Administração sustentável no meio rural
Por: Salezio.Francisco • 25/4/2018 • 5.335 Palavras (22 Páginas) • 311 Visualizações
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Ehles (citado em Otani, 2001) afirma que “a erradicação da pobreza e da misericórdia deve ser objetivo primordial de toda humanidade” e que a prática sustentável envolve aspectos sociais, econômicos, ambientais que devem ser entendidos conjuntamente. A técnica é meio necessário á condução do desenvolvimento sustentável. Segundo Veiga (1994), vários são os objetivos a serem alcançados pelo desenvolvimento sustentável quanto ás práticas agrícolas, destacando-se:
- A manutenção por longo prazo dos recursos naturais e da produtividade agrícola;
- O mínimo de impactos adversos ao ambiente;
- Retornos adequados aos produtores;
- Otimização da produção com mínimo de insumos externos;
- Satisfação das necessidades humanas de alimentos e renda;
- Atendimento das necessidades sociais das famílias e das comunidades rurais.
No desenvolvimento agrícola sustentável, observa-se uma importante recomendação da FAO – Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura – e do INCRA – Instituto de Colonização e Reforma Agrária (1994) – segundo os quais há uma necessidade de implementar uma politica cientifica e tecnológica especialmente em sistemas integrando agricultura e pecuária, em produtos tradicionais e nos produtos dependentes de muita mão-de-obra.
Também são recomendações desses órgãos (FAO/INCRA, 1994) a reestruturação dos serviços de extensão rural, a promoção da integração vertical agricultura-pecuária, o incentivo á rotação de culturas, a indução de praticas de controle integrado de pragas (MIP), a utilização da adubação orgânica, a conservação do solo e a utilização de sistemas agroflorestais.
1.2 A sustentabilidade
De acordo com Cavalcanti (1998), sustentabilidade significa a possibilidade de se obterem continuamente condições iguais ou superiores de vida para um grupo de pessoas e seus sucessores em dado ecossistema. Para se compreender os sistemas agrícolas atuais, deve-se observar sua sustentabilidade, pois “a agricultura é afetada pela evolução dos sistemas socioeconômicos e naturais” (Altieri, 2000, p.27).
A sustentabilidade, segundo Sachs (1990), constitui-se num conceito dinâmico, que leva em conta as necessidades crescentes das populações, num contexto internacional em constante expansão. Para ele, a sustentabilidade tem como base cinco dimensões principais, que são: a sustentabilidade social, cultural, ecológica, ambiental e econômica. Este mesmo autor acrescenta mais quatro dimensões ou critérios de sustentabilidade: ambiental, territorial, politica nacional e politica internacional.
Segundo Chambers e Conway (2000) a sustentabilidade ambiental estaria ligada á preservação ou aprimoramento da base de recursos produtivos, principalmente para as gerações futuras. Ainda d acordo com os autores, para de fazer completa, a sustentabilidade ambiental tem que ser complementada pela sustentabilidade social, ou seja, não somente pelo que o ser humano pode ganhar, mas á maneira como pode ser mantida decentemente sua qualidade de vida.
Esses autores dão base para Bicalho (1998) elaborar três indicadores para operacionalização do desenvolvimento sustentável: capacidade, equidade e sustentabilidade. Esses três indicadores devem ser atendidos pela operacionalização do desenvolvimento rural sustentável, alcançando o objetivo máximo: a geração e o suporte de modos de vida sustentáveis.
A capacidade está relacionada ás funções básicas das pessoas como nutrição adequada, vestimentas confortáveis e boa qualidade de vida. Esta qualidade de vida é entendida como a capacidade de o grupo escolher e avaliar suas ações. A equidade refere-se á distribuição menos desigual dos bens, habilidades e oportunidades. Inclui também o fim da discriminação ás mulheres e ás minorias, além do fim da miséria rural ou urbana. E finalmente a sustentabilidade que está ligada á nova visão global acerca da poluição, desmatamento, super exploração de recursos não renováveis, além da degradação ambiental.
2. A agricultura familiar e sua relação com a sustentabilidade
Através da agricultura familiar trata-se discutir uma nova visão modelo, onde se insere a racionalização e não a degradação dos recursos naturais, a valorização da cultura de agricultor, para que este possa, como agente mais direto, apropriar-se da agricultura e comandar os tempos sócias.
A agricultura familiar mantém as paisagens naturais, em função do recorte das pequenas propriedades, que preservam em suas divisas, em reservas naturais e em outras áreas, minimamente as características dos ecossistemas mais equilibrados, com maior biodiversidade. Outros fatores importantes são o policultivo e o uso de recursos internos da propriedade, transformando resíduos em insumos. Essas características da agricultura familiar fazem com que as condições ecológicas do meio possam ser recuperadas com maior rapidez que na agricultura convencional, que homogeneizou imensas áreas de terra que há muito tempo recebem uma ou duas culturas, e enormes quantidades de agroquímicos.
Altieri (2000), afirma que seria importante criar um clima politico constituindo assim um panorama favorável ao desenvolvimento da agricultura familiar e consequentemente participação na construção da sustentabilidade. De acordo com Jean (citado em Gomes, 2004), a capacidade de adaptação da agricultura familiar vai atuar em seu favor no processo de transição para a agricultura sustentável.
Outro aspecto a ser ressaltado é que a agricultura familiar, por suas definições, características e forma de explorar o meio, carrega grande parte dos preceitos, para que o desenvolvimento de sistemas agroecológicos nas propriedades, fator indispensável para sustentabilidade.
Dessa forma, observa-se que a agricultura familiar e sustentabilidade estão interligadas e o fortalecimento da primeira gerará várias interfaces com a sustentabilidade.
3. O conceito da agricultura familiar
A agricultura familiar vem, ao longo do tempo, buscando formas de adaptação para de desenvolver e buscar sua inserção nas distancias que a cercam. Porem, para entender essa trajetória, é necessário o encontro com a origem dessa categoria, que empresta de alguns modelos de agricultura características que constituem a base de sua formação.
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