O AUMENTO SALARIAL E A REPOSIÇÃO DA INFLAÇÃO: O ESTUDO DAS DIVERSAS CATEGORIAS
Por: Sara • 20/12/2018 • 2.618 Palavras (11 Páginas) • 307 Visualizações
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redução das taxas de juros e aumento de renda disponível, seja por aumento salarial ou redução de impostos também figuram como as principais causas da inflação por demanda, quando elevado o nível da renda média da população sem um respectivo crescimento da produção os mesmos produtos serão disputados a um valor monetário maior.
Além da inflação por demanda o processo inflacionário pode ser classificado ainda por inflação de custos e inercial. No primeiro caso, o processo é causado por pressões de custos e consequente repasse para os preços dos produtos. Esse processo pode ser causado por uma elevação nos preços externos como ocorreu na Crise do petróleo em 1974 e 1979 ou até mesmo por desvalorização cambial e elevação das taxas de juros.
Especialmente importante na reflexão desse trabalho está à elevação do custo da mão-de-obra composto por salários mais encargos. Quando ocorre um aumento do salário nominal sem um aumento em contrapartida na produtividade o processo inflacionário é desencadeado.
A terceira classificação apresentada pela literatura é a inflação inercial, essa é possivelmente a mais grave forma de inflação já que não decorre necessariamente de uma variação nos custos e nem mesmo na demanda, ela está associada a mecanismo de proteção dos preços conhecidos como indexação da economia, ocorre, portanto um reajuste de preços a partir da constatação da inflação. Em longo prazo a inflação de um período acaba sendo adotada como piso para o período seguinte, em um processo de redução do grau de incerteza dos diversos agentes da economia que tentam reajustar seus preços e salários acima do nível da inflação do período anterior. Dai provem seu caráter mais perverso uma vez que a inflação inercial se torna rígida e mesmo sem variação significativa nos custos e demanda, a inflação continua em gradual escalada.
2.2. DISTORÇÕES PROVOCADAS PELA INFLAÇÃO E SEUS EFEITO SOBRE A DISTRIBUIÇÃO DE RENDA:
Sendo a inflação um processo gradual de elevação dos preços dos produtos, ela tem um grande impacto negativo na redução do poder aquisitivo das classes trabalhadoras que dependem de rendimentos fixos e possuem prazos legais de reajuste, conhecidos como Data-base. Com o decorrer do tempo, os assalariados têm os seus orçamentos cada vez mais reduzidos, uma vez que seu salário nominal já não tem o mesmo poder de compra até a chegada do próximo reajuste.
Os detentores dos meios de produção, entretanto tem uma grande vantagem nesse aspecto, pois podem proteger sua margem de lucro uma vez que têm maiores condições de repassar imediatamente os aumentos de custos provocados pela inflação.
Outra consequência perversa da inflação para a economia e principalmente para a classe assalariada está no desestímulo à aplicação de recursos no setor produtivo e mercado de capitais uma vez que o valor monetário deteriora-se rapidamente. Dessa forma a inflação acaba por estimular os investimentos em bens de raiz como imóveis que se valorizam nesse período e também em papéis indexados como títulos públicos e privados que garantem o cobrimento da inflação e ainda algum ganho real, a exemplo da caderneta de poupança e alguns títulos do tesouro. Uma vez que os investimentos serão desviados do setor produtivo, há um impacto no crescimento e na redução da geração de empregos.
3. METODOLOGIA
O Balanço das negociações dos reajustes salariais do 1° semestre de 2014 analisou os reajustes salariais negociados por 340 unidades de negociação da Indústria, Comércio e Serviços. Estas negociações fazem parte de um painel fixo de 895 unidades de negociação acompanhadas anualmente pelo SAS-DIEESE desde 2008.
Para o estudo do DIEESE foram extraídas informações de acordos e convenções coletivas de trabalho registradas no Sistema de Acompanhamento de Salários (SAS-DIEESE) a partir de documentos enviados por entidades sindicais envolvidas nas negociações coletivas e escritórios regionais e suas respectivas subseções. Os dados foram obtidos também de forma complementar do noticiário da imprensa escrita e dos ou virtual dos sindicatos. Os dados apresentados pelo DIEESE têm valor indicativo e buscam captar as tendências da negociação salarial no país. Porém os autores evidenciam que o painel de informações utilizado não permite extrapolações para além do conjunto exposto neste trabalho, dado que não se trata de amostra estatística.
4. ESTUDO DOS RESULTADOS
O Balanço das negociações dos reajustes salariais do 1° semestre de 2014 constatou que aproximadamente 93% das 340 unidades de negociação analisadas pelo SAS-DIEESE conquistaram reajustes salariais acima do INPC-IBGE.
A maior parte dos reajustes do primeiro semestre deste ano resultou em ganhos reais de até 3%, sendo que a faixa ganho na maior parte das negociações ficou entre 1% e 2% acima do índice com média de 1,54% de ganho real. Reajustes em valor igual ao INPC-IBGE, que não superam a escalada da inflação no período foram observados em aproximadamente 4% das unidades de negociação, e reajustes abaixo da taxa de inflação em quase 3% da amostra.
Do ponto de vista dos assalariados foram conquistados bons resultados pelas negociações do primeiro semestre de 2014 que figuram entre os mais elevados do período, ficando atrás apenas dos resultados obtidos em 2012, e em parte dos resultados do ano de 2010. Em comparação com 2013, por exemplo, 83,5% dos reajustes superaram o INPC-IBGE contra os 93,2% de 2014.
Pode-se observar pela TABELA 2 que os resultados conquistados pelas negociações do primeiro semestre de 2014 estão entre os mais elevados do período, ficando atrás apenas dos resultados de 2012, e em parte dos resultados de 2010. É importante salientar também a baixa dispersão dos valores dos aumentos reais. Os menores ganhos não foram tão baixos como anos anteriores, por outro, e os mais altos não foram tão elevados, resultando em um quadro mais uniforme, com valores mais próximos ao valor médio do semestre para as diversas classes de trabalhadores.
4.1. REAJUSTES SALARIAIS POR SETORES ECONÔMICOS
O Balanço realizado pelo DIEESE demonstra as variações com relação ao aumento salarial à distribuição dos reajustes salariais e o valor do aumento real médio nos setores de comércio, serviço e indústria. A análise comparativa dos reajustes
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