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AUTISMO, UM LADO INEXPLORADO DO SER HUMANO

Por:   •  22/1/2018  •  3.691 Palavras (15 Páginas)  •  389 Visualizações

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Dessa forma, o ‘retraimento’ apresentado pelos autistas tem sido explicado em termos de um estado crônico de excitação (HUTT & HUTT, 1968 apud BOSA; CALLIAS, 2000) ou até oscilações nesse estado que conduzem a evitação do olhar, reações negativas e retraimento da interação social, como mecanismos para controlar o excesso de estimulação.

Com o passar do tempo, outros pesquisadores também foram desenvolvendo seus estudos partindo da concepção de Kanner com algumas alterações, como por exemplo, relacionando o autismo a um déficit cognitivo, considerando-o não uma psicose e sim um distúrbio do desenvolvimento. Essa idéia do déficit cognitivo vem sendo reforçada por muitos estudiosos até os dias atuais.

Alguns pesquisadores chegaram a fazer um experimento no qual, crianças com autismo, eram comparadas a outras, relacionadas como grupos de controle, enquanto desenvolviam certa atividade e, como resultados, as crianças autistas apresentaram dificuldades e deficiências no aprendizado correto para chegar ao fim desejado, demonstrando assim maior insistência na estratégia incorreta e demonstrando um déficit maior na capacidade de planejamento para atingir uma meta (BOSA, 2000).

Com relação às causas do autismo, há uma teoria interessante, denominada “lobo frontal”, a qual sugere que:

[...] muitas das características dessa síndrome, como por exemplo, inflexibilidade (expressa através de atividades ritualizadas e repetitivas), perseveração, foco no detalhe em detrimento de um todo, dificuldade em gerar novos Tópicos durante o brinquedo de faz-de-conta e dificuldades no relacionamento interpessoal, podem ser explicadas por comprometimento no funcionamento do lobo cerebral frontal (DUNCAN, 1986 apud BOSA; CALLIAS, 2001, p. 2)

A explicação dessa teoria se dá, pois foram comprovadas as semelhanças entre os autistas e aqueles com lesão frontal, por meio de resultados do desempenho e desenvolvimento dos autistas analisados, com objetivo principal de obter noções sobre suas funções executivas.

A partir dos anos sessenta, as investigações sobre o autismo demonstram uma forte característica na deficiência no desenvolvimento do mundo simbólico e imaginativo, que em sua maioria é acompanhada de uma deficiência também mental. Neste momento, partindo da idéia inicial de Kanner de “um bom potencial cognitivo”, o autismo começou a ser compreendido não como uma psicose semelhante a esquizofrenia adulta, mas sim como “distúrbio profundo do desenvolvimento” (COLL et al, 1995).

Tais considerações são mais úteis, sob o aspecto educacional e refletem o resultado obtido do grande número de investigações acerca do assunto, estabelecendo as relações entre o desenvolvimento normal e o autista. Assim também, caracteriza-se por uma tentativa de estabelecer definições mais precisas e aceitáveis universalmente que as defendidas após Kanner.

Algumas características importantes que reforçam o comportamento autista:

Incapacidade para vincular-se de maneira ordinária com pessoas e situações; Incapacidade para adotar uma postura antecipatória frente às pessoas; Nenhuma linguagem ou incapacidade de empregar a linguagem de maneira significativa para os demais; Excelente memória mecânica; Repetição de pronomes pessoais do jeito que são ouvidos; Repetição não só das palavras como também a entonação da pessoa com quem fala; Recusa de comida; Reagem com horror a ruídos fortes e objetos em movimento; Atitudes monotamente repetitivas e necessidade de manter as coisas sempre iguais; Boa reação com objetos que lhe interessam, podendo jogar com eles durante horas; Boas potencialidades cognitivas e fisionomias inteligentes; Fisicamente, essencialmente normais; Provêm de famílias bastante inteligentes (STEFAN, 1992 apud SÃO PAULO, 2003, p. 1).

Além disso, os autistas usam as pessoas como ferramentas, protestam mudanças de rotina, não demonstram medo de situações nem objetos perigosos e algumas vezes são agressivos e até destrutivos.

É necessário ressaltar que, o diagnóstico diferencial dos quadros autísticos inclui outros distúrbios invasivos do desenvolvimento, como a síndrome de Asperger, a síndrome de Rett, transtornos desintegrativos e os quadros não especificados, diagnóstico esse que será dado pelo médico responsável auxiliado por uma equipe de especialistas terapêuticos, como psicólogos e fonoaudiólogos.

[...] os sintomas de autismo não se manifestam por igual, nem têm o mesmo significado em diferentes fases da vida das pessoas autistas. Ao considerar um distúrbio profundo do desenvolvimento, que além disso tem um caráter crônico, é necessário recorrer a uma descrição cuidadosa desse desenvolvimento. Naturalmente, existem importantes diferenças – relacionadas ao QI, ao nível lingüístico e simbólico, ao temperamento, à gravidade dos sintomas – entre uns autistas e outros, no que diz respeito às características da síndrome e às peculiaridades do desenvolvimento [...] (COOL et al, 1995, p. 278).

Portanto, para um diagnóstico clínico preciso do Autismo, a criança deve ser muito bem examinada, tanto fisicamente quanto psico-neurolinguisticamente. A avaliação deve incluir entrevistas com os pais e outros parentes interessados, observação, exame psicomental e lingüístico, algumas vezes, de exames complementares para doenças genéticas e ou hereditárias.

3 ASPECTOS EDUCACIONAIS

A educação tem um papel importantíssimo no desenvolvimento de qualquer criança, a atividade educativa tem por objetivos gerais proporcionar o desenvolvimento máximo de habilidades e competências; garantir equilíbrio pessoal; estabelecer relações significativas e até mesmo proporcionar um bem estar emocional. Isso tudo deve ser objetivo para a educação de todas as crianças, sejam elas normais ou autistas, como proposto neste trabalho.

Apesar de estes objetivos educacionais serem para todos, os autistas necessitam e modelos especiais, já que eles apresentam fortes deficiências de comunicação, interação, linguagem e atenção.

A incapacidade de desenvolver um relacionamento interpessoal se mostra na falta de resposta ao contato humano e no interesse pelas pessoas, associada a uma falha no desenvolvimento do comportamento normal, de ligação ou contato. Na infância, estas deficiências se manifestam por uma inadequação no modo de se aproximar, falta de contato visual e de resposta facial, indiferença ou aversão a afeto e contato físico (GAUDERER, 1985, p. 14).

É importante

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