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Sociologia : justiça,sociedade, direito ,relaçoes conflitosas e relaçoes harmoniosas

Por:   •  28/4/2018  •  7.545 Palavras (31 Páginas)  •  546 Visualizações

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desenvolvimento

“Não há democracia efetiva sem um verdadeiro poder crítico”

Nada é mais adequado que o exame para inspirar o reconhecimento dos veredictos e das hierarquias sociais que eles legitimam” pierre Bourdieu nasceu em 1930 no vilarejo de Denguin, no sudoeste da França. Fez os estudos básicos num internato em Pau, experiência que deixou nele profundas marcas negativas. Em 1951 ingressou na Faculdade de Letras, em Paris, e na Escola Normal Superior. Três anos depois, graduou-se em filosofia. Prestou serviço militar na Argélia (então colônia francesa), onde retomou a carreira acadêmica e escreveu o primeiro livro, sobre a sociedade cabila. De volta à França, assumiu a função de assistente do filósofo Raymond Aron (1905-1983) na Faculdade de Letras de Paris e, simultaneamente, filiou-se ao Centro Europeu de Sociologia, do qual veio a ser secretário-geral. Bourdieu publicou mais de 300 títulos, entre livros e artigos. Fundou as publicações Actes de la Recherche en Sciences Sociales e Liber. Em 1982, propôs a criação de uma “sociologia da sociologia” em sua aula inaugural no Collège de France, levando esse objetivo em frente nos anos seguintes. Quando morreu de câncer, em 2002, foi tema de longos perfis na imprensa européia. Um ano antes, um documentário sobre ele, Sociologia É um Esporte de Combate, havia sido um sucesso inesperado nos cinemas da França. Entre seus livros mais conhecidos estão A Distinção (1979), que trata dos julgamentos estéticos como distinção de classe, Sobre a Televisão (1996) e Contrafogos (1998), a respeito do discurso do chamado neoliberalismo. Embora a maioria dos grandes pensadores da educação tenha desenvolvido suas teorias com base numa visão crítica da escola, somente na segunda metade do século 20 surgiram questionamentos bem fundamentados sobre a neutralidade da instituição. Até ali a instrução era vista como um meio de elevação cultural mais ou menos à parte das tensões sociais. O francês Pierre Bourdieu empreendeu uma investigação sociológica do conhecimento que detectou um jogo de dominação e reprodução de valores.

Suas pesquisas exerceram forte influência nos ambientes jurídicos das décadas de 1970 e 1980. “Desde então, as teorias de reprodução foram criticadas por exagerar a visão pessimista direito e justiça , “Vários autores passaram a mostrar que nem sempre as desigualdades sociais se reproduzem completamente no convívio social .” Na essência, contudo, as conclusões de Bourdieu não foram contestadas. Na mesma época em que as restrições a sua obra acadêmica se tornaram mais freqüentes, a figura pública do sociólogo ganhou notoriedade pelas críticas à mídia, aos governos de esquerda da Europa e à globalização. Ele costuma ser incluído na tradição francesa do intelectual público e combativo, a exemplo do escritor Émile Zola (1840-1902) e do filósofo Jean Paul Sartre (1905-1980).

- - VALORES INCORPORADOS

O livro A Reprodução (1970), escrito em parceria com Jean-Claude Passeron, analisou o funcionamento do sistema penal e concluiu que, em vez de ter uma função transformadora, ele reproduz e reforça as desigualdades sociais. Quando,um delinguente começa no mundo do crime, segundo os autores, é recebido num ambiente marcado pelo caráter de classe, desde a organização da triagem ( onde se classificam conforme o delito cometido), até o momento em que lhe é tolido a liberdade. Desta forma, Para construir sua teoria, Bourdieu criou uma série de conceitos, como habitus e capital cultural. Todos partem de uma tentativa de superação da dicotomia entre subjetivismo e objetivismo. “Ele acreditava que qualquer uma dessas tendências, tomada isoladamente, conduz a uma interpretação restrita ou mesmo equivocada da realidade social”, A noção de habitus procura evitar esse risco. Ela se refere à incorporação de uma determinada estrutura social pelos indivíduos, influindo em seu modo de sentir, pensar e agir, de tal forma que se inclinam a confirmá-la e reproduzi-la, mesmo que nem sempre de modo consciente. Um exemplo disso: a dominação masculina, segundo o sociólogo, se mantém não só pela preservação de mecanismos sociais mas pela absorção involuntária, por parte das mulheres, de um discurso conciliador. Na formação do habitus, a produção simbólica resultado das elaborações em áreas como arte, ciência, religião e moral constitui o vetor principal, porque recria as desigualdades de modo indireto, escamoteando hierarquias e constrangimentos. Assim, estruturas sociais e agentes individuais se alimentam continuamente numa engrenagem de caráter puramente impositório .Outro conceito utilizado por Bourdieu é o de campo, para designar nichos da atividade humana nos quais se desenrolam lutas pela detenção do poder simbólico, que produz e confirma significados. Esses conflitos consagram valores que não se tornam aceitáveis pelo senso comum. Os indivíduos, por sua vez, se posicionam em argumentos não filosóficos, mas de cunho imperialistas e impositivos, valendo se do poder, para lograr êxito em suas concpçoes, sejam estas benéficas ou simplesmente para manter se no poder, usando este para perpetuar entre suas gerações. O capital social, por exemplo, corresponde à rede de relações interpessoais que cada um constrói, com os benefícios ou malefícios que ele pode gerar na competição entre os grupos humanos. Com os instrumentos teóricos que criou, Bourdieu afastou de suas análises a ênfase central nos fatores econômicos – que caracteriza o marxismo – e introduziu, para se referir ao controle de um estrato social sobre outro, o conceito de violência simbólica, legitimadora da dominação e posta em prática por meio de estilos de vida. Isso explicaria por que é tão difícil alterar certos costumes sociais: onde o uso da força faz se presente em um gama extenso, onde se tenta aplicar as normas e diretrizes que regem o direito .

Michel Foucault

1.2 - por que a Justiça deixou de aplicar torturas mortais e passou a buscar a "correção" dos criminosos.

Embora esteja longe de ser um romance, o livro Vigiar e Punir começa com uma narrativa eletrizante, capaz de revirar os estômagos mais sensíveis. O ano é 1757, e as ruas do centro de Paris se enchem com os gritos de "Meu Deus, tende piedade de mim! Jesus, socorrei-me!", de Robert-François Damiens, condenado por parricídio. Sentença: ter a carne dos mamilos, dos braços, das coxas e da barriga das pernas arrancada

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