DO GRAU DE EXPOSIÇÃO HUMANA ÀS FUMONISINAS
Por: Victor Fazani • 9/9/2018 • Relatório de pesquisa • 3.587 Palavras (15 Páginas) • 288 Visualizações
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VICTOR HUGO MECONI FAZANI
AVALIAÇÃO DO GRAU DE EXPOSIÇÃO HUMANA ÀS FUMONISINAS
Orientador: Profa Dra Elisabete Yurie Sataque Ono
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Londrina
2017
AVALIAÇÃO DO GRAU DE EXPOSIÇÃO HUMANA ÀS FUMONISINAS
EVALUATION OF HUMAN EXPOSURE DEGREE TO FUMONISINS
Victor Hugo Meconi Fazani1; Jaqueline Bordini Gozzi2; Elisabete Yurie Sataque Ono3
Discente do curso de Química, bolsista CNPq - UEL, Departamento de Bioquímica e Biotecnologia, Centro de Ciências Exatas, Universidade Estadual de Londrina, PR.
E-mail: victor_tomorrow@hotmail.com
2Doutoranda do Departamento de Bioquímica e Biotecnologia, Centro de Ciências Exatas, Universidade Estadual de Londrina, PR.
3Profa Dra do Departamento de Bioquímica e Biotecnologia, Centro de Ciências Exatas, Universidade Estadual de Londrina, PR. E-mail: eysono@uel.br
RESUMO
Fusarium verticillioides é um patógeno primário de milho que afeta a qualidade do grão, bem como a saúde de seres humanos e animais, devido à produção de fumonisinas, um grupo de micotoxinas que está relacionado a diversos efeitos tóxicos. O objetivo deste estudo foi avaliar a contaminação por fumonisinas em milho, canjica, grits e fubá (n = 80) da safra de 2015 e calcular o grau de exposição humana por meio dos dados da ingestão de produtos derivados de milho, expressa como Ingestão Diária Estimada (IDE). A contaminação média por fumonisinas (FB1 + FB2) em milho foi de 1396 μg/kg (variação de 235,8 a 1865 µg/kg). Em endosperma, grits e fubá, as concentrações médias de fumonisinas foram de 249,1 µg/kg (variação de 117,0 a 395,4 µg/kg), 54,68 µg/kg (variação de 26,21 a 78,32 µg/kg) e de 177,5 µg/kg (variação de 27,50 a 389,4 µg/kg), respectivamente. A IDE, baseado nos dados de consumo de milho do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da concentração média de fumonisinas, foi de 0,14 µg/kg peso corpóreo/dia, o que está abaixo da Ingestão Diária Máxima Tolerada Provisória (2 µg/kg peso corpóreo/dia), indicando uma boa qualidade do milho e de seus derivados, em relação as fumonisinas.
PALAVRAS-CHAVE: fumonisinas; milho; fubá; endosperma; exposição.
ABSTRACT
Fusarium verticillioides is a primary corn pathogen that affect the quality of the grain and the health of human beings and animals due to fumonisins production, a group of mycotoxins which is a related to several toxic effects. The aim of this study was to evaluate fumonisin contamination in corn, canjica, grits and cornmeal and to calculate the human exposure degree to fumonisins through the ingestion of corn derivatives, expressed as Probable Daily Intake (PDI). Mean fumonisins contamination (FB1 + FB2) in corn was 1396 μg/kg (range 235.8 to 1865 μg/kg). In the endosperm, grits and cornmeal, mean fumonisins concentration was 249.1 μg/kg (range from 117.0 to 395.4 μg/kg), 54.68 μg/kg (range from 26.21 to 78.32 μg/kg) and 177.5 μg/kg (range from 27.50 to 389.4 μg/kg), respectively. The PDI, based on corn consumption data from the Brazilian Institute of Geography and Statistics and the mean fumonisins concentration, was 0.11 μg/kg body weight/day, which is below the Provisional Tolerated Maximum Daily Intake (2 μg/kg body weight/day), indicating a good quality of corn and its derivatives, in relation to fumonisins.
KEY - WORDS: fumonisin; maize; corn meal; endosperm; exposure.
Introdução
O milho possui um alto valor nutricional e é utilizado como a principal matéria – prima de muitos alimentos brasileiros como canjica, polenta, bolos e pães (CARDOSO, et al., 2010). O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de milho, com uma produção de 84 milhões de toneladas, sendo 15% destinado à alimentação humana (ABIMILHO, 2016). O Paraná é o segundo maior produtor nacional, responsável pela produção de 37,64 milhões de toneladas (IBGE, 2016).
A alta qualidade nutricional expõe o milho a contaminação por micro-organismos, principalmente por fungos produtores de micotoxinas, cujo crescimento é favorecido pelo clima tropical predominante no Brasil.
Micotoxinas são metabólitos secundários tóxicos produzidos por fungos filamentosos que contaminam principalmente os produtos agrícolas e derivados. Entre as micotoxinas prevalentes em culturas de milho estão as fumonisinas, produzidas principalmente por Fusarium verticillioides e F. proliferatum. As fumonisinas são compostos termoestáveis e não são destruídas durante o processamento industrial de milho, podendo permanecer em produtos industrializados (BULLERMAN; BIANCHINI, 2007).
As fumonisinas estão relacionadas a diversos efeitos tóxicos em seres humanos e animais incluindo a leucoencefalomalácia em equinos (ELEM) (MARASAS et al., 1988), edema pulmonar em suínos (ROSS et al. 1990), redução no desenvolvimento e imunossupressão em aves (NAGARAJ; WU; VESCONDER, 1994; WEIBKING et al., 1994) e ação hepatotóxica e hepatocarcinogênica em ratos (GELDERBLOM et al., 1991). Em seres humanos, estudos epidemiológicos indicam a associação das fumonisinas com o câncer esofágico e hepático primário na África do Sul (RHEEDER et al., 1992; SYDENHAM et al., 1990) e China (UENO et al., 1997) e com defeitos em tubo neural na região do Texas, México. Além disso, é classificada pela International Agency for Research on Cancer (IARC) como carcinógenos do grupo 2B, i.e., provavelmente carcinogênicos para seres humanos.
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