A FESTA DE SENHORA SANTANA HISTORIA CULTURA E FÉ.
Por: Kleber.Oliveira • 9/2/2018 • 7.652 Palavras (31 Páginas) • 359 Visualizações
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motivo. Por isso ele pode encontrar na cultura de um lugar um atrativo que o desperte a querer conhecer a vivencias as pratica culturais daquela comunidade.
O conceito de turismo, segundo Barreto (2000), quando surgiu na Inglaterra, no século XVIII, estava ligado às necessidades educativas e culturais. Predominavam nessa época as necessidades de conhecimento de outras culturas e modos de vida, de experimentar o contato com outros lugares, conhecer obras de arte e admirar monumentos.
O turismo pode e deve ser um instrumento de socialização entre as pessoas, caracterizando-se como uma atividade que geralmente é praticada num momento de lazer e interação e que tem como objetivos proporcionar experiências únicas, diferentes e, no entanto, inusitadas nas pessoas que procuram desenvolver esse tipo de atividade. (DE LA TORRE, 1992).
Dentre os motivos de deslocamentos está a fé. O sentimento de fé e de agradecimento por uma graça alcançada. Dedicação à organização da festa de forma voluntária e devocional seja na procissão, adoração, confissões, caminhadas, visitas missionarias, celebrações eucarísticas, pregações entre outros.
A realização de festas religiosas populares apresentam características típicas de um entrosamento, da relação entre o sagrado e o profano. Relação esta que é vivenciada no instante em que o visitante está totalmente entregue aquele momento de sublime relação com Deus e em poucas horas está usufruindo das distrações matérias proporcionada pelo ambiente externo da festividade religiosa. A viagem movida pela fé tem seu clímax na realização de uma festa sacro-profana. (TRIGO, 2005)
A fé pode se tornar uma motivação turística, pois, à medida que as pessoas buscam viajar para outros lugares com objetivos comuns de fortalecimento de sua fé ou crença religiosa, estão praticando mesmo que de forma indireta um turismo voltado para o lado místico, sagrado, encontrado no ambiente de destino escolhido. Para Martins as festas populares são:
As festas devocionais que celebram a vida dos santos constituem-se num dos principais atrativos turísticos no Brasil, sendo hoje grande motor do turismo nacional (...) buscando, com isto, reconhecimento de seus símbolos e características para incentivar seu possível uso no turismo. MARTINS (2003, p. 69)
O desenvolvimento da atividade turística requer planejamento, tempo, objetivos em comuns, entre grupos de viajante de conhecer determinados lugares, mas é fundamental que ela contribua para o resgate e valorização da cultura e tradição locais. E por meio das demonstrações culturais e manifestações de fé ocorridas nos rituais e celebrações religiosas surge um encontro entre o divino e o humano estabelecidos pela união e crença das pessoas.
3. A RELIGIÃO E O HOMEM
O conceito de “religião” origina-se da palavra latina religioso, cujo sentido original indicava simplesmente um conjunto de regras, observâncias, advertências e interdições sem fazer referências a divindades, mitos, celebrações ou a qualquer outra manifestação que consideraríamos, hoje, como religiosas. O termo “religião” foi construindo histórica e culturalmente ligado à tradição cristã (SILVA, 2010).
Desde os primórdios o homem acreditava em uma força espiritual que ia muito mais além do que ele poderia imaginar.
A religião é um campo da experiência humana voltado para a convivência com o que considera sagrado e tem sua eficácia simbólica. Possui um dos mais poderosos sistemas objetivos de sentido conhecidos até hoje, além de uma semântica estabilizada dentro de uma comunidade social. Todo esse corpo de valores não deve ser criticado ou desprezado, pois essas formas objetivas foram fundadas e criadas durante a história da humanidade. TRIGO (2005, p.320)
A religiosidade pode ser representada por uma força interior que o homem guarda dentro de si como um escudo protetor e isso já é um evento/experiência que vem da sua própria formação cultural.
O impulso religioso ou a religiosidade é uma importante engrenagem do motor estrutural que existe no ser humano. É erradicável e não se desqualifica porque se revela em atitudes que nascem em um contexto cultural. TRIGO (2005, p. 320)
Nas manifestações de festas populares consideradas sacro-profanas o turismo pode ser um vetor na ligação entre essas festas e o desenvolvimento da cultura local, contribuindo para valorizar o lugar e conquistar mais devotos através dos visitantes que podem se encantar com a temática e experiência religiosa proporcionada a eles.
Segundo Dias (2003, p.17) o turismo religioso coincide com o turismo cultural por conta da “visita que ocorre num entorno considerado como patrimônio cultural”. Isto significa que um espaço de visitação turística de caráter eminentemente religioso pode ser também um propulsor de uma experiência cultural única, já que ele pode ser considerado um patrimônio cultural material ou imaterial dependendo de como essa cultura é classificada e desenvolvida.
Os rituais festivos segundo alguns antropólogos, sociólogos e estudiosos da área têm inicio quando o homem ainda não era civilizado, era um ser que realizava e participava das festas, geralmente em grupos, mas o seu significado era meramente de diversão/lazer com o sentido vazio, não se tinha um objetivo determinado para executar aquele momento. Mais tarde ele passou a fazer a ligação com as festas e adoração a divindades cultuadas de acordo com suas culturas particulares, com isso percebeu-se que a festa quando olhada na perspectiva de acontecimentos históricos, importantes para o desenvolvimento humano é mais remota que os cultos a determinadas divindades espirituais.
Segundo Mary Del Priore (1994, p. 14) as festas religiosas são “mistos entre o sagrado e profano, tais festas vulgarizam ainda mais um comportamento extremamente devoto por parte das populações, acentuando a identificação entre a igreja e o estado”. Por outro lado, nessas manifestações culturais locais o desejo de lazer, diversão move muitas pessoas a praticar atos que batem de frente com os valores pregados tanto pela igreja como pela própria religião.
È importante destacar que as cerimonias, ritos, cantos, ofertas, orações, e símbolos religiosos abordados como novas experiências de vivencias pelos turistas, representam uma perspectiva valiosa para a vida dos moradores locais que convivem habitualmente e intensamente essas manifestações culturais religiosas. Durkhein (1996, p.375.) ressalta que:
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