GEORG SIMMEL E A SOCIOLOGIA
Por: Lidieisa • 24/5/2018 • 2.269 Palavras (10 Páginas) • 396 Visualizações
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Todos pagam um preço muito caro para usufruir da liberdade, mas ao mesmo tempo nos é roubado o conhecimento e os meios para uma vida autônoma e independente.
Para algumas pessoas, liberdade é ter qualidade de vida, trabalhar numa boa empresa, conquistar um cargo gestor, um bom salário. Por outro lado, para outras pessoas a liberdade está em ter horários fixos para entrar e sair, almoçar todos os dias no mesmo horário, morar perto do trabalho, como forma de evitar os grandes congestionamentos, poder chegar em casa cedo e jogar uma partida de videogame com o filho, ou trocar alguns passes de bola com ele na quadra do condomínio, estar de folga em todos os finais de semana. Apesar de alguns abrirem mão por outros benefícios, o que é basicamente uma utopia, para que mora nas grandes metrópoles.
- UMA VIDA ESTRESSANTE
A principal característica da sociedade pós-moderna é a pressa generalizada, que atualmente, exige-se pressa em tudo o que se vivencia, seja nas respostas eletrônicas, na expectativa das respostas sociais ou na velocidade do crescimento humano. Outra razão para o desenvolvimento e a manutenção da pressa é o reforço recebido de chefes nas empresas, de professores nas escolas e dos pais, na família. Fazendo com que todos sejam apressados, forçando a concluírem suas tarefas em menos e menos tempo.
Segundo a IPCS (Instituto de Psicologia e Controle do Stress, 2013) em uma cidade grande igual a São Paulo, por exemplo, onde 37% das pessoas se declaram estressadas, por viverem freneticamente, as realizações tornam-se prioridade mesmo que tenha custos, na maioria das vezes, custos muito altos para a saúde, qualidade de vida, e para as relações interpessoais, que ficam enfraquecidas. O homem atual raramente tem contato de verdade com o outro, ele simplesmente é colega, é conhecido, porém não partilha das raízes das amizades profundas. Isto até é desejado, mas sua agenda não o permite. O resultado é a sensação de solidão, de desapego, de menos valia dos outros e, de si mesmo.
A ansiedade e o estresse ocorrem independentes de idade ou sexo, na correria do fazer muitos não notam os sinais dados por doenças muitas vezes graves. Doenças graves que parecem surgir repentinamente deram seus avisos por meses, o corpo reclama por meio de sintomas e mal-estares. Porem ignorados, por não tem tempo a perder.
Além de enfrentar uma intensa rotina de trabalho, quem vive nas grandes cidades precisa lidar diariamente com fatores bastante desgastantes como o trânsito e a violência. Embora muitos tenham se acostumado ao ritmo dos grandes centros urbanos, enfrentar a rotina dentro deles gera muito mais do que um desgaste físico e emocional. É importante pensar em meios de reduzir a pressa existente na sociedade e em cada um de nós. É preciso ter coragem para abdicar de uma parcela do sucesso que, embora tentador, pode também acelerar o fim da vida.
- O CÁLCULO, O DINHEIRO E O RELÓGIO
A metrópole capitalista extrai do homem uma quantidade de espírito diferente da que a vida rural passa pela presença excessiva do dinheiro, como medida de todas as coisas para se tornar um preço até mesmo os relacionamentos pessoais são afetados por esta lógica. A economia do dinheiro contribui para a atitude blasé ao neutralizar o poder de discriminar, pois o dinheiro nivela todas as diferenças existentes, assim com ritmo de vida muito acelerado e influências mentais que se dão mais lentamente e o indivíduo é induzido a reagir com a cabeça, ao invés de com coração.
SILVA (2009, p. 48) estabelece que: “Uma como as pessoas sentem e pensam é a alteração da maneira das marcas dessa distinção [...]. Essas diferenças produzem seus efeitos, diferenciando a própria construção do espaço urbano pelo o homem.”
O dinheiro que é o fator tão essencial na vida de hoje nessa sociedade capitalista, tão importante que algumas pessoas chegam a comparar com o ar que respiramos e isso se dá pela dominação que o capitalismo reproduz nas pessoas para que sejam mais obsessivas por algo ou o dinheiro em si, sem se importar com qualquer outra coisa.
- BLASÉ OU NÃO BLASÉ: EIS A QUESTÃO
A metrópole cria um modo de vida com tantos estímulos e com um ritmo de vida tão acelerado que o metropolitano, como defesa tende a reagir menos emocionalmente e mais com a inteligência ou a quase não reagir (atitude blasé). Essa atitude é um dos dois extremos do comportamento humano influenciado pela vida moderna, no qual a pessoa, em meio à economia do dinheiro e controle rígido do tempo, mergulha em sua própria subjetividade sem se envolver com o ambiente externo.
“Na metrópole, como as pessoas passam por dezenas, centenas de outras, se elas dessem a mesma atenção às outras tal como na cidade pequena, não sobraria tempo para mais nada. Dessa forma, podemos afirmar que a atitude blasé e o isolamento funcionam uma espécie de defesa, produzindo indivíduos que andam pelas rua sem sequer dirigir o olhar para os passantes.” SILVA (2009, p. 50)
- SOBRE A PRISÃO E A LIBERDADE
A prisão ao capitalismo existe principalmente nas metrópoles, através da pressão exercida por ele sobre os cidadãos que nelas habitam; pressão essa de ter e viver uma vida baseada no consumismo e, no geral, que contribui para uma necessidade de seguir todas as suas “regras”, fazendo com que o individuo tenha apenas certa liberdade pessoal. Mas, mesmo com todos os fatores que o capitalismo gera, entre escolher a vida da metrópole e a vida de uma cidade pequena, os indivíduos ainda assim escolherão a vida agitada da metrópole, porque as cidades grandes têm um enorme poder atrativo em meio a esse mundo capitalista.
Na certa quantidade de liberdade pessoal que o individuo possui está a elaboração de uma modo de vida que não pode ser imposto por outras pessoas, como disse Simmel, (1973, p.21): “Apenas nosso caráter inconfundível pode provar que nosso modo de vida não foi imposto por outros.” Mas pode haver uma influência, as vezes até sem ser perceptível pelos próprios indivíduos, que é o que o capitalismo faz; influencia às pessoas a viver apoiando-se na materialidade e não na afetividade, isto é, faz com que as pessoas sejam o que elas têm. Caminhos que levam para o mundo da aparência, que levam à substituição do “eu sou” pelo “eu tenho”.
- O GRANDE IRMÃO
Para que o habitante de uma metrópole consiga construir sua própria identidade e seu modo de vida, baseado na influência
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