ANÁLISE DA TRANSCODIFICAÇÃO DA OBRA LITERÁRIA “O AUTO DA COMPADECIDA DE ARIANO SUASSUNA” PARA ADAPTAÇÃO CINEMATOGRÁFICA DE GUEL ARRAES, SEGUNDO AS REFLEXÕES DE SERGEI EISTEIN
Por: eduardamaia17 • 5/12/2018 • 1.891 Palavras (8 Páginas) • 505 Visualizações
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SUMÁRIO
- Justificativa
- Objetivos
- Metodologia
- Plano de Trabalho
- Referências
- Anexos
1 - JUSTIFICATIVA
A arte literária em comunhão com a arte cinematográfica são formas de expressão humanísticas que vem como reflexão social e política e o surgimento delas, podemos dizer que é a partir de um ciclo, na qual o homem cria estas artes e coloca em prática a sua produção e colhe um resultado e outros homens suspiram de emoção com a apreciação das mesmas.
Ao tratarmos das diferenças da obra cinematográfica e teatral do “Auto da Compadecida” podemos retomar a indagação feita por Terry Eagleton em Teoria da Literatura, “[...] Não haverá no mundo questões mais importantes do que códigos, significantes e leitores? ” Quando o autor se refere a códigos, podemos retomar os estudos semióticos que é a ciência dos signos e dos processos significativos dentro da natureza e da cultura, sendo assim podemos abranger e analisar os códigos presentes dentro da linguagem cinematográfica e teatral, buscando saber qual a importância do livro e do filme, visto que a literatura se relaciona diretamente com as manifestações existenciais do homem, assim também acontece com o cinema, mas há uma linguagem própria e seu caráter visual que desperta a imaginação além dos livros, como se o cinema retratasse o que o leitor imagina no ato da leitura.
O autor Sergei Eisenstein em sua obra “O sentido do filme”, ao discorrer sobre o lugar em que se encontra a palavra e a imagem, ele mostra em poucas palavras como é esse processo entre a palavra e imagem, que tudo começa no ato da imaginação e da criatividade, “Cada palavra foi permeada, como cada imagem foi transformada, pela intensidade da imaginação de um ato criativo instigante. ”
Ao pensarmos em diferenças que há na obra teatral e no cinema, podemos pensar na linguagem nos dois campos, o cinema apresenta uma linguagem indiscutivelmente criadora, onde há uma câmera que não reproduz puramente a realidade, não é um filme da vida real, onde se instala câmeras nos corredores de um hospital para mostrar o que realmente acontece a isso damos o nome de documentário, que não é o tipo de filme que estamos tratando, e sim o filme que tem um poder criador com o objetivo de emocionar o espectador. Sergei aborda em sua obra sobre o poder da montagem dos filmes como um estimulante da emoção.
A questão é que os criadores de numerosos filmes, nos últimos anos, “descartaram” a montagem a tal ponto que esqueceram até de seu objetivo e função fundamentais: o papel que toda obra de arte se impõe, a necessidade da exposição coerente e orgânica do tema, do material, da trama, da ação, do movimento interno da seqüência cinematográfica e da sua ação dramática como um todo. Sem falar no aspecto emocional da história, ou mesmo de sua lógica e continuidade, o simples ato de narrar uma história coesa foi freqüentemente omitido nas obras de alguns proeminentes mestres do cinema, que realizam vários gêneros de filme. O que precisamos, claro, é não tanto da crítica individual desses mestres, mas basicamente de um esforço organizado para recuperar o exercício da montagem em que nossos filmes enfrentam a missão de apresentar não apenas uma narrativa logicamente coesa, mas uma narrativa que contenha o máximo de emoção e de vigor estimulante.
(EISENSTEIN, 2002, p.14)
A linguagem da obra literária se constitui numa forma mais simples do que a linguagem do cinema, a obra O Auto da Compadecida, é um “auto” que vem da palavra actum e significa qualquer obra representada, surgiu em Portugal como forma de representação a peças teatrais, e ficou conhecido como uma das formas mais populares do antigo teatro português. A obra literária é realizada a partir de sucessão de fatos, usando a palavra, a escrita que são constituídas a partir da abstração da realidade, a literatura fica no campo da subjetividade, já o cinema é a partir do simultâneo, é uma representação que posteriormente colherá a emotividade do espectador em relação ao que é projetado na tela. A literatura e o cinema não se diferem uma da outra no poder da criação, porque ambos têm a liberdade para criar, seja nos escritos ou no mostrado. Aristóteles em sua obra “Poética de Aristóteles” no capítulo IX Poesia e “História. Mito Trágico e Mito Tradicional. Particular e Universal. Piedade e Terror. Surpreendente e Maravilhoso” ele vai dizer a respeito de não haver essa distinção, para a nossa contextualização, em lugar de “poeta”, leia-se “roteirista”, de “tragédia”, leia-se “drama”.
O historiador e o poeta não se distinguem um do outro, pelo fato de o primeiro escrever em prosa e o segundo em verso (…). Diferem entre si, porque um escreveu o que aconteceu e o outro o que poderia ter acontecido.
(ARISTOTÉLES, 2008, p.85)
Sendo assim, no desenvolvimento deste projeto vamos diferenciar com clareza o auto da compadecida na sua forma literária e cinematográfica, como ocorreu essa transposição, quais recursos foram utilizados, para tal transformação.
2- OBJETIVOS
2.1 - Objetivo Geral
Analisar e comparar a obra teatral (literária) e a obra cinematográfica.
2.2 - Objetivos Específicos
Analisar, segundo as teorias de Sergei Eistein como ocorreu a transcodificação do teatro para o cinema.
Comparar a linguagem usada no texto teatral e cinematográfico.
3 - METODOLOGIA
A nossa investigação é de cunho bibliográfico crítico-teórico, dedutivo e analítico, e tem como principal objeto o livro O Auto da Compadecida, do autor Ariano Suassuna e o filme O auto da Compadecida, do autor Guel Arraes.
Pretende-se analisar e comparar a obra teatral e cinematográfica, O Auto da Compadecida, para que possamos refletir acerca das diferenças na transcodificação do processo literatura-cinema.
Para as nossas discussões sobreO Auto da Compadecida, utilizaremos os autoresJean-Claude Carrière e Sergei Eistein.
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