Receitas, Despesas, Perdas e Ganhos
Por: Sara • 12/4/2018 • 2.617 Palavras (11 Páginas) • 402 Visualizações
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decorrentes de efeitos da mudança de critério contábil, ou da retificação de erro imputável a determinado exercício anterior, e que não possam ser atribuídos a fatos subsequentes. (Art. 186, § 1º, da Lei nº 6.404/1976).
3. DESPESA
3.1. Conceito
O Pronunciamento Conceitual do CPC 00 define Despesa da seguinte forma:
Despesa são decréscimos nos benefícios econômicos durante o período contábil sob a forma de saída de recursos ou redução de ativos ou incremento em passivos, que resultem em decréscimo do patrimônio líquido e que não sejam provenientes de distribuição aos proprietários da entidade (item 70, Estrutura Conceitual).
As despesas reduzem o patrimônio líquido da empresa, no entanto não se deve definir despesas somente quanto a esse efeito no patrimônio. As despesas são variações negativas no patrimônio líquido originárias do aumento do passivo ou redução do ativo, que resultam na diminuição do patrimônio líquido, mas é importante ressaltar que nem todas as variações negativas de recursos são necessariamente despesas, tais como a redução do capital social.
3.2. Reconhecimento da Despesa
De acordo com o Pronunciamento Técnico do CPC 00, as despesas são reconhecidas com base na sua associação direta com os correspondentes itens da receita, processo esse conhecido como confrontação entre receitas e despesas, denominado Regime de Competência, que por sua vez envolve o reconhecimento simultâneo ou combinado das receitas e despesas que resultem diretamente da mesma transação ou outros eventos.
Para Hendriksen e Van Breda,
O registro de uma despesa pode coincidir com a atividade de utilização dos bens e serviços ou pode ser posterior a essa atividade, ou ainda em casos excepcionais, pode proceder à ocorrência da atividade. (1982, p.236).
3.3. Associação das despesas com as receitas
Segundo Vernon Kam, os três critérios que auxiliam a associação das despesas às receitas, são:
• Associação de causa e efeito: Utilizada quando é possível identificar as despesas correspondentes à geração das receitas.
• Alocação sistemática: Utilizado quando o reconhecimento da despesa incorrida acontece por partes.
• Reconhecimento Imediato: Utilizado nos casos em que as despesas incorridas contribuirão para períodos futuros.
3.3. Mensuração da Despesa
Quando considerada redução de ativos líquidos da entidade, a despesa é mensurada pelo valor constatado no momento em que os serviços ou bens são utilizados nas operações, visto que representam sacrifícios necessários para a obtenção da receita.
Para Hendriksen e Van Breda 1999, as medidas mais comuns de despesas são:
• Custo Histórico: Método tradicionalmente mais utilizado para o registro das despesas e perdas.
• Medidas Correntes: Avaliação das mercadorias e serviços consumidos pelo preço corrente. Tendo como vantagem a obtenção do lucro mais próximo da realidade, uma vez que as receitas são medidas a preços correntes.
• Custo de Oportunidade: Representado pelo valor presente do custo, que poderia ser economizado usando da melhor forma um ativo ao invés de outro.
3.4. Classificação das Despesas
Despesas administrativas
São as despesas necessárias para administrar a empresa. De forma geral, são gastos no escritório que visam a gestão da empresa.
São exemplos de despesas administrativas: Salários e encargos referentes ao pessoal do setor administrativo, água, luz, telefone, aluguel e materiais (todos referentes ao escritório).
Despesas financeiras
São os juros pagos ou incorridos, comissões bancárias, descontos concedidos, juros de mora pagos, etc. Observadas as seguintes normas (RIR/1999, art. 374):
1. Os juros pagos antecipadamente, os descontos de títulos de créditos e o deságio concedido na colocação de debêntures ou títulos de crédito, deverão ser apropriados, pro rata tempore ( proporcionalmente ao tempo decorrido), nos períodos de apuração a que competirem;
2. Os juros de empréstimos contraídos para financiar a aquisição ou construção de bens do ativo permanente, incorridos durante as fases de construção e pré-operacional, podem ser registrados no ativo diferido, para serem amortizados.
As despesas financeiras serão compensadas com as receitas financeiras. Caso a receita financeira seja maior que a despesa, o restante será deduzido de outras despesas operacionais.
Despesas comerciais (vendas)
São todos os gastos com a comercialização e distribuição das mercadorias ou produtos.
São exemplos de despesas comerciais: comissão de vendas, propaganda e publicidade, marketing, brindes, embalagens, perdas estimadas em créditos de liquidação duvidosa, etc.
4. GANHOS
4.1. conceito
Conceitualmente, há uma grande dificuldade na definição e consequente distinção correta dos termos: Receitas (propriamente ditas) e Ganhos. Para o Accounting Principles Board – APB, nº 04, “receita é uma entrada de ativos ou o decréscimo de passivos resultantes de atividades, (...)”. Ganhos segundo Cunha, (2013, p. 77, apud HENDRIKSEN, 1982), “representa eventos favoráveis não diretamente relacionados com a produção normal de receitas das empresas”.
[...], segundo IFRSBRASIL (2011, apud HENDRIKSEN e VAN BREDA, 2010), diversas tentativas têm sido feitas para produzir tal distinção, muitas das quais tem terminado com resultados um tanto arbitrários. Do ponto de vista destes autores, pode-se alcançar uma melhor compreensão da contabilidade ignorando tal distinção, preferindo diferenciar entre as atividades produtoras de riqueza da empresa e as transferências inesperadas ou imprevistas.
Os ganhos (gains), apesar de enquadrar na definição de receita, podem ou não surgir das atividades usuais da entidade. Assim, na atual estrutura, não existe, a rigor, uma separação entre ganho e receita. Ambos são aumentos de benefícios econômicos.
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