Resumo Remedios Constitucionais
Por: Hugo.bassi • 28/2/2018 • 4.362 Palavras (18 Páginas) • 358 Visualizações
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O filme também apela pra o lado emocional, mostrando cidadãos comuns que foram enganados e acabaram perdendo suas casas, seus empregos e suas economias. Mostra o contraste entre trabalhadores chineses que consideram um salário de 80 dólares mensais como "ganhar bem", quando do outro lado os banqueiros, políticos, economistas, entre outros, embolsam milhões de uma só vez.
Desemaranha toda uma trama complexa com diversos envolvidos. O governo, os bancos, as seguradoras, as empresas que fornecem empréstimos hipotecários, os grandes conglomerados, cada setor contribuiu com sua parte para o desastre financeiro. O filme nos explica como as agências responsáveis pela qualificação de riscos classificavam falsamente os investimentos como 100 % seguros, e como o mundo acadêmico exerceu um enorme poder de influência na opinião pública. Acadêmicos esses que também trabalhavam como consultores ganhando milhares de dólares, não havendo como negar o conflito de interesses.
Depois de entender toda a trama ficamos com a sensação de que tudo correu perfeitamente para o caos, tudo estava incrivelmente interligado para dar errado e mesmo assim nada foi feito para impedir essa enorme recessão global.
O enredo do filme é fácil de ser acompanhado até mesmo pelos mais leigos. Esse fácil entendimento deve-se não só à edição e às boas explicações, mas também à utilização de peças e gráficos, deixando o documentário com uma cara didática. "Inside Job" é realmente uma aula de economia, e daquelas aulas que você sai com vontade de aprender mais.
O filme termina mostrando que, mesmo com o novo governo do Obama, o sistema continua o mesmo, e as mudanças foram apenas nas aparências. Nenhum dos criminosos responsáveis pela crise foi julgado ou punido, muitos até receberam cargos de destaque na política ou na economia. Em sua conclusão, o diretor não deixa nenhuma perspectiva de solução ou sugere alguma conduta que os afetados podem ou devem tomar. No final essa questão fica sem resposta e nos resta muita reflexão.
No último feriado assisti, em DVD, ao documentário “Trabalho Interno”, vencedor do último prêmio Oscar na categoria “melhor documentário”. Não tenho assistido a muitos filmes mas este, pelo tema, me interessou bastante.
Até pela minha profissão a recente crise econômica mundial tem me interessado bastante. Somente aqui neste blog resenhei “Enganados” e “O Mundo em Queda Livre”, livros; e “Capitalismo: Uma História de Amor”, outro documentário sobre o tema.
Este “Trabalho Interno” tem um perfil mais técnico, por assim dizer. Mas ainda assim é um retrato assustador de como os Estados Unidos se curvaram a Wall Street, centro financeiro do país. E, pior, arrastando boa parte do mundo desenvolvido junto – o Brasil foi uma das poucas exceções. Em vários momentos do filme me peguei soltando palavrões de espanto com os absurdos que ocorreram, primeiro para se chegar à crise e depois no enfrentamento desta.
De forma didática o documentário mostra como a ganância de poucos levou a uma “bolha” no mercado imobiliário americano. E, a partir daí, o jogo de lobby e de pressão exercidos pelos representantes do setor financeiro de forma a evitar punições, processos judiciários e a regulamentação da atividade financeira americana.
A base da crise teve origem em empréstimos de risco altíssimo concedidos por empresas americanas para a compra de casas, com juros absolutamente extorsivos e hipotecas impagáveis. Estes eram “reembalados” em produtos financeiros (derivativos) sofisticados, revendidos a instituições financeiras de outros países como se fossem empréstimos “triple AAA” – ou seja, investimentos tão seguros quanto os títulos do Tesouro Norte Americano, considerados os de menor risco do mundo.
Por outro lado, a seguradora AIG desenvolveu um “produto” atuário que era uma espécie de “seguro” contra o risco de calote destes empréstimos. Se os clientes não pagassem a seguradora honraria o valor segurado nos prêmios.
Complementando a verdadeira “bomba relógio”, os próprios bancos de investimento que “reembalavam” estes empréstimos de altíssimo risco passaram a comprar este produto da seguradora americana. Ou seja, estavam apostando contra o próprio produto que vendiam, ou sendo mais claro: os empréstimos vendidos como “seguríssimos” eram considerados não somente passíveis de apostas contra seu pagamento como, em memorandos internos, classificados como o que realmente eram: um produto fadado ao calote.
Complicado, leitor? Então vamos ser didáticos: o mutuário tomava um empréstimo para a compra de sua casa própria sem a comprovação dos documentos necessários, em um valor muito mais alto que sua renda permitiria e em taxas de juros de cálculo complicado e absolutamente escorchantes. Ou seja, mais cedo ou mais tarde o calote se tornaria inevitável.
A concedente deste empréstimo conscientemente ignorava (omitia) o risco destes empréstimos habitacionais e vendia os direitos destes a grandes bancos de investimento de Wall Steet. Estes “empacotavam” os recebíveis destes empréstimos em derivativos – produtos financeiros sofisticados – e os revendiam a bancos de todo o mundo. Por exemplo, um mutuário em Denver poderia, na prática, estar devendo a um banco inglês ou islandês.
Entendeu? Pois é, agora vem a segunda parte: a seguradora AIG vendia um seguro contra o risco de calote destes produtos derivativos, os empréstimos “sub prime” travestidos de “triple AAA”. Em um determinado momento os mesmos bancos de investimento que vendiam estes produtos como “seguros” passaram a comprar em massa os referidos seguros: ou sejam, estavam apostando contra os próprios clientes.
Os riscos eram imensos: um calote nos empréstimos, lá na ponta, faria estes produtos perderem o valor para os clientes e depreciaria seus ativos – causando o risco de falência. Por outro lado, estes acionariam seus seguros e deixariam a AIG em situação muito complicada.
Completando o quadro, a concessão indiscriminada de empréstimos fez o preço dos imóveis americanos subir muito, gerando um maior “valor financeiro” e fazendo muitas famílias refinanciarem suas casas a fim de pegarem o valor excedente para consumir – sem se importar com as condições impagáveis a médio e longo prazo.
Na prática, o que havia era uma espécie de “corrente financeira” (os leitores mais antigos sabem do que falo) onde a entrada de novos incautos financiava os mais antigos. Falando com a linguagem do filme, é uma espécie de “esquema Ponzi”,
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