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Permanência Na Educação de Jovens e Adultos

Por:   •  16/1/2018  •  1.627 Palavras (7 Páginas)  •  288 Visualizações

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De acordo com Giovanetti (2005, apud OLIVEIRA, 2011),

[...] o campo da EJA atende jovens e adultos que, não tendo tido o acesso e/ou permanência na escola, em idade que lhes era de direito, retornam hoje, buscando o resgate desse direito. Nessa perspectiva, lida com sujeitos portadores de trajetórias escolares truncadas e que se encontram enredados em teias mais amplas de vulnerabilidade social. Esses sujeitos, ao mesmo tempo em que vivenciam processos de exclusão social, materializados em processos de segregação cultural, espacial, étnica e econômica, experimentam, cotidianamente, o abalo de seu sentimento de pertença social e o bloqueio de perspectivas de futuro social. As propostas de educação de jovens e adultos sob influência do ideário da educação popular, ao enfocarem esse conflito, assumem uma atitude no sentido de superar esse quadro de desigualdade social, que se faz presente nos processos escolares e não escolares.

Observamos em campo, por meio de relatos feitos em sala, vários fatores que mostram essa realidade. Muitos alunos relataram que abandonaram os estudos pelas necessidades de subsistência, deixando a escola para ingressar no mercado de trabalho, como forma de complementar a renda familiar ou quando os mesmos possuem essa responsabilidade de sustentar a família. Mas por que e em que momento esses alunos voltam? E por que muitos, depois de voltarem, desistem novamente, e retornam e desistem outra vez, mas não desistem do sonho de estudar? Segundo Prestes (2007, p. 1 apud MILETO, 2015, p.19), as “pesquisas realizadas sobre esta temática creditam o regresso do jovem e do adulto à escola às exigências do trabalho, às causas religiosas, familiares ou à necessidade de locomoção”.

Em conversas informais com alunos, muitos relataram que um dos principais motivos que levaram a voltar a estudar é a “busca por um trabalho melhor qualificado” que proporcione melhorias de sua atual situação econômica. Com a necessidade de entrada precoce no mercado de trabalho, os alunos se veem obrigados a deixarem o ensino regular e buscarem na EJA uma maneira rápida de concluir os estudos e conseguirem melhor seu currículo profissional, que exige muitas vezes, ensino médio completo. Com tal objetivo, alunos que tiveram que ingressar no mercado de trabalho e interrompeu o processo escolar, com a necessidade de se inserir no mercado de trabalho retorna aos estudos, ou se já trabalham, retornam buscando melhorias de cargo e salariais.

Outro motivo bastante relatado é que foram instigados pela busca da autonomia já que, segundo uma aluna o fato de “não saber ler e escrever me envergonha muito”, visto que o analfabetismo tem sido visto como mal a ser erradicado e a condição de analfabeto como algo de que se deva ter vergonha. Grande parte dos alunos voltou a estudar, porque desejam ter uma participação social mais ativa, não quer depender de outros para ter acesso a informações necessárias no dia a dia, reconhecendo que o espaço escolar é um lugar de aprendizado das estratégias de que necessitam para se movimentarem no mundo do trabalho e na vida social.

Duas alunas apontaram que tiveram de se afastado no cotidiano escolar ainda na adolescência para ingressarem no mercado de trabalho, cuidar dos filhos e atividades domésticas, assim como, devido as sucessivas mudanças de residências, condições financeiras precárias, ausência de creche nas comunidades próximas a seu bairro, proibição por parte do marido ou dos pais, retornando agora em busca de adquirir conhecimentos, redirecionar suas trajetórias e elevar a qualidade de vida.

Outro relato bastante interessante de duas alunas aponta para a busca do retorno aos estudos como forma de atividade de socialização com outras pessoas, momento para estabelecer diálogos, conhecer outras pessoas, conversar sobre o cotidiano, construir vínculos afetivos, entre outros. Pudemos perceber também que a permanência de outras pessoas, como familiares, vizinhos e amigos representou um elemento facilitador na agregação de outros sujeitos com trajetórias escolares semelhantes, que por terem alguém mediando o contato com essa realidade, resolveram também buscar os estudos.

Dessa forma, é possível perceber as possibilidades de constituição da EJA como um dos muitos instrumentos de luta, resistência e emancipação dos saberes e vozes que insistem em não aceitar o autoritarismo de práticas que impõem diferentes formas de silenciamentos

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRAGA, Gisele M. B. Os professores da EJA face à diversidade etária discente em sala de aula. Pandora Brasil, n.32, p. 1-13, 2011. Disponível em: . Acesso em: 28 de maio de 2015.

CUNHA, Cybelle R. C. SOUZA, João F. O tratamento pedagógico da diversidade cultural na EJA. 2014. Disponível em: . Acesso em: 16 de maio de 2015.

MILETO, Luís Fernando Monteiro. “No mesmo barco, dando força, um ajuda o outro a não desistir” – Estratégias e trajetórias de permanência na Educação de Jovens e Adultos. 2009. Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Educação da Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2009. 216 f. Disponível em:

20monteiro%20mileto.pdf> Acesso em: 03/03/2016.

OLIVEIRA, Paula Cristina Silva. Alfabetizandos/as na EJA: As razões da permanência nos estudos. 2011. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação: Conhecimento e Inclusão Social da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2011. 140f. Disponível : Acesso em: 03/03/2016.

SOUZA, Tatiane Almeida de. VILLAÇA, Bárbara Viana. “A convivência

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