HISTOPATOLOGIA DE MEXILHÕES CULTIVADOS NA PRAIA DA PONTA DO SAMBAQUI, SANTA CATARINA.
Por: Sara • 20/9/2018 • 3.184 Palavras (13 Páginas) • 337 Visualizações
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Segundo VALENTI (2000), a Maricultura é uma alternativa para atender a demanda comercial e a preservação de estoques naturais para as gerações futuras. Esta representa um dos setores que mais cresce no cenário global de produção industrial de alimentos. Dessa forma fica claro que o cultivo destes bivalves é uma excelente fonte de desenvolvimento sustentável, a qual possibilita e dá direito a famílias com um baixo poder aquisitivo ou seja, pescadores e ribeirinhos, de praticarem essa atividade sem precisarem de um capital alto para começarem o cultivo.
Os Bivalves Marinhos estão entre os animais aquáticos que mais se encaixam no cultivo com desenvolvimento sustentável, uma vez que estes não necessitam de uma renda alta para serem iniciados. Dentre todas as vantagens em se ter um cultivo de bivalves, as que mais se destacam são: que estes moluscos não necessitam de ração para sua alimentação, esta é natural, extraída do próprio ambiente em que vivem; as instalações de cultivos são bem simples e de baixo custo; há uma grande facilidade de manejo e de localização do cultivo no mar.
No Brasil, toda a produção de mexilhões é cultivada somente com a espécie nativa Perna perna, da família Mytilidae. Daí surge a denominação dada à produção de mexilhões, que se chama Mitilicultura. Em Santa Catarina a espécie Perna perna é a mais abundante e também mais apreciada pela comunidade, pois apresenta um rápido crescimento em cultivo, passando de 2 cm para 6 a 8 cm no período de 6 a 8 meses (FERREIRA & MAGALHÃES, 2004).
O cultivo dos mitilídeos e de outros bivalves marinhos estão entre as atividades de sustentabilidade que mais se desenvolve no Brasil. O Estado de Santa Catarina responde pela maior produção de mexilhão Perna perna do País (97%), sendo que no ano de 2004 produziu mais de 9.000 toneladas desse molusco. No ano de 2000 a produção deste molusco era ainda maior atingindo 11.365 toneladas, onde se observa uma elevadíssima produção se comparado aos anos anteriores. A causa principal deste problema foi a obtenção de sementes (jovens mexilhões) (EPAGRI, 2007). Já no ano de 2005 a produção catarinense de mexilhão teve um crescimento de 24,8% em relação a 2004, tendo alcançado um valor de 12.234 toneladas. Dados recentes da EPAGRI mostram que a produção de mexilhão em Santa Catarina no ano de 2006, voltou a cair com uma produção de 11.604,5 toneladas, o que representou uma queda de 5,15% em relação a 2005. Em Florianópolis essa queda foi de aproximadamente 33,68%. Para atingir o alto crescimento em 2005 foram realizadas pesquisas com coletores manufaturados, mas existe ainda a preocupação ambiental de melhorar o aproveitamento das sementes obtidas, visto que em 2006 houve uma queda, sendo preciso melhorar ainda mais esses coletores, o manejo e a qualidade ambiental. Todo o mercado catarinense e o nacional são abastecidos com um molusco nativo, ou seja, o mexilhão Perna perna, (EPAGRI, 2007).
Segundo MAGALHÃES (1998) o litoral catarinense possui hoje mais de 1.200 produtores, o que garante mais de 7.500 empregos diretos para pescadores artesanais, sendo que para muitos deles esta renda obtida do cultivo de mexilhões é a única fonte por onde tiram seu sustento do dia-à-dia.
A aceitação do mercado brasileiro vem crescendo a cada dia e a oferta tende a aumentar para suprir a necessidade dos consumidores, bem como o interesse dos mitilicultores que dependem desta renda para seu sustento e de seus familiares. O Brasil tem um potencial especial para este tipo de cultivo. Logo o Estado de Mato Grosso poderia se adequar a estes modelos de cultivos, passando a produzir e cultivar seus bivalves de água doce existentes em suas bacias hidrográficas, ou seja, em lagoas, lagos e rios, ampliando ainda mais a oferta destes moluscos com espécies diferentes das que já são comercializadas no mercado brasileiro destacando ainda as possibilidades de novos empregos que poderiam surgir com o incremento desta atividade.
Mesmo com o aumento da produção de mexilhões nas áreas de cultivo, sente-se a necessidade de estudar e discutir a respeito de perdas durante o processo produtivo. Em MAGALHÃES (1998) estas perdas podem ser ocasionadas por competidores e incrustantes, doenças e parasitas, mas principalmente por predadores e problemas de manejo. É de interesse dos mitilicultores que consigam alcançar um equilíbrio com sustentabilidade do ecossistema, para que assim possam aumentar também a produtividade por quantidade de semente utilizada na produção.
De acordo com SEED (1976) e BOWER (1992) apud MAGALHÃES (1998) e LEITE (2007) dentre todos os fatores responsáveis pela mortalidade de mexilhões, a predação aparece como fator principal, onde estes mitilídeos podem servir de alimento para outras espécies como os gastrópodes, estrelas- do- mar, siris, pássaros e peixes. Os parasitas são citados como uma das quatro principais categorias de inimigos naturais dos mexilhões. Segundo MAGALHÃES (2000) dentre os diversos grupos desses parasitas podemos destacar as bactérias, os vírus, protozoários, microalgas, fungos, poríferos, trematódeos, líquens, cnidários, turbelários, nematódeos, entre outros. Dentre todos esses parasitas os trematódeos são os organismos mais patogênicos para os mexilhões.
CHENG (1976) e MAGALHÃES (1998) define parasitismo como uma relação heteroespecífica, permanente ou temporária, durante a qual existe dependência metabólica do parasita, a menor das duas espécies, em relação ao hospedeiro. Essa dependência metabólica pode ser na forma de material nutritivo, enzimas digestivas, estímulo ao crescimento ou controle da maturação.
Surtos de enfermidades em massa têm afetado os cultivos de bivalves marinhos em todo o mundo. Em alguns locais, dependendo da quantidade e do tipo de organismos disponíveis na água onde estão sendo implantados os cultivos de mitilídeos, essas enfermidades podem se tornar um grande problema para os cultivos desta espécie ou de qualquer outro fruto do mar que habitarem este ecossistema aquático.
Para que possamos entender um pouco mais sobre essas enfermidades que atingem grandes áreas de cultivo e que prejudicam os mitilicultores com a venda e o consumo de mexilhões, destacamos aqui a definição que KINNE (1983) apud MAGALHÃES (1998) apresenta para o termo Enfermidades, como algo negativo, um desvio do estado normal de saúde de um organismo vivo. Esse sentido negativo implica em enfraquecimento, prejuízo quantificável em termos de redução do potencial ecológico. Quanto ao desvio negativo, pode ser funcional ou estrutural ou ambos. O autor acrescenta ainda que este desvio negativo possa ser devido a uma causa única ou várias
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