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BREVE HISTÓRICO DE JUNG

Por:   •  7/10/2018  •  3.703 Palavras (15 Páginas)  •  328 Visualizações

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Segundo Grinberg (1997, p.80) apud Santana (2005, p 80) “tudo aquilo que não sabemos, e que, portanto, não está relacionado ao ego como centro do campo da consciência, é denominado inconsciente”. O inconsciente entra em contato com a consciência de diversas formas, por meio de sonhos, inspirações, desejos, entre outras. Os conteúdos reprimidos pelo ego não deixam de existir na psique, pois nada do que já foram de alguma maneira vividos deixa de existir, eles ficam contidos no que Jung nomeou inconsciente pessoal. De acordo com Silva (2012, p.4) “é uma espécie de recipiente que contém todas as atividades psíquicas e os conteúdos que não se harmonizam com a individuação ou com a função consciente”, ou seja, experiências conscientes que por algum motivo foram recalcados.

Os conteúdos do inconsciente pessoal funcionam como um banco de dados e, portanto possuem fácil acesso ao consciente quando necessário. Santana (2005, p. 16) aponta que “Uma característica muito interessante e relevante do inconsciente pessoal é a possibilidade de reunião de conteúdos para formar um aglomerado ou constelação”. Esse aglomerado ganhou o nome de complexos e Jung os descobriu por meio do método de associação de palavras. Estudando esse método Jung averiguou a existência de sentimentos, memórias e pensamentos no inconsciente, constatando também que os complexos são pequenas personalidades separadas da personalidade total, esses complexos são independentes, possuem força propulsora e atuam de modo profundo no controle dos pensamentos e comportamentos (SANTANA, 2005).

A mente por intermédio do cérebro herda as características que serão determinantes para a maneira que uma pessoa ira reagir a suas experiências de vida, determinando até quais tipos de experiência serão vivenciados. O homem possuí uma pré-configuração mental proveniente da evolução, sendo assim o homem está totalmente ligado a seu passado pessoal, ao passado de sua espécie e a longa cadeia da evolução orgânica (SANTANA, 2005).

O inconsciente coletivo por sua vez difere-se do inconsciente pessoal pelo fato de sua existência não depender da experiência pessoal, uma vez que os conteúdos do inconsciente coletivo nunca chegam à consciência. Silva (2012, p.5) elucida que “o inconsciente coletivo é um reservatório de imagens primordiais ou imagens latentes, e diz respeito ao desenvolvimento mais primitivo da psique”. Essas imagens são herdadas de nossos ancestrais, como por exemplo, medo de escuro ou de serpentes. Esses medos não precisam ser aprendidos através da experiência, tais experiências reforçam as predisposições herdadas por nossos ancestrais. (SANTANA, 2005).

O inconsciente coletivo está sempre em evolução, assim como a evolução do corpo, já que o cérebro é o principal órgão da mente, a evolução do inconsciente coletivo é proporcional à evolução do mesmo (SILVA, 2012).

Os conteúdos do consciente coletivo são denominados Arquétipos, são as estruturas inatas de cada individuo. Elian (2010, p. 20) fala que “os arquétipos são universais, isto é, todos herdam a predisposição para a produção das mesmas imagens arquetípicas básicas”. Os arquétipos são núcleos ativados, e sua principal função é organizar representações simbólicas em determinados padrões de comportamento. O arquétipo não é uma experiência que possa ser herdada, mas a capacidade de repetição dessa experiência, tornando-se símbolos visto que se revestem das experiências pessoais, tanto as conscientes como as inconscientes. (SANTANA, 2005).

Os arquétipos não são conceitos com apenas valores teóricos, pois aparecem também na experiência prática, são ao mesmo tempo imagens e emoções. Para falar de um arquétipo é necessário que imagens e emoções se realizem ao mesmo tempo, levando em consideração que quando a imagem está carregada de emoção ganha numinosidade. A numinosidade é uma das principais características do arquétipo, é considerada uma carga emocional e na intensidade que se manifesta até a consciência representa o grau de valor de uma imagem ou situação arquetípica (ELIAN, 2012).

Os arquétipos constituem no consciente coletivo estruturas separadas, no entanto eles podem formar combinações, fator que contribui para a formação da personalidade, podendo ser ativado na pessoa quando a mesma se vê próxima de uma pessoa que se assemelha com ela. Grinberg apud Santana cita um exemplo:

(...) A mãe ou a pessoa que estiver cuidando de uma criança pequena ou amamentando-a tem uma conduta própria do arquétipo da Grande Mãe. Esta é a configuração da maternidade, ou seja, representa a maneira típica como as experiências da maternidade foram acumuladas na psique humana desde tempos imemoriais. Como foi dito, essa representação universal reveste-se de peculiaridades próprias da cultura, tempo e lugar em que o arquétipo se manifesta (Grinberg, 1997, p. 39) Apud (Santana, 2008, p. 19/20).

Os arquétipos atuam de duas formas, sendo elas positivas ou negativas. As positivas fornecem criatividade, servindo como inspiração nas artes e ciências, configurando as ideias e imagens de um contexto cultural. As negativas podem demonstrar rigidez, fanatismo e possessão. Para Jung se o ego de um homem não for capaz de reconhecer o arquétipo, este produzirá um complexo projetando o outro como seu inimigo (SANTANA, 2005).

Existem numerosos tipos de arquétipos, alguns são muito importantes na modelagem da personalidade e do comportamento. São eles: persona, anima e animus, sombra e o self (si mesmo), que serão descritos a baixo.

PERSONA

A palavra persona deriva do grego e representava a máscara usada por atores para indicar o papel que representavam. Na psicologia de Jung o arquétipo da persona tem função semelhante, dá ao indivíduo a oportunidade de interpretar um personagem que necessariamente não é ele mesmo. (HALL; NORDBY, 2000) apud (SANTANA, 2005).

A persona não deve ser entendida como traço psíquico falso ou patológico de um indivíduo, já que “torna-se falso e patológico na identificação do eu com a persona, porque nisso, de o indivíduo e a sua persona tornarem-se uma mesma coisa, verifica-se o erro da máscara se fundir com o rosto do ator”. Elian (2012, p.24).

A persona é essencial para a sobrevivência, possuindo importante função de transmitir para o outro como a pessoa deseja ser vista. Santana (2005, p. 21) explica que “muitas vezes, o sucesso da adaptação social vai depender da persona adequada. Há sempre algo de individual na escolha e no delineamento da persona: a maneira como se veste

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