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Resenha de Direito Empresarial

Por:   •  29/10/2018  •  2.921 Palavras (12 Páginas)  •  422 Visualizações

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No foco no resultado, o valor moral da conduta está atrelado ao que ela acarretar no mundo, se produzir bons efeitos será boa, se produzir maus, será ruim. Fazer o que for preciso para obter um determinado resultado, mesmo que implique ferir valores e assim por diante, é um dos entendimentos que podem se basear na expressão foco no resultado muitas vezes utilizados por empresas, empresas estas que adotaram um lema que inclusive se impregnou no conjunto social, o famoso "fazemos qualquer negócio", ou seja qualquer negócio é válido, mesmo que errado ele seja.

Kant sugere algo muito especial, ao dizer que tudo o que não se puder contar a origem de seus feitos, é por que não se devia ter feito, pois se há razões para não se contar, também existem razões para que não se fizesse. E isto não se trata de sigilo, por pertencer a privacidade de alguém, mas sim de vergonha, pois tais atos diminuem aqueles que os praticou.

E é em meio ao foco no resultado que surge a recomendação primordial dos profissionais de Recursos Humanos das organizações, o "sair da zona de conforto", aquilo que envolve indivíduos desconfortáveis, desejantes e que buscam o que ainda não existe.

Uma coisa deve ser clara para que a leitura de fato tenha valido à pena, a ética não é abstrata, não é prática, pois prática é a moral, a ética tem de ser e é concreta. A ideia de ética como instrução, é de natureza exemplar, mesmo sendo um aspecto que famílias, empresas e parte da mídia esquecem, ou seja, como a nossa formação, dentro de uma sociedade e cultura se dá a partir daquilo que temos como espelho de conduta, as pessoas iram formar-se a partir daquilo que observam como conduta dos que lhe antecederam. E maioria das vezes é no meio da família, estas que entendem que a criança deve ser uma parte da engrenagem, e que deve se adaptar ao mundo como ele é, é onde o cinismo tem o seu lugar.

É nessa mesma linha de pensamento que surge no livro a ideia que consiste em "dar a cara para bater", o arriscar-se, com base no pensamento de Rousseau aprendemos que a natureza não esgota a vida do homem, o instinto é pobre, a vida é complexa, e o homem precisa ir além da sua natureza, precisa transcender. Para se entender a ética, tem-se que entender que o homem inventa, cria, improvisa, inova, empreende, e pensa em soluções nunca antes pensadas para situações nunca antes vividas, é a ética a necessidade de encontrar caminhos quando o instinto não responde mais, é a necessidade de perceber que vontade não é um desejo, porque vontade, é uma decisão racional, elaborada e criativa para onde se quer ir.

Surge também a discussão sobre o caso da formiga, esta que vive intensamente, alguns dizem que é uma injustiça as formigas trabalharem por quase 24 horas, mas nãos e pode caracterizar como injustiça, uma vez que, no formigueiro a vida acontece da única maneira possível, regida pelo instinto, pela própria natureza desse inseto. A formiga que não é "trabalhadora" não poderá trabalhar uma vez que não possui instrumentos orgânicos para trabalhar. E isso é o que nos difere das formigas, a possibilidade de escolher nossas condutas, inclusive escolher errado se assim quisermos. E escolher certo ou errado é justamente o princípio do campo da ética. Sabe-se de mesmo modo que vivemos sendo regidos por códigos de ética, estes que são tão estranhos à filosofia, esse código seria as normas que devem ser seguidas, assimilados a ideia desse tipo de código, o correto seria que se seguissem os princípios éticos, pois a ética não é marcada pela natureza. Ressaltando que a ética é aquela que concerta os modos de coerção na nossa convivência, não sendo de maneira alguma a ausência de disciplina.

No início do livro, a corrupção foi relacionada com a questão do relativismo moral, da ética de convivência, refletindo este pensamento numa escolha do indivíduo, evidenciando seu foco e indicando um padrão de referência. Quando a ética se torna ineficaz, ao mesmo tempo a corrupção ganha seu lugar.

A corrupção está atrelada a ideia de se dar bem, e neste ponto encontramos vários livros que trazem em sua capa, títulos que se referem a esse conseguir obter tal resultado, são os ditos manuais, manuais estes que tiram das pessoas a necessidade de ter que escolher a cada momento o que fazer. E para isto você teria que excluir uma opção. A corrupção seria exatamente isto, a exclusão sistemática e permanente de certos segmentos da sociedade em proveito de outros. Não sendo vinculada à ideia de ilegalidade, pois pode vir a ocorrer tudo dentro da mais perfeita legalidade, mas todas as vezes que, dentro de uma sociedade, houver discriminação permanente de um grupo em detrimento de outro, e vier a ser beneficiado, haverá a então chamada corrupção.

Clóvis deixa claro que o indivíduo imune à corrupção não tem que necessariamente ser um herói. Pois é fundamental que a sociedade seja organizada de maneira que facilite comportamentos dos quais não tenhamos que nos envergonhar, o sistema depende de nossas escolhas, ou seja, nós fazemos o sistema, e se não estamos satisfeitos podemos fazer com que sejam diferentes.

Sabe-se que não é que "vale qualquer coisa", mas o não corrupto é aquele que não se corrompe do mesmo modo que não busca corromper a si ou a outras pessoas, pois a corrupção e a não corrupção, se dão por meio de uma decisão, deste modo o que faz o corrupto, ladrão, não é a ocasião em que se encontra, o que lhe é favorável ou não, mas a própria essência do indivíduo, que se quiser aproveita ou não a situação em que se encontra, ressaltando que tudo se dará a partir de uma decisão do mesmo.

O livro aborda tudo de maneira detalhista, mas ainda sim de fácil entendimento. Em uma das partes os autores fazem a seguinte observação: “... a ocasião faz o ladrão só quando há uma decisão por ser ladrão; não é a ocasião, mas o possível ladrão que decide. Portanto, a decisão continua a ser determinada pelo indivíduo e não pela circunstância.”.

Para Cortella se a corrupção dentro de uma família for admitida, ela ali se estabelecerá. Crianças aprendem desde bebês, ainda no berço, como fazer isso, seja com o choro ou com o bracinho esticado, seja com o tipo de afago ou com relação ao beijo. Isto é, ser corrupto é uma possibilidade quase berçária.

Sempre nos baseando em desculpas para efetuarmos nossas atividades e seguirmos nossa vida, inclusive, inúmeras vezes nos utilizamos de desculpas para justificar nossas escolhas ou para pedirmos algo, justificando o nosso querer, como o famoso “todo mundo faz”,

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