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CUIDADOS PALIATIVOS SOB A ÓTICA DA TRIADE TR´GICA E DO OTIMISMO TRÁGICO

Por:   •  13/11/2018  •  3.111 Palavras (13 Páginas)  •  586 Visualizações

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De acordo com os princípios, os cuidados paliativos expressam uma possibilidade de cuidado digno e humanizado em propor ausência de dor e promoção do máximo conforto possível e supressão de situações estressantes mesmo com a proximidade e iminência da morte, em particular, em casos de pacientes terminais oncológicos.

Por sua vez, a Associação Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP) (2006, p.2), de forma sublime registrou uma definição mais ampla dada pela OMS, acima citada e bem válida e oportuna, sobre os cuidados paliativos, como sendo:

Uma abordagem que visa melhorar a qualidade de vida dos doentes que enfrentam problemas decorrentes de uma doença incurável com prognostico limitado e/ou doença grave (que ameace a vida), e suas famílias, através da prevenção e alivio do sofrimento, com recurso à identificação precoce, avaliação adequada e tratamento rigoroso dos problemas não só físicos, como a dor, mas também dos psicossociais e espirituais.

Assim, deixa claro que a doença é uma ameaça a vida, ou seja, que leva a morte ao tempo em que o cuidado paliativo não objetiva somente o corpo físico, perpassa ainda pelas questões psicossociais e pelo sistema de crenças pessoais e por questões espirituais como já mencionado anteriormente.

Dessa forma, no conceito do que sejam os cuidados paliativos acaba trazendo a questão da consciência da terminalidade da vida, da finitude da vida, mas concomitantemente buscam tornar ainda mais vivos “todos os momentos que restam ao doente, tenha ele um prognostico de anos, meses, semanas, dias ou horas” numa dimensão de otimismo trágico, como se vê, logo abaixo:

É esta a sabedoria da Medicina Paliativa: saber cuidar e aliviar o sofrimento sem abreviar a vida, tornar vivos todos os momentos que restam ao doente, tenha ele um prognostico de anos, meses, semanas, dias ou horas. Ter o dom da comunicação verdadeira, do respeito absoluto à autonomia, da comunicação, capaz de entender toda a evolução da doença. Prevenir complicações estressantes, orientar os familiares e oferecer-lhes suporte diferenciado através de uma equipe multiprofissional. Manter o paciente livre de dor durante o processo de morrer e se manter ao lado até o seu ultimo instante (MACIEL apud OTERO E COSTA, 2007, p.4)

Sendo assim, os cuidados paliativos vão além do corpo do paciente, do controle da dor e outras complicações. Inclui o seu mundo, o seu social, a sua família possibilitando a troca de saberes e de afeto privilegiando a autonomia de todos os envolvidos e acima de tudo a preocupação em cuidar e aliviar o sofrimento sem abreviar a vida.

Nesse caso a equipe multidisciplinar deve estar sempre atenta e disposta a ouvir e acolher as demandas do paciente e sua família além de estar aberta ao diálogo e se relacionar de forma efetiva para que possa prestar o apoio e suporte necessários, isto é, praticar ações qualificadas com comprometimento com o outro carente de intervenção, nos últimos suspiros de vida.

Logo, a equipe multidisciplinar se faz importante pelo fato de que demonstra que nenhuma pessoa tem todas as respostas corretas para o enfrentamento de uma determinada situação, fazendo com que o trabalho coletivo tenha destaque e permita com que exista a sinergia de habilidades para assegurar o melhor cuidado, assim como não se olhará para o paciente ou para sua família sob uma única perspectiva (VASCONCELOS E AQUINO, 2015).

Melo & Caponero (2009 apud Vasconcelos e Aquino, 2015, p. 29) deixam claro que os “cuidados paliativos têm como fundamento a afirmação da vida e o enfrentamento da morte como processo normal”. Estes últimos momentos não quer dizer que serão fáceis a serem vivenciados até porque um paciente oncológico em estado terminal já que experimenta um intenso sofrimento primeiro pela dor frequente, de intensidade significativa, diária, e às vezes contínua ou já a dor crônica, algumas vezes aguda, mas porque serão motivados e encorajados a se fazer questionamentos diversos oportunizando se voltarem a algo ou alguém alem de si mesmo! O que não é fácil!

Imperioso se faz registrar para que não haja dúvida, os cuidados paliativos afirmam a vida e encaram o morrer como um processo normal, não apressam nem adiam a morte, procuram aliviar a dor e outros sintomas desconfortáveis (OMS, 2000, GRIFO MEU). A intenção seria de “proporcionar o alivio da dor e de outros sintomas, integrando os cuidado, oferecendo o suporte para que os pacientes possam viver mais ativamente possível, assim como também auxiliando a família e os cuidadores no processo de luto”, segundo Melo & Caponero (2009 apud Vasconcelos e Aquino, 2015, p. 29).

Estes cuidados ainda integram os aspectos psicossociais e espirituais nos cuidados do paciente, oferecem um sistema de apoio e ajuda aos pacientes para viver tão ativamente quanto possível até a morte (OMS, 2000). Isto quer dizer, que os últimos dias de vida são especiais e marcantes pela possibilidade de se realizarem acertos e despedidas entre o paciente e respectiva família e resoluções de pendências que ainda existam para o paciente e assim fortalecer relacionamentos com seus entes queridos (KIRA, 2008).

Na realidade, com a proximidade da morte é possível, ainda, ao paciente ter momentos de grandes descobertas de reflexões, de reconciliações e também de despedidas, de separação e a expressão de pensamentos e de sentimentos daqueles que sobrevivem a perda (MELO & CAPONERO, 2009 apud VASCONCELOS E AQUINO, 2015). O fato é que através dos cuidados paliativos a proximidade da morte não traria em si o desespero como “resultado de um sofrimento sem sentido” até porque se agregar sentido ao sofrimento, “ o desespero desaparece” (FRANKL 1991 apud OLIVEROS & KROEFF, 2014, p. 69).

Logo, os cuidados paliativos sob a ótica do otimismo trágico dignificam o transpasse do paciente terminal ao propor não só medidas que possam mitigar a dor sentida em consequência da doença, mas também por ofertar a pessoa, a oportunidade de encontrar um sentido no sofrimento vivenciado como o reatar os laços afetivos com a família e outras pessoas do seu contexto social no fim de sua vida (BRUNNER e SUDDART, 2006; SANTANA et al, 2009). Porque o ser humano é livre para tomar uma atitude diante das contingências que se descortinam.

É pertinente ressaltar que, apesar da dor e do sofrimento do paciente oncológico e da morte certa porque “um doloroso destino se apresente como imutável, esse sofrimento não só deve ser afirmado como deve ser transformado em algo significativo, numa conquista”, porque há um sentido neste sofrimento (FRANKL, 2011, p. 94). Logo,

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