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O BAMBU NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Por:   •  16/10/2018  •  2.585 Palavras (11 Páginas)  •  295 Visualizações

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Segundo Teixeira (2006), as aplicações do bambu como material na construção civil são múltiplas, como por exemplo: esquadrias, telhados, paredes, escadas, pisos entre outras, podendo ser empregado tanto in natura quanto processado. A forma natural, gera uma aparência de produto regional com produção artesanal ou semi-artesanal. Ao passo que os produtos industrializados são na verdade componentes que podem ter diversas aplicações, muitas vezes sendo transportado e adaptado a citação variada, independendo da cultura regional de onde será empregado.

PLANEJAMENTO

A estrutura da casa segue um princípio básico de pilares e soleiras. São dois tipos de pilares: os de fechamento que são os suportes para a sustentação das paredes, portas e janelas; e os pilares estruturais, que vão até o telhado, criando uma espécie de esqueleto da casa: são oito pilares estruturais na fachada frontal e oito na posterior, mais dois em cada fachada lateral. Detalhe: tudo de bambu.

As soleiras são peças de amarração que percorrem todo o perímetro da casa, paralelamente ao piso, a uma altura de 2,70 m. Foram desenvolvidas com duas estruturas: a central para a construção das paredes e acessórios, como portas e janelas, e a externa para apoio do beiral. Já as estroncas auxiliam no apoio da cobertura.

Esse sistema permitiu que a casa tivesse um vão livre central de seis metros, unindo a sala de estar e a cozinha.

As estruturas com bambus são leves, resistentes e com características diferenciadas das convencionais. Os bambus possuem feixes fibrovasculares mais concentrados que formam uma fração fibrosa, conferindo à planta elevada resistência mecânica como tração, compressão e flexão dependendo da espécie e idade dos colmos (o tipo de caule).

O projeto, além de ser sustentável, é versátil e de baixo custo. Descartando as formas tradicionais, a fundação da casa foi feita com manilhas, preenchidas com concreto ciclópico e vigas pré-moldadas, que sustentam a laje de piso do projeto. E utilizou, ainda, outros materiais, como as pedras para revestimento de uma das fachadas laterais, e o eucalipto para a rampa de acesso - material especificado por ser mais resistente a intempéries.

As paredes receberam quadros de madeira grampeados com chapas de ferro laminado, nas quais foram aplicadas argamassa com simples desempenadeiras. O resultado é uma parede comum, mas que dispensa o uso de tijolos.

Para completar o caráter ambiental da casa, no telhado foi projetado um jardim. Na cobertura foram instaladas as mesmas chapas de ferro, aparafusadas no próprio bambu, com uma camada de argamassa de 4 cm. O material foi coberto com uma manta com geotêxtil que, por sua vez, foi sobreposta com uma camada de 6 cm a 7 cm de terra. Já com a terra, foram colocados os rolos de gramas e arranjos com bromélias e outras flores de raízes rasas.

A escolha do bambu é ecologicamente correta. Além das poucas exigências do solo, dependendo da espécie e do uso, o bambu, após três anos de vida, permite em média dois cortes anuais e possui um dos mais rápidos crescimentos no reino vegetal. Segundo Llerena, que foca seu trabalho em arquitetura ecológica, "o bambu é autorrenovável e autossustentável, quanto mais se corta, mais fortalece a moita, que cresce sem parar, sem esquecer os critérios de corte e manejo".

A planta, após ser retirada da mata, deve ser tratada para evitar o ataque de carunchos e fungos. Na obra da casa em Niterói, os bambus passaram por um tratamento químico com solução à base de sal inorgânico, chamado octaborato disodico tetrahidratado. O produto é aplicado por injeção nos entrenós dos bambus, utilizando uma bomba de pulverização agrícola.

TIPOS DE BAMBU NO BRASIL

No Brasil, de acordo com Filgueiras e Gonçalves (2004), as espécies nativas são, em sua maioria, enquadradas na categoria ornamental e estão associadas a um meio ambiente específico – como a Floresta Atlântica, com 65%; Amazônia, com 26% e 9% nos Cerrados – possuindo 34 gêneros e 232 espécies de bambus nativos (174 espécies são consideradas endêmicas).

Dentre os bambus lenhosos, o Brasil possui seis gêneros com 129 espécies endêmicas, destacando-se os gêneros: Merostachys, com 53 spécies; Chusquea, com 40 espécies; e, Guadua, com 16 espécies (Figuras 18 e 19). Entre as espécies introduzidas, destacam-se aquelas pertencentes aos gêneros: Bambusa 47 (espécies: blumeana, dissimilator, multiplex, tulda, tuldoides, ventricosa, vulgaris, beecheyana), Dendrocalamus (espécies: giganteus, asper, latiflorus, strictus), Gigantochoa, Guadua, Phyllostachys (espécies: áurea, purpuratta, bambusoides, nigra, pubescens), Pseudosasa, Sasa e Sinoarundinaria.

A maioria das espécies plantadas no Brasil é originária dos países orientais, com exceção do gênero Guadua, que tem sua origem na América, possuindo várias espécies nativas no Brasil, com existência de aproximadamente sete milhões de hectares, no Estado do Acre, da espécie Guadua weberwarii Comercialmente, no Brasil, o Grupo Industrial João Santos, por meio da Indústria Itapagé, produz sacos para embalagem de cimento Portland com celulose de bambu. Sabe-se de dois plantios de grande porte da espécie Bambusa vulgaris, para fabricação de papel: um no Maranhão, no município de Coelho Neto, com 20.000ha e outro em Pernambuco, no município de Palmares com 16.000ha. Pequenos plantios da espécie Phylostachys aurea (cana-da-índia), utilizados para construção de móveis e varas de pescar, são frequentes no sul da Bahia, em Minas Gerais, Rio de Janeiro e no interior de São Paulo. A espécie Phylostachys pubescens (bambu mossô), trazida ao Brasil pelos imigrantes japoneses, no princípio do século passado, é muito encontrada no interior do Estado de São Paulo, onde se instalaram suas colônias. É dessa espécie que são retirados os brotos de bambu, muito utilizados na culinária japonesa e também plantas para paisagismo.

Originário da Ásia, o Dendrocalamus asper (Figura 23) é encontrado no Rio de Janeiro (RJ) e em Campo Grande (MS). Esta espécie costuma ser chamada de "bambu-balde", pela grande diâmetro do colmo, podendo chegar a 25 cm de diâmetro e cerca de 25 m de altura. Seus brotos são comestíveis e, quando jovens, apresentam penugem áspera, marrom, quase dourada.

O maior bambu de todos é o da espécie Dendrocalamus giganteus), que pode chegar a uma altura superior a 35 m e diâmetro de até 35 cm. Segundo Pereira e Beraldo (2007), organismos internacionais ligados à cultura do bambu (INBAR,

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