Resenha Organização e Poder

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A burocracia se justifica como serviço da coletividade, mas se organiza na tentativa de controlá-la. Tem suas origens na organização da produção e para compreender a gênese do capitalismo de Estado é preciso entendê-la enquanto classe social, ela é um sistema de direção e execução a serviço da dominação. Entretanto, enquanto ideologia de classe social, a teoria das organizações oculta tal projeto e nega sua condição de classe.

Enquanto isso, o texto de Merton discute os problemas da burocracia que transformaram o termo em um insulto, baseando-se principalmente nos conceitos de “incapacidade treinada” (Veblen), “psicose ocupacional” (Dewey) e “deformação profissional” (Warnotte). De acordo com Merton, para que a burocracia funcione é preciso que os funcionários sejam comprometidos e estejam conformados com as responsabilidades atribuídas. Para ser eficaz é preciso que haja no grupo atitudes e sentimentos apropriados, realizados em intensidade superior à necessária se caracterizando por formalismo ou até ritualismo. Além disso, discute como deve ser o comportamento e as relações entre os participantes para que a burocracia ocorra de modo ideal e não se comprometa, se tornando algo negativo.

Merton encerra seu discurso levantando ainda algumas questões intrigantes acerca da burocracia, no que diz respeito em como a burocracia pode influenciar ou ser influenciada pela personalidade do indivíduo.

Observando os dois autores percebe-se que Motta defende a burocracia como uma forma de dominação, algo negativo e que pode prejudicar o desenvolvimento de certas classes que não possuem domínio dos meios burocráticos; seria ela uma forma de controle e organização da sociedade. Enquanto isso, Merton apresenta a burocracia ideal, aquela que existe para contribuir com o desenvolvimento das empresas e que tem seu desenvolvimento atrelado ao bom rendimento dos funcionários. A partir da leitura dos materiais, acredito que a burocracia real - que está em prática em nossa sociedade - está mais próxima àquela descrita por Motta, pois utiliza de meios de dominação e controle para manter a organização que convém à determinada parcela da população, percebemos isso no cotidiano onde grande parte de ações, atividades ou propostas são barradas por questões burocráticas e não são solucionadas. Ao contrário da burocracia ideal citada no trabalho de Merton, que apesar da dedicação dos funcionários (fator primordial para o bom funcionamento da mesma), ainda esbarra em muitos outros fatores externos que prejudicarão seu desenvolvimento tido como ideal.