Trabalho sobre Economia Monetária
Por: kamys17 • 19/9/2017 • 1.533 Palavras (7 Páginas) • 605 Visualizações
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As baixas taxas de juros e o incentivo do governo para que os bancos financiassem as famílias causou uma forte e constante valorização dos ativos imobiliários americanos por um prolongado período de tempo. A falsa ideia inicial de que os imóveis subiriam para sempre e os juros seriam baixos e acessíveis pelo mesmo período levou os consumidores a adquirir imóveis de valores incompatíveis com sua capacidade de renda e poupança, levando a péssimas decisões de alocação de capital. Os bancos nem precisavam correr o risco de calotes, já que podiam ‘empacotar’ diversas hipotecas (MBS), conseguir um certificado de alta qualidade (AAA) das agências de risco e vendê-los com lucros para investidores institucionais de todo o mundo; ou então recorriam às agências estatais (Fannie Mae, Freddie Mac) para se livrar dos “ativos tóxico” (como veio a ficar conhecido) e arrecadar dinheiro para empacotar novos créditos. Era do interesse do governo que tal ‘estratégia’ continuasse funcionando, pois se parasse, os bancos teriam grandes perdas, a construção civil demitiria em massa e sua arrecadação de impostos despencaria; melhor deixar para depois.
Como inevitavelmente aconteceu, o dia da ‘bancarrota’ chegou, a estratégia não funcionava mais. Quando os chamados devedores subprime começaram a não pagar suas dívidas, pelo simples motivo que era impossível que o fizessem, os detentores de suas hipotecas começaram a sofrer perdas. Os subprime compunham os chamados ninja loans (‘ninja’ para no income, no job eno assets), empréstimos que só existiram porque os bancos receberam a quase garantia do governo de que não precisariam arcar com potenciais perdas, já que as agências governamentais eram as compradoras de última instância dessas hipotecas. Fosse o mercado livre e tais agências não existisse, qual seria o incentivo dos bancos privados para financiar esses tomadores? Esse jogo de “garantias” do governo induziu até as seguradoras a participar do mercado, vendendo seguros contra o não pagamento de dívidas (os chamados CDS), seguros esses que claramente não poderiam ser cobertos caso parte relevante das dívidas não fosse honrada, como acabou acontecendo.
Quando a bolha estourou e os bancos quebraram ai foi quando que intervencionismo mostrou as garras. Ao invés de deixar que as forças de mercado organizassem a atividade econômica, impondo perdas aos acionistas dos bancos, os governos resolvem “resgatar” alguns “escolhidos”, condenando os outros a condições desleais de competição.
A decisão dos governantes de que a Lehman Brothers não era grande demais para quebrar iniciou um importante efeito dominó da crise, disparando o acionamento de diversos seguros de dívidas (CDS) que em última instância causaram a quebra da seguradora AIG e de diversas outras instituições (algumas vistas como too big to fail). Para estimular a economia, mais “dinheiro de graça” para os agentes, agora via quantitative easing (ou impressão de dinheiro), uma vez que as taxas já eram praticamente zero. Esse dinheiro é a fonte para a próxima bolha, veremos em breve qual será (títulos dos governos, tidos como “livre de risco”?).
Como evitar crises
O fator principal é não deixar que elas aconteçam, sendo essencial que a multiplicação inorgânica do dinheiro seja interrompida. Se os depósitos à vista não puderem ser emprestados, apenas os depósitos a prazo, o crescimento da economia será ancorado pelo real crescimento da poupança, evitando assim os desequilíbrios inerentes aos ciclos econômicos. A volta do padrão ouro também é sugerida, com o objetivo de que o dinheiro tenha um lastro real, logo não manipulável pelos governos (estes não poderiam fabricar ouro para expandir a base monetária como lhes conviessem). A figura dos bancos centrais deveria deixar de existir, já que nada mais são que um veículo para monopólio da moeda por parte dos governos; abrindo livre concorrência para as moedas, os agentes tomariam mais cuidado na decisão sobre como poupar e os emissores teriam incentivo para não financiar livremente os governos, acabando com a falsa premissa de que estes são tomadores “livre de risco”.
Sobre a grande recessão, o caminho proposto passa pela reversão das políticas que geraram o problema, não pela sua intensificação, como o que foi decidido pelos estados ao redor do mundo. Não existiria “resgate” dos bancos, nem mesmo dos too big to fail; os acionistas dos bancos perderiam tudo (risco que existia quando decidiram investir nas ações dos bancos), os credores tornar-se-iam acionistas (e a partir daí também correriam o risco de perder tudo) assim como os depositantes, seguindo a ordem de senioridade (primeiro os credores perderiam em tudo, em seguida os depositantes, na medida que fosse necessário para restaurar o capital mínimo do banco).
Em nenhuma circunstância os governos aportariam recursos, já que os contribuintes não são responsáveis pelas perdas de quaisquer entidades privadas. O papel dos governos seria tornar a economia mais flexível, desregulamentando atividades como o sistema financeiro e retirando assim da equação os incentivos à criação das bolhas, além de cortar seu déficit, tornando desnecessária a emissão de dívidas para custear seus gastos correntes.
O mais interessante dos argumentos apresentados
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