NOVAS PROFECIAS: É POSSÍVEL EM NOSSOS DIAS?
Por: Kleber.Oliveira • 24/5/2018 • 7.116 Palavras (29 Páginas) • 399 Visualizações
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O capítulo três, entrará como ponto culminante da revisão de literatura, trazendo os argumentos relacionadas a cessação ou continuação do dom da profecia.
O capitulo quatro, por fim, trará uma resposta a temática de acordo com os apontamentos levantados nesta pesquisa, seguido, por fim, das referências bibliográficas.
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Profecia: origem e definição
2.1.1 Origem
Grande parte dos leitores da Bíblia, pensam que as profecias sugiram no contexto veterotestamentário, mas, na verdade, relatos históricos nos mostram que o profetismo não é particular do povo de Israel. SELLIN e FOHRER afirmam: “A história das religiões e as informações até agora colhidas do Antigo Oriente nos mostram que o profetismo como tal, do mesmo modo como, por exemplo, o sacerdócio, não era uma exclusividade de Israel e do Antigo Testamento.”
SCHMIDT (2004) corrobora com essa ideia afirmando: “Este fenômeno da profecia não surge repentinamente e pronto com Amós (em torno de 760 a.C.), mas aparece de formas variadas em diversas épocas e regiões”.
SICRE (2006) concorda com a citação acima dizendo: “A existência do fenômeno profético fora de Israel, inclusive em culturas diferentes das do Antigo Oriente, é um fato que ninguém põe em dúvida hoje em dia”.
Segundo alguns teólogos, existem três possibilidades de localidades do surgimento das profecias em Israel. Egito, Canaã e Mari. A configuração das profecias nessas localidades tem uma disposição muito semelhante do contexto bíblico.
SICRE (2006), faz jus a essa firmação com relatos históricos do profetismo na Mesopotâmia:
Afirma-se que as civilizações que se sucederam nessa área (sumérios, babilônios, assírios, caldeus) deixaram inúmeros vestígios adivinhatórios ou mágicos –observação dos astros, do fígado, do vôo dos pássaros, dos movimentos circulares do óleo em um vaso, da forma das nuvens, mas nada ou quase nada a que possamos aplicar o termo de profecia.
O mesmo escritor também mostra a semelhança entre a profecia bíblia e o profetismo anterior. A localidade em questão é Mari, onde o historiador vai descrever a atividade profética da seguinte forma: “Em 1993 descobre-se o palácio real com 25.000 tabuinhas cuneiformes, dedicadas em grande parte a questões administrativas e comerciais”.
Essas informações possivelmente podem trazer desconforto aos leitores, que pensavam no profetismo como exclusividade do povo de Israel. Todavia, isso não deve trazer preocupação, mas sim uma reflexão. SICRE (2006) explica melhor a reflexão que precisa ser feita diante dessas descobertas:
“...admitir que a profecia de Israel, nas suas remotas origens dos séculos XI e X, oferece pontos de contato com Mari e Canaã [...] Contudo, os profetas hebreus mais tarde se distanciaram deste universo, como demonstra a maneira tão diferente de atuarem Elias e os profetas de Baal (1 Reis 18). E este abismo será ainda maior a partir do século VIII, quando a profecia chega à sua época de maior esplendor (Amós, Isaías, Oséias, Miquéias)”.
Quanto a origem, os pontos de contato são nítidos, mas o distanciamento no que diz respeito a atuação profética bíblica com as citações acima é progressivamente enorme. Portanto, esses são os relatos que apontam a origem e semelhança da profecia dentro e fora de Israel.
2.1.2 Definição
Augustus H. Strong (2002), considera a profecia no seu sentido estrito de simples predição, afirmando que: “Profecia é a predição de eventos futuros em virtude de uma comunicação direta de Deus – predição, portanto, que, apesar de não contrariar quaisquer leis da mente humana, se plenamente conhecidas, sem a atuação divina, não se explicariam suficientemente”.
FEE E STUART (2011) tem uma ideia mais abrangente de profecia:
A dificuldade primária para a maioria dos leitores modernos dos Profetas tem sua origem numa compreensão prévia inexada da palavra Profecia. Para a maioria das pessoas, esta palavra significa aquilo que aparece como a primeira definição na maioria dos dicionários: O prenúncio ou a predição daquilo que está por vir. Acontece, frequentemente, portanto, que muitos cristãos se referem aos Profetas somente para predições acerca da vinda de Jesus e/ou certos aspectos da era da Nova Aliança – como se a predição de eventos muito distantes dos seus próprios dias fosse a preocupação principal dos Profetas. Na realidade, usar a profecia desta maneira é altamente seletivo. Considere nesta conexão as seguintes estatísticas: menos de 2 por cento da profecia do Antigo Testamento é messiânica. Menos que 5 por cento especificamente descreve a era da Nova Aliança. Menos de 1 por cento diz respeito a eventos ainda vindouros. Os profetas realmente anunciavam o futuro. Mas, usualmente, era o futuro imediato de Israel Judá, e doutras nações que existiam em derredor, que anunciavam e não o nosso futuro.
Pastor Fábio[1] (2011), em seu trabalho de conclusão de curso, traz uma enriquecedora contribuição para o entendimento do termo profecia no Antigo Testamento:
A profecia veterotestamentária antes de qualquer coisa é uma iniciativa divina que hora intervém na história dos humanos (em suas respectivas épocas) e hora não. Sendo que há um locutor chamado de profeta. Este é o primeiro a se relacionar com iniciativa de Deus, vindo após o relacionamento dos humanos com o Deus notícia. Profecia bíblica segundo BUBER é uma forma divina de relacionar-se como humano com os humanos. Moltmann concorda, só que ele acrescenta: é uma forma escatológica de Deus se relacionar com os humanos. Para Moltmann Deus é escatológico em tudo.
Profecia de acordo com Buber e Moltmann, tem um caráter relacional, no qual, Deus usa meios criados para comunicar-se com a criação. Nesse sentido, profecia é a Palavra de Deus direcionada a sua criação. A grosso modo, uma definição mais coerente de profecia seria: a palavra de Deus, sendo a sua voz a própria profecia.
Numa leitura dos dois Testamentos, perceberemos que a centralidade da questão é a palavra que alguém se utiliza. Basicamente, onde Deus fala é profecia. A própria Escritura hoje é vista como a profecia de Deus, ou seja, por onde Deus fala. Assim, sem pretensão de entrar nos pormenores, basicamente se define profecia, sendo ela, a voz de Deus sobre sua criação.
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