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Matrizes Curriculares dos cursos de Secretariado Executivo do Brasil

Por:   •  6/2/2018  •  4.651 Palavras (19 Páginas)  •  416 Visualizações

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Nesse sentido, buscou-se analisar as matrizes curriculares da Universidade Federal de Viçosa (UFV), da Universidade Federal do Ceará (UFC) e da Universidade Estadual do Oeste do Pará (UNIOSTE), as quais atualmente são referência nacional na formação de Secretários Executivos. Elas influenciam, de certo modo, os outros cursos do país, uma vez segundo a classificação do MEC (sistema e-MEC)[1], elas obtiveram as melhores classificações no Enade 2012 (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes).

Desse modo, as três matrizes selecionadas foram das universidades federais melhor avaliadas no Enade, e é sobre o Referencial Teórico que norteou nossas análises que trataremos no capítulo a seguir.

2 – Referencial Teórico

2.1 – A profissão de secretariado

A profissão de secretário surgiu com os escribas na época da Dinastia Macedônica, sendo, então, exclusivamente exercida pelos homens. Segundo Sabino e Rocha (2004), o escriba dominava conhecimentos diversos além da escrita, como a matemática, a história e a literatura do seu país, o domínio de outras línguas, a contabilidade e os processos administrativos, detendo cargos de grande prestígio na sociedade, sendo demandados até mesmo por Imperadores.

Esse cenário se manteve até a Primeira Guerra Mundial, quando os homens precisaram abandonar os postos de trabalho e irem para a guerra. Logo, as empresas começaram a contratar mulheres para assumir o ofício de secretariar, o qual anteriormente competia aos homens. Devido ao êxito que elas obtiveram na execução das tarefas nos escritórios, conquistaram definitivamente o cargo de secretárias, e portanto, a profissão tornou-se, segundo Reis (2012), eminentemente feminina. Porém, a entrada da mulher levou a uma certa desvalorização da profissão. De acordo Reis (2012), tal fato aconteceu porque, como elas faziam parte de uma classe socialmente considerada inferior, desprovida de acesso ao conhecimento formal, às mesmas eram pagos salários inferiores, o que estimulava as organizações a contratarem as mulheres para aquele cargo, mas não necessariamente valorizarem-nas como profissionais.

No Brasil, a profissão tornou-se conhecida na década de 1950, com a chegada das indústrias multinacionais. Na época, o profissional possuía apenas atribuições técnicas, como datilografia, taquigrafia, arquivística e atendimento telefônico, e era considerado um símbolo de status gerencial

(NATALENSE, 1998). Nesse período a profissão ainda era vista exclusivamente como feminina e técnica, e os profissionais tinham obrigações quanto à vida particular e familiar de seus chefes, realizavam trabalhos fora do turno. Nos anos 60 pode-se destacar o fato de os atributos estéticos serem um fator para a contratação de secretárias, consoante (REIS, 2012). Além disso, nessa época não havia formação especializada para o exercício da profissão (só no ano de 1969 é que surge a primeira graduação em Secretariado Executivo do Brasil, na UFBA).

Já os anos 70 e 80 marcam importantes mudanças na profissão, com a inserção de modelos de administração participativa, quando os Secretários Executivos puderam fazer parte das equipes de trabalho de maneira mais contundente. O reconhecimento profissional também se reforçou com a aprovação da Lei nº. 7377, de 30-9-85 (complementada pela Lei nº. 9261, de 11-01-96), que reconheceu a profissão de Secretariado Executivo em âmbito nacional, considerando-na não mais uma simples função, como até então era vista (NATALENSE, 1998).

Dos anos 90 até hoje, o profissional buscado pelas empresas é aquele que possui, além de habilidades técnicas, habilidades gerenciais. Segundo Natalense (1995, pg.32), “[...] a secretária terá sempre as mesmas responsabilidades que seu executivo, porém atuando numa linha hierárquica e funcional diferente”. Tal fato dá ao profissional maior autonomia nas organizações. A formação na graduação em Secretariado Executivo deve, assim, possibilitar ao egresso, conforme assinalam as Diretrizes Nacionais Curriculares:

exercício de funções gerenciais, com sólido domínio sobre planejamento, organização, controle e direção; [...] utilização do raciocínio lógico, critico e analítico, operando com valores e estabelecendo relações formais e causais entre fenômenos e situações organizacionais; [...] habilidade de lidar com modelos inovadores de gestão; [...] gestão e assessoria administrativa com base em objetivos e metas departamentais e empresariais (BRASIL, Resolução Nº 3, de 23 de junho de 2005) 2

Portanto, pode-se inferir que, hoje, o profissional está apto a atuar como gestor, articulador e empreendedor, além de possuir em conhecimentos em diversas áreas, que o possibilitam assessorar os mais diversos níveis hierárquicos das organizações públicas e privadas.

2.2 – Diretrizes Nacionais Curriculares

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De acordo com as Diretrizes Nacionais Curriculares, dispostas na Lei das Diretrizes e Bases da Educação (LDB, 1996)[2], o objetivo das Instituições de Educação Superior (IES) é oportunizar o conhecimento na teoria e na prática das áreas de estudo em prol da formação de profissionais capazes de exercer com êxito seu papel nas organizações.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional instituiu como responsabilidade dos cursos de graduação possibilitar uma formação profissional que corresponda às competências demandadas pelo mercado para cada tipo de profissional. Nas Diretrizes Nacionais Curriculares de Secretariado Executivo, estão descritos os componentes e conteúdos curriculares, o perfil do aluno, as competências e habilidades, a duração do curso de graduação, as atividades complementares, o sistema de avaliação, o estágio supervisionado e o trabalho de curso (opcional no caso do Secretariado Executivo). Tais direcionamentos são seguidos pelas instituições de ensino ao estabelecerem as Matrizes Curriculares dos cursos que oferecem, e é disso que trataremos a seguir.

2.3 – Diretrizes do Curso de Secretariado Executivo

Em 2002, foram aprovadas as primeiras Diretrizes Nacionais Curriculares dos Cursos de Secretariado Executivo no Brasil. Três anos depois, houve uma revisão de tais diretrizes. Elas definem o referencial teórico-prático orientador das ações pedagógicas a serem desenvolvidas no processo de ensino-aprendizagem, no intuito de auxiliar o projeto pedagógico dos cursos de graduação da área, de modo a estabelecer relação entre o conhecimento

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