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EMPREEDEDORISMO NA CULTURA DE CACAU

Por:   •  3/4/2018  •  2.360 Palavras (10 Páginas)  •  285 Visualizações

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Podemos concluir que independente do fator que gere a crise, a solução não poderá depender, exclusivamente, da ação governamental. A crise cacaueira teve origem numa praga biológica, atualmente sem solução, restando somente medidas de natureza paliativa.

Dessa forma, a recuperação da região passa, necessariamente, pelo desenvolvimento de outras atividades diferentes, que não tem a ver com a produção de cacau.

Nessa situação, um papel importante passa a ser desempenhado pelo empreendedorismo. Pessoas capazes de detectar oportunidades e de forma inovadora dedicar-se à criação, organização de novos negócios é que são destinadas a transformar seu Know How e habilidades em novos produtos e serviços.

A proatividade dessas pessoas empreendedoras é fundamental para promover o crescimento econômico da região, obter melhores condições de vida de sua população e geração de empregos e renda.

2 CICLO DO CACAU

Durante mais de 200 anos, predominou a monocultura do cacau voltada para o mercado externo na região cacaueira do Sul da Bahia ou Microrregião Ilhéus-Itabuna, com o intuito de reforçar a balança comercial brasileira (CHIAPETTI, 2009). Isso é um commodity, produto de origem primária comercializado nas bolsas de mercadorias.[pic 1]

Durante esse tempo, o território da região cacaueira foi moldando contornos próprios dessa monocultura, com instalações de redes de transportes e comunicação necessárias à distribuição das amêndoas de cacau para os portos com o objetivo de ser enviadas ao exterior. Essas redes, além de transportar pessoas e mercadorias, faziam chegar ordens, a “lei do cacau” (FRANK, 2009), em um período em que o Estado brasileiro delegou aos representantes de ‘uma boa sociedade’ o poder de agir como coronéis.

Fonte: http://www.ilheusbahia.com/images/costacacau.gif

Os cargos de maior prestígio na hierarquia da Guarda Nacional (constituída em 18 de agosto de 1831, em que os membros da sociedade que possuíam dinheiro, prestígio e influência nas decisões locais foram imbuídos de manter a ordem que o Estado não tinha condições de impor) eram ocupados por cacauicultores, no caso o de coronel, seguido pelo de major e capitão. A Guarda Nacional subsistiu até inícios da Segunda Guerra Mundial (VILAÇA; ALBUQUERQUE, 2006), mas as relações sociais, baseadas nas máximas ‘manda quem pode, obedece quem tem juízo’ e ‘é dando que se recebe’, permaneceram e se expandiram.

Inclusas na sociedade local, foram se transformando em diversas formas de exercício do poder local, como o apadrinhamento, mantendo e reforçando mecanismos de exclusão dos grupos perdedores, como foi o caso dos índios (PARAÍSO, 1982), no jogo pela conquista do território regional.

No final do século XIX e início do século XX, o sincronismo entre o aumento da demanda, do preço e da produção do cacau; a falta de mão de obra, o que levava ao aliciamento dos que precisavam de terra para trabalhar, anexando-os aos domínios territoriais dos coronéis; a formação de uma elite latifundiária agrário-exportadora; a ausência do Estado para garantir outra ordem; e o advento do coronelismo na região formaram os elementos necessários para a liberação da energia explosiva do poder local: a junção entre o poder econômico, social, político e das armas nas mãos da elite (FALCÓN, 2010).

O coronelismo oficial durou até a década de 1930, entretanto seu modo de agir permaneceu na sociedade do cacau, sofrendo alterações acentuadas a partir da introdução da vassoura-de-bruxa nos cacauais. É nesse contexto de adversidades que os cacauicultores falam sobre si, como grupo de poder, e sobre os outros que disputam os dizeres e fazeres sobre o território da região cacaueira do Sul da Bahia.

3 EMPREENDEDORISMO

Empreendedorismo significa empreender, resolver um problema ou situação complicada. É um termo muito usado no âmbito empresarial e muitas vezes está relacionado com a criação de empresas ou produtos novos. Empreender é também agregar valor, saber identificar oportunidades e transformá-las em um negócio lucrativo.

Apesar de estarem aparecendo muitas alternativas à crise do cacau, precisamos salientar que essas alternativas são novos empreendimentos. Dessa maneira, podemos concluir que o empreendedorismo é fator predominante na maioria das propostas.

Uma das muitas vertentes e amplamente difundida do empreendedorismo é a classificação de empreendedorismo por necessidade. Essa classificação é usada para analisar o contraste entre regiões no que se refere ao tipo de empreendedorismo. O empreendedorismo por necessidade ocorre mais em regiões em que as oportunidades de trabalho são menos satisfatórias.

Outras modalidades de empreendedorismo têm sido identificadas por outros autores que se dedicam ao tema. Dornelas (2003), estabelece distinção entre empreendedorismo corporativo e empreendedorismo de start-up.

O primeiro aplica-se a empresas já constituídas, e o segundo aplica-se a empreendedores em potencial e a empresas inovadoras em estágio inicial de desenvolvimento. Assim, empreendedorismo coorporativo ou intraempreendedorismo vem se tornado um termo cada vez mais constante para identificar aquelas pessoas que transformam ideias ou realidades dentro de uma empresa (PINCHOT; PELLMAN, 2004).

SACHS (2003) apresenta outra importante modalidade de empreendedorismo: o empreendedorismo coletivo, que pode ser representado por diferentes formas de associação, que vão desde esquemas de caução mútua para microcrédito até cooperativas de poupança e crédito, de produção e comércio, associações de poupança e crédito rotativo (SACHS, 2003). Trata-se, portanto de modalidade próxima à do empreendedorismo social, cujo objetivo não é mais o negócio do negócio, mas o "negócio do social" tem o foco de atuação na sociedade civil e na parceria envolvendo comunidade, governo e setor privado (MELO NETO; FROES, 2002). Veja um comparativo:[pic 2]

Segundo o site ilheusamado.com.br, no ano de 2010, houve um evento na Unidade Regional do Sebrae, em Ilhéus, com o objetivo de transformar trabalhadores informais em Empreendedores Individuais legalizados. Essa ação prioritária, que além da sede, abrangeu outros 27 municípios da região cacaueira, dentro da área estratégica do Território da Cidadania Litoral Sul.

O trabalho, em regime de mutirão, foi realizado de outubro a novembro de 2010. A meta anual do Sebrae local foi legalizar o total de 4.270 trabalhadores

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