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Sociologia dos Conflitos

Por:   •  2/12/2017  •  1.337 Palavras (6 Páginas)  •  514 Visualizações

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A explicação para a eclosão da Primeira Guerra do Ópio foi a queima do estoque britânico da droga. Contudo, essa foi a causalidade direta que parece declinar ao se investigar os episódios específicos que a precederam. (BONANATE, 2001).

Na época, a China era governada pela Dinastia Qing, a qual percebeu que para melhor contralar a sociedade chinesa e se manter no poder, seria interessante manter uma política que objetivava a ignorânica dos chineses para com a modernidade. Assim, os Qing acentuaram o caráter fechado do país em relação aos estrangeiros (SPENCE, 1995).

A Grã-Bretanha precisava encontrar consumidores para os seus excedentes de produção, neste contexto, a China, país mais populoso da Ásia, despertava a atenção dos britânicos, pois o potencial impacto da demanda chinesa era importante para a sua economia. Porém, o único porto no território chinês aberto aos estrangeiros era o de Cantão, isso dificultava a entrada de produtos britânicos.

Os britânicos apreciavam os produtos chineses, como seda, chá e porcelana, mas os chineses, possuidores de valores diferentes, não apreciavam os produtos da nova indústria britânica (SPENCE, 1995). Em todas as sociedades pressupõem um determinado acordo geral sobre valores fundamentais, e concamitantemente todas implicam em conflitos (BALTAZAR, 2007).

Na China, entre os conselheiros do Imperador existiam conflitos sobre a questão do ópio. Havia os que defendiam a legalização do seu comércio, e outros consideravam que o Imperador devia ser ainda mais rigoroso com a questão do ópio (SPENCE, 1995). Para que um conflito se processe, basta que existam opiniões divergentes dentro de um aglomerado social (BALTAZAR, 2007), ou entre dois Estados.

O comércio podia ter promovido a paz entre duas nações, pois quando negociam entre si, tornam-se reciprocamente dependentes se uma tem interesse em comprar e a outra interesse em vender (BONANATE, 2001). Porém, a China não possuía o interesse nos produtos britâncios, com exceção do ópio, único produto que despertava os interesses dos chineses.

Dessa forma, ao analisar os fatos que antecederam a guerra é possível verificar que antes da sua eclosão os conflitos entre os Estados e entre os cidadãos chineses já existiam, conflitos estes inevitáveis. A queima do ópio foi apenas a oportunidade aproveitada pela Grã-Bretanha, a fim de impor seus projetos imperialistas, compreendidos segundo a hegemonia polítco-econômica, isso pode ser explicado por meio da Teoria da Utilidade.

B. Bueno de Mesquita 1 (1992, citado por BONANATE, 2001, p.107) que apresenta uma Teoria da Utilidade proporcionada pela guerra; segundo esta teoria, o cálculo da guerra não seria outra coisa senão o mais racional e meditado produto de uma análise “quase econômica” das vantagens que se poderiam tirar de uma guerra (BONANATE, 2001, p. 107).

Por fim, tendo em vista que os conflitos são inerentes à vida na sociedade, o conflito entre a Grã-Bretanha e a China era inevitável, ou melhor, os conflitos são onipresentes na vida social, ainda que possam assumir formas muito diversas e a guerra é a forma extrema (BALTAZAR, 2007). A Guerra foi uma opção da Grã-Bretanha para alcançar seus objetivos comerciais, mas o conflito poderia ser tratado mediante outros meios.

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1 A apresentação mais atualizada desta proposta é a de B. Bueno de Mesquita e D. Lalman, War and Reason.

Domestic and International Imperatives. New Haven: Yale University Press, 1992

4 - CONCLUSÃO

No decorrer deste estudo, buscou-se correlacionar a transformação econômica no século XIX com a eclosão da Guerra do Ópio para que fosse possível responder a questão central deste trabalho.

A origem dos conflitos encontra-se na estrutura social (BALTAZAR 2007). Se dentro da sociedade chinesa havia interesses antagônicos, entre sociedades com valores tão diferentes, estes eram ainda maiores. Em situações assim é normal que algum Estado assuma posição de domínio relativo a o outro, e o conflito surge da atitude deste outro não aceitar este domínio (BALTAZAR, 2007).

A Grã-Bretanha possuía interesses comerciais em jogo, um aparato militar superoior ao da China, o que a permitiu aproveitar a oportunidade para ganhar vantagens deste conflito.

Concluindo, os comportamentos dos indivíduos demonstram que os conflitos existiram, existem e sempre existirão como forma de garantir a sobrevivência de uma sociedade.

REFERÊNCIAS

BALTAZAR, Maria da Saudade. (Re)Pensar a Sociologia dos Conflitos: a Disputa Paradigmática entre a Paz Negativa e/ou Positiva. Revista Nação e Defesa. Lisboa, Portugal. 3ª série, nº 116, 2007. ISSN: 0870-757X. Disponível em: http://www.idn.gov.pt/publicacoes/consulta/NeD/NeD116/NeD116.pdf>. Acesso em: 26 mar. 2015.

BONANATE, Luigi. A Guerra. Tradução de Maria Tereza Buonafina e Afonso Teixeira Filho. São Paulo: Estação Liberdade, 2001.175 p. Título original: La Guerra.

HEILBRONER, Robert L. A formação da sociedade econômica. 2. ed. Rio de Janeiro, 1974.xxx p.Título original: The Making of Economic Society.

SPENCE, Jonathan. Em busca da China Moderna: Quatro séculos de história. Tradução de Tomás Rosa Bueno e Pedro Maia Soares. São Paulo: Companhia

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