PORTIFOLIO: DEPENDENCIA QUÍMICA DIFERENTES VIESES
Por: Rodrigo.Claudino • 11/1/2018 • 2.964 Palavras (12 Páginas) • 391 Visualizações
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Entende-se como reforço positivo o aumento da frequência de resposta em função da consequência que ela produz. Ou seja, o aumento da ingestão se faz pelos efeitos que ela produz. A teoria parece ter validade ao se pensar nas estratégias de intervenção.
“Evidencias indicam que o efeito reforçador positivo das drogas e decorrente da ativação de um substrato neurobiológico comum – os sistemas dopaminérgicos mesocortilimbico. Assim, estudos de midrodialise demonstram que administração de cocaína morfina anfetamina e nicotina aumentam a liberação de dopamina no núcleo accumbis” (PLANETA E GRAEFF,pag.283).
Há de se considerar que as evidencias são baseadas em testes feitos em laboratório e mesmos que os animais utilizados possuam os mesmos circuitos anatômicos e de neurotransmissores estes pertencem a outro grupo social. Ainda admite-se que quanto menos tempo a droga permanecer no sistema nervoso central SNC mais rápido provocara uma nova auto ingestão.
VARIABILIDADE INDIVIDUAL
Os estudos caminham no sentido de encontrar genes responsáveis pela dependência. O álcool está fortemente associado à hereditariedade, já a dependência química produz estimativas de 87% e 79%. Contudo não se pensa em determinismo genético ou social novamente falamos na interação entre os fatores. (PLANETA E GRAEFF, 1999).
Pensando individualmente temos que transtornos psiquiátricos preexistentes podem levar ao uso deliberado de drogas. Depressão, esquizofrenia, síndrome do pânico e outros produzem sensações desagradáveis. Na tentativa de se esquivar ou atenuar os efeitos e que se inicia o consumo de drogas. Porém, visto os efeitos do uso continuo de algumas substâncias a linha que separa o transtorno pré-existente ao uso do provocado pelo uso torna-se muito tênue.
Outro aspecto que não poderíamos deixar de abordar e a personalidade, Pateta e Graeff (apud Claude Cloniger,1989) define personalidade como uma combinação entre caráter e temperamento.
“O temperamento refere-se a padrões de hábitos ligados a emoções, tendo alta determinação genética ( cerca de 50%)e se mantendo estável desde a infância ate a idade adulta. Já o caráter refere-se aos valores e objetivos que orientam nossas ações voluntárias. Depende muito pouco de influências genéticas, sendo determinado sobre tudo pelas experiências da primeira infância. Recebe moderada influência da aprendizagem sociocultural, e vai amadurecendo da infância ate a idade adulta”.(PLANETA E GRAFF pag.262.)
Diante dessa concepção o social e o genético se interligam.
Planeta e Graeff (1993) apontam dois opostos de personalidades envolvidos com a dependência: a antissocial e a passiva dependente. Indivíduos antissociais exibem alta impulsividade e se envolvem com mais frequência em comportamento de risco. Por precisarem sempre de estímulos novos e adrenalina optam por estimulantes como crack e cocaína ou contrário os personalidades dependentes, que esperam os outros tomarem decisões e exibem baixo grau de impulsividade acabam preferindo os sedativos hipnóticos como maconha e álcool.
VARIABILIDADE SOCIAL E FAMILIAR
Segundo Pons (1998) O sistema familiar deve ser considerado uma das chaves principais do surgimento de comportamentos desajustados ou comportamentos dependentes. Tal influência se deve ao fato de que a família se oferece como modelo para jovens e crianças. Esta passa a ser o primeiro nível de socialização.
Os jovens quando inseridos em famílias desestruturadas onde e dito que não se deve beber, no entanto alguns membros fazem uso compulsivo de álcool, tendem a se envolver cada vez mais cedo com o alcoolismo. Estudos sugerem que mais da metade dos dependentes opiaceos possuem pais dependentes.
“Além disso, a família como socialização primaria das crianças ensinou principalmente como apresentar-se a sociedade ao mesmo tempo em que depositou um elaborado sistema de restrições e permissões. A família também realiza um ensino de controles sociais através da administração de prêmios e culpa, aplicáveis as condutas que não se encaixam aos critérios descritos pela sociedade”(PONS,1998, pag.3).
Sendo assim, a família reforça e puni os comportamentos dos filhos conforme modelos sociais. Não conforme modelos internos. Mesmo que o pai provedor da família faça o uso de álcool ele ira punir o filho que se encontre na mesma direção. Raramente ira incentivar verbalmente o uso de drogas.
O segundo nível de socialização a chamada mídia e variável que depende ainda diretamente dos preceitos da primeira, a família. Ela esta constantemente determinando modelos, são apresentados imagens de pessoas bem sucedidas artistas, músicos, filmes biográficos de pessoas que fazem uso de drogas. Muitos ídolos mortos por overdose acabam enaltecidos. (BALONE, 2010).
Percebemos que Implicitamente vem sendo lançada uma ideia de que é fascinante usar drogas e continuar produzindo ou sendo pessoa de sucesso. Os comportamentos culturais fortemente atrelados aos comportamentos individuais balançam a escala de valores do sujeito.
Entretanto, a família como socialização primaria tem o poder reforçador maior capaz de anular o fator mídia. “Atitudes bem como os próprios padrões de consumo familiares podem desviar ou reforçar o efeito de gatilho do grupo de mídia ou de pares”. (PONS, 1998, pag.3)
Quanto ao comportamento em grupos ou pares o consumo passa a ser atitude de afirmação e filiação mesmo quando recriminadas pelos pais. Broecker (2007) revela que a maioria dos adolescentes que se envolvem com uso de substâncias ilícitas o fazem por sentirem-se pertencente à tribo e este sentimento passa a agregar valor preditor à dependência química.
O fator idade deve ser considerado, pois a adolescência e por si só uma fase de experimentação onde e comum que se estejam vinculados a grandes grupos, e a comportamentos de risco, porém durante a fase adulta a influência micro social ainda se faz presente. Como exemplos temos os soldados norte-americanos. Muitos fizeram o uso de drogas pra aliviar o estresse durante as guerras no Vietnã. Ao voltarem à cidade de origem após o fim da guerra quase todos abandonaram o uso. “Provavelmente devido à dificuldade de conseguir a droga, desaprovação dos familiares e empregadores e pressões legais”. (PLATETAS E GRAEFF, 1999)
Como vimos às práticas familiares são decisivas no que diz respeito à aprendizagem dos filhos, quando o assunto “drogas” e tratado abertamente
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