A Importância da Epigenética no Contexto da Psiquiatria

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a esquizofrenia e o uso da maconha. Entre os diversos fatores ambientais pesquisados, o uso da maconha e o que oferece resultados mais significativos nessa associação, no entanto a interpretação dos resultados não pode ser simplista, a descoberta da associação não necessariamente equivale a uma revelação de nexo casual entre os dois, porem ela pode ser entendida como uma evidencia de que o uso da maconha ( um fator ambiental) aumenta o risco de desenvolvimento de esquizofrenia.

Sendo assim, o antigo objetivo de discriminar fatores genéticos de fatores ambientais começa a ceder lugar a uma discussão mais complexa: como a interação dinâmica entre o ambiente e a herança genética ocorre dentro do organismo.

A noção recente da introdução da epigenética no campo psiquiátrico parece reescrever a importância de cada fator ligado aos surgimentos das patologias mentais, contribuindo assim para o surgimento de um novo modelo de explicação. A partir de estudos genéticos de investigação dos processos moleculares cerebrais, esse modelo começa a surgir e promete dar uma nova visão a difícil tarefa que a incessante busca para as causas das doenças psíquicas.

A falta de conclusão das buscas por fatores estritamente genéticos é reinterpretada a luz da epigenetica. O conceito que surgiu pela primeira vez nos anos 40 é retomado e passa a ser utilizado como um grande aliado para a formulação de um novo modelo para se explicar as doenças psíquicas, no qual a interação entre herança genética e influências ambientais são duplamente responsáveis pelo aparecimento da doença.

Essa hipótese emergente no campo psiquiátrico é menos determinista e mais probabilística. Com isso os novos modelos estão cada vez mais distantes da visão reducionistas simples e mais próximas das variações entre vulnerabilidade e resiliência que caracterizam a lógica do risco. Se a hipótese da interação entre gene/ambiente continuarem a ganhar força e se estabilizar no campo psiquiátrico como a principal suposição sobre a formação dos transtornos mentais, passaremos a considerar cada vez mais a probabilística e as outras infinitas possibilidades que cercam o risco, isso acarretará a avaliar e discutir as implicações éticas que resultam da aplicação ao entendimento das patologias mentais.

A epigenética pode estar começando a quebrar as barreiras do que entendemos como herdado e adquirido, buscando novas formas de compreender a organização das patologias mentais, e principalmente, de investigar as contribuições da biologia e do meio ambiente não como fatores excludentes, mas como variáveis integradas na construção da vulnerabilidade.