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Estudo das metodologias no ensino de Matemática

Por:   •  4/5/2018  •  3.852 Palavras (16 Páginas)  •  426 Visualizações

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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Analisando o atual contexto do ensino em matemática

O ensino sempre se manifesta intrinsecamente ligado a um contexto sócio-político-cultural que tem a capacidade de determina-lo. Ensinar matemática, nos dias de hoje, é tarefa de profissionais que além de mestres, precisam ser entusiastas, pois, devido à má fama que a disciplina historicamente recebeu por parte de um numeroso grupo discente, a matemática tem necessitado de uma atenção especial no que diz respeito a metodologia de ensino. Apesar do grande afinco de vários profissionais da área em realizar estudos afim de melhorar a qualidade do ensino da matemática, no Brasil, o resultado das avaliações de larga escala tem mostrado que os brasileiros possuem resultados insatisfatórios de proficiência em matemática, ficando aquém do esperado (MÜLLER, 2012).

Contudo, o baixo desempenho em matemática não é uma realidade apenas brasileira, mas de muitos países. Segundo uma recente pesquisa da especialista Patrícia Sadovsky, o cerne da má fama da disciplina se deve à abordagem superficial e mecânica realizada pela escola. Alguns conteúdos em matemática, são abordados na escola através de métodos de ensino pouco estimulantes que utilizam, por exemplo, a memorização. É possível encontrar profissionais que ainda recorram a métodos de ensino mais antigos, como por exemplo quantificar objetos com pedrinhas, ou professores que se fazem meros palestrantes repetindo, de maneira enfadonha, suas mesmas aulas, ou até mesmo aulas que foram herdadas de seus antigos professores. Nesse cenário, os alunos não participam ativamente da aula, não se sentem motivados a buscar novos conhecimentos, porque suas funções em sala de aula são reduzidas às funções de meros espectadores e de decoradores de fórmulas e métodos, que devem ser reproduzidos em suas avaliações afim de obter aprovação.

[...] rotineiramente, o evento aula de matemática reduz-se à exposição oral feita pelo professor de um conteúdo, por eles escolhido, a ser vencido em tempo pré-definido. O mestre usa, em sua preleção, técnicas e procedimentos padrões, seguindo quase que religiosamente, isto é, sem questionar o que é disposto no livro texto. E mais importante do que tudo, direciona seu trabalho para um aluno padrão por ele imaginado, que não coincide com o aluno real que está sentado à frente. (CARUSO, 2002, p.18).

A maioria dos professores de matemática de hoje, são herdeiros e reprodutores da metodologia tradicional que corresponde à aulas expositivas, calcular por calcular, sem um objetivo prático, e a memorização de fórmulas para reprodução nas provas. Todavia, vale salientar que essa metodologia deu um bom retorno quando o contexto era de uma maior valorização da educação, maior valorização do professor, e existia um engajamento maior dos alunos. Mas esse contexto não existe mais; a educação já não é mais tão valorizada como em outra época, os professores sentem-se desvalorizados em termos monetários e em condições de trabalho, e os alunos já não são mais engajados e interessados como antes.

Além disso, em contra senso à sua formação, o professor é cobrado a todo instante a desenvolver aulas mais dinâmicas, mais atrativas, mais cativantes afim de produzir nos alunos um maior interesse, e um rendimento mais efetivo. Torna-se tarefa do docente entusiasmar os alunos a “demonstrar interesse para investigar, explorar e interpretar, em diferentes contextos do cotidiano e de outras áreas do conhecimento, os conceitos e procedimentos matemáticos” (BRASIL, 1997, p.56). Apesar da, já citada, desvalorização do professor, dele se espera que seja um “milagreiro” em sala de aula, mesmo com o baixo salário, as condições de trabalho, muitas vezes, aviltantes, formação deficiente, etc. É um peso muito grande para um profissional que se fez em um sistema de ensino, dito tradicional e de visão fragmentada, que fora formado também como um espectador e transcritor de fórmulas matemáticas, chegar a sala de aula e fazer algo diferente daquilo que lhe foi ensinado.

Um dos principais reflexos dessa situação é o fato de que em muitas escolas, o que se tem visto são alunos desinteressados, saindo da educação básica cada vez mais com menos conhecimento matemático. Mas nem sempre a matemática foi vista pelos alunos como uma disciplina enfadonha.

Uma análise atenta do fazer pedagógico cotidiano revelará que as crianças que chegam à escola normalmente gostam de Matemática. Entretanto, não será difícil constatar também que esse gosto pela Matemática decresce proporcionalmente ao avanço dos alunos pelos diversos ciclos do sistema de ensino, processo que culmina com o desenvolvimento de um sentimento de aversão, apatia e incapacidade diante da matemática (MIGUEL, 2012, p.375).

Essa realidade exige dos profissionais uma mudança de postura pedagógica, e um estudo detalhado do processo de evolução dos métodos e técnicas de ensino na área de matemática, com o objetivo de buscar os métodos mais acertados, e que respondam às expectativas educacionais da realidade presente. Urge a necessidade de discutir sobre as habilidades e competências exigidas para se compreender a matemática nos dias de hoje. É preciso analisar também, de maneira minuciosa, as implicações da atual postura pedagógica para a prática docente, tanto em suas dimensões teóricas quanto em seu caráter metodológico, visando enxergar além dos conhecimentos específicos e dos procedimentos, a fim de resolver o problema do desinteresse dos alunos em aprender matemática, e dos professores em ensiná-la de maneira a produzir os frutos esperados para a área.

3. A NECESSIDADE DE IMPLEMENTAÇÃO DE MUDANÇAS NA METODOLOGIA DO ENSINO DE MATEMÁTICA

Considerada uma grande referência na área de didática da Matemática, Marie-Jeanne Perrin-Glorian (2010) trabalha na formação de professores desde 1968, época em que começaram a surgir os primeiros institutos de pesquisa dedicados exclusivamente ao ensino da Matemática, segundo ela, existem três problemas recorrentes na metodologia tradicional da Matemática: 1) falta de domínio nos termos matemáticos na escrita (daí vem a dificuldade de entender enunciados de problemas, por exemplo); 2) falhas ao representar matematicamente os problemas (quando é necessário traduzir o que se pede com símbolos, números, variáveis e etc.); 3) lacunas na acumulação do conhecimento (o que gera barreiras difíceis de superar ao longo da trajetória escolar).

Muitos autores defendem que mudanças na metodologia

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