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Miguel Rio Branco: imagem-poema na contemporaneidade

Por:   •  30/11/2018  •  1.387 Palavras (6 Páginas)  •  423 Visualizações

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com as marcas do tempo. Ainda, outros recinhecidos autores entendem a obra de Rio Branco como sendo um diálogo com a história e a da arte, isso pelo fato das suas produções se inserirem no âmbito artístico de imagens poéticas. Dentro dessa discussão, faz-se necessário destacar que para Miguel o tempo possui um significancia, pois e ela quem acaba com as pessoas e objetos e, por isso, é passivo de ser um elemento de construção da imagem. Em um de seus trabalhos, cujo tema é Pele do tempo, o autor destac que

“O tempo teria uma pele, um envelope que cerca e separa interior de exterior, invólucro de corpo, região sensível, portadora de mensagens, espelho da alma, primeira fronteira do ser. (...) E cada cicatriz tem um tempo e uma memória guardada na subjetividade dos portadores daqueles corpos e esse tempo é toda a eternidade”.

Assim sendo, para Miguel a pele é fator determinante das evidências, que funciona como uma espécie de compartimento do tempo. Tudo se transforma ao longo dele, assim como as pessoas e objetos, tidos como paisagem na qual “a pele é uma metáfora”. A pele é também caminho pelo qual se experimenta a dor e o prazer, onde sente a vida passar. São no corpo que se encontra as ações do tempo, do homem e dos acontecimentos, as marcas (tatuagens). Como aponta Lívia Afonso (2010), “é por este viés que Miguel Rio Branco aponta reflexões sobre a forma de criação de diferentes relações do homem com o tempo por meio da fotografia”.

É importante dizer, ainda, que muitas dessas característivas acima citadas, estão presentes em muitas das obras já produzidas pelo Miguel. Em sua obra “Entre os olhos, o Deserto” o autor apresenta estas características através de obejetos abandonados no deserto, na forma aspiral que remete a noção de tempo e também na exploração da textura, aqui, estabelecida nas pinturas descascagas do teto, além disso, outros elementos visuais aparecem com naturalidade, a exemplo das pegadas, que refere-se aos vestigios de possiveis caçadas a animais e, mais uma vez, a textura dos carros expostos a ferrugem.

Por sua vez, o livro Dulce Sudor Amargo (1985) evidencia o uso de significantes estratégias de valorização de objetos banais, a presença do sofrimento e do prazer, a presença da estética que se encontra com imagens desagrádveis, contradizendo a idéia de beleza. Ainda, é possível analisar elementos já citados e que fazem uso das estratégias de Miguel , principalmente, na presença das prostituras do Maciel. Suas marcas corporais revetem a recordação, assim como os vestígios do local trazem um efeito de tempo passado. Silent Book também destaca a exploração da textura e de sinais. Desta forma, está presente de sinais do homem e do tempo: marcas, vestígios, relógios danificados e outras coisas.

Com base nas observações, conclui-se que o fotógrado Miguel se desprende de qualquer padrão de produção existente e parte para a criação de uma caractéristica única e própria, ou seja, aspectos multimediática. Pode-se, desta maneira, reafirma que para ele o mais importante é a busca pela interpretação desse novo espaço imaginário, composto por elementos como o homem, tempo, formas, corpo e pele que estabelecem realações e conexões que permitem a ele o desdobramento e criação de imagens-poema e com importantes significados.

Referencias:

CARVALHO, Maria Luiza Melo. “Some Markers in the History of BrazilianPhotography”. IN:Novas Travessias – Contemporary Brazilian Photography. Londres: Verso, 1996, p. 11-29.

Dubois, Philippe. O Ato Fotográfico. São Paulo: Papirus, 1993.

Dulce Sudor Amargo. (NOUHAUD, Jean Pierre. “Carta a um amigo da Bahia”). México D.F.: Fondo de Cultura Económica, 1985.

LOMBARDI, Kátia. Documentário imaginário: novas potencialidades da fotografia documental contemporânea. Belo Horizonte: Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da Universidade Federal de Minas Gerais, 2007.

Rouillé, Andre. A Fotografia. Entre Documento e arte contemporânea. São Paulo: Senac, 2009.

SOUZA, Jorge Pedro. Fotojornalismo: uma introdução à história, às técnicas e à linguagem da fotografia na imprensa. Lisboa: letras Contemporâneas, 2004.

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