese do esforço individual. Segundo Lane (2006), essas atitudes consolidam a separação ideológica entre trabalho manual e trabalho intelectual. Essa é uma discussão importante pois há uma supervalorização de matérias que tornam mais importante o trabalho intelectual que outros.

A escola deveria considerar que o processo de aprendizagem é pessoal e intransferível. Cada indivíduo tem um tempo e até modos diferentes para aprender. Uns tem mais facilidade, outros não. Há vários tipos de inteligências: alguns são melhores em atividades artísticas, outros com raciocínio lógico e matemático. Isso na maioria das vezes não é respeitado ou aproveitado, pois o ensino é padronizado, com tudo o que deve ser repassado. E consequência disso é a repetência e evasão escolares.

Uma das temáticas presentes na obra que também julga-se interessante comentar é sobre a maneira as crianças são parafusadas às cadeiras, com a comunicação tolhida pelo professor com o intuito de ensinar ou corrigi-las. Sabe-se que a linguagem e o aspecto motor são ferramentas importantes na mediação da criança com seu meio social.

Para Vigotski e sua perspectiva sócio-histórico-cultural, a linguagem é um instrumento imprescindível para o desenvolvimento das funções cognitivas, pois através da verbalização elas são estruturadas, favorecendo o desenvolvimento intelectual e social. A afetividade na relação escolar também é de relevância: o professor como mediador no processo de aprendizagem deve facilitar a apreensão dos conhecimentos novos e domínio dos que já estão consolidados.

Assim como Vigotski, Wallon com a teoria psicogenética da pessoa, faz críticas sobre essa imobilidade dentro do ambiente de aprendizagem, e também sobre a importância da relação professor-aluno. Sendo um teórico defensor de uma teoria integracionista, postula que a afetividade e a inteligência caminham juntas.De acordo as ideias de Wallon(2003), a escola infelizmente insiste em imobilizar a criança numa carteira, limitando justamente a fluidez das emoções e do pensamento, tão necessária para o desenvolvimento completo da pessoa.

Paulo Freire fala sobre o distanciamento que a escola tem da realidade dos estudantes, umavez que eles não veem sentido ou utilidade no que precisam aprender dos conteúdos, pois os professores não fazem adequação desse conhecimento à uma prática. É fato que isso ocorre, mas há professores que tem consciência da situação e sabem aproveitar a oportunidade ao trazer melhorias nesse aspecto com uma forma mais dinâmica e menos tradicional de demonstrar o conhecimento. No livro, os professores são representados de uma forma muito passiva(o que pode incomodar alguns leitores), como se eles não tivessem poder de transformar sua prática em algo mais adequado. Entende-se que, contextualizando pros dias atuais isso se dê por conta da desvalorização do trabalho do professor, que possui uma relação muito estreita com a maneira como ele trabalha e sua motivação pra exercer sua função.

O livro também traz enfoque para as desigualdades e a legitimação que a escola perpetua, sendo apenas mais uma peça da engrenagem do sistema capitalista. Além disso destaca as transformações sociais e suas novas práticas, com velhos objetivos e problemas. Depois conclui com algumas saídas possíveis ao trazer uma perspectiva mais participativa de alunos e professores, num processo de reciprocidade, autonomia e afetividade atendendo assim às demandas dos estudantes. Acima de tudo o autor, propõeuma comunidade escolar mais ativa, com agentes transformadores dela. É sabido a dificuldade que é mudar o sistema econômico o qual pertencemos, mas isso não quer dizer que as possibilidades são inexistentes, usando-se as ferramentas que se tem.

Os autores da obra discutem as problemáticas do ambiente de ensino e suas propostas com uma perspectiva mais profunda, diferindo dos livros tradicionais com sua maneira criativa (através de quadrinhos e ilustrações), contudo não perdendo a seriedade de suas críticas, que provocam os leitores a uma transformação que é acima de tudo social, mostrando que é possível e necessária uma revisão sobre as didáticas de ensino e aprendizagem. De uma linguagem clara e objetiva, entende-se facilmente o raciocínio dos autores e seus desdobramentos.

Recomenda-se a leitura deste livro à todos os sujeitos interessados na Educação, sejam profissionais dela (em especial estudantes e pesquisadores), sejam pais, alunos ou qualquer pessoa que queira conhecer mais de perto a realidade escolar(e até propor intervenções), uma vez

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