LABORATÓRIO DE PRÁTICAS NO CONTEXTO CLÍNICO
Por: Sara • 16/12/2018 • 1.405 Palavras (6 Páginas) • 302 Visualizações
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Bustos (2001) acredita que quando a passagem pelo cluster materno acontece de maneira propicia, com o sentimento de cuidado presente, o indivíduo poderá aceitar momentos de vulnerabilidade de uma maneira saudável, caso contrário ficara um sentimento de abandono ou desamparo. A falta de auto estima é uma manifestação de que este Cluster não foi bem desenvolvido. É possível perceber que A. tem uma auto estima prejudicada “eu descrevia minha vida usando palavras alheias. Não tinha própria. E ao fim , não só não me sentia amada, como achava impossível que alguém pudesse me amar. Podia mudar minha aparência, torná-la mais aceitável, atraente, amável, mas, ao íntimo não havia nada que pudesse fazer para me salvar de minha própria feiúra.”
A. cita também sua dificuldade em estabelecer relações intímas de maneira saudável e efetiva, e que sua limitação em lidar com outro fazia com que ela se afasta dos seus pares. “Apaixonei- me por ele, mas quase imediatamente, fiquei assustada e fui dominada pelo meu desejo: como se isso fosse devorá-lo e destruí-lo. Acabei me detestando e odiando-o também. Ele ficou aflito no ínicio, depois, zangado. Não me compreendia.” Assim o fato de A. ter dificuldades relacionais, também pode ser resultado de algum prejuízo no cluster materno.
Segundo teoria de Dias (1987) o modelo do ingeridor é caracterizado pela alimentação da criança, onde ela passa a ampliar seu contato com o mundo externo. Ao mamar, a criança percebe o leite entrando em seu corpo, as cargas que a mãe passa para o filho vão dar origem ao modelo psicológico do ingeridor. Uma carga de hostilidade passará para o filho, e irá impedir que a criança esgote a sensação cinestésica de estímulo, fome embora a criança tenha se alimentado bem não se sentirá satisfeita isso tudo é registrado em seu psiquismo.
Esse registro é denominado Marca Mnêmica e contribui para organizar e diferenciar o psiquismo com vivências especificas. Quando este psiquismo não é organizado e diferenciado o resultado serão zonas porosas no Modelo do Ingeridor, prejudicando o mecanismo de satisfação do indivíduo. Essas zonas indiferenciadas impedem a boa estruturação do papel do modelo do Ingeridor, prejudicando até o mecanismo de satisfação da pessoa, e de incorporação dos conteúdos externos para si.(DIAS, 1987). A. tem uma relação com o físico e emocional prejudicada, muito provavelmente por conta da sua relação com a mãe, teve uma mãe que lhe deu cuidados, porém, a relação não foi télica, não oferece mecanismos o suficiente para seu desenvolvimento saudável.
A forma como A. se expressa e denomina seus sentimentos, usando termos geralmente ligados à alimentação, podem estar diretamente ligado ao modelo ingeridor e sua patologia, de nunca estar satisfeita. Apresenta também uma confusão entre o sentir e o perceber. Fala muito mas não sobre seus sintomas em si, e sim sobre a sua racionalização deles para diminuir a tensão interna.
Por fim a angústia de A. é diminuida, uma vez que ela consegue inverter os papéis, se envolver amorosamente de uma maneira mais saúdavel, e expressar seu desejo sem a necessidade de pertencimento forte, e começa a perceber que a sua relação com a alimentação está a prejudicando, além disso começou a participar de centros comunitários e interagir com pessoas diferentes, e ocupar suas noites livres, o que acabou por diminuir sua solidão de alguma maneira. Diz que aprendeu a achar as respostas de uma maneira mais adequada e espontânea. Achou respostas novas e mais adequadas para situações passadas.
BUSTOS, D. M. Perigo, amor à vista – Drama e psicodrama de casais. Ed. Aleph, São Paulo, 2001.
DIAS, V. R. C. Psicodrama: Teoria e Prática. Cap 1. Desenvolvimento psicológico segundo o Núcleo do Eu. São Paulo: Ágora, 1987
MORENO, Jacob Levy. O psicodrama. Seção IV. Princípios de espontaneidade - Teoria da espontaneidade do desenvolvimento infantil - São Paulo, Cultrix, 1997
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