Essays.club - TCC, Modelos de monografias, Trabalhos de universidades, Ensaios, Bibliografias
Pesquisar

Fundação de Articulação e Desenvolvimento da Política Pública para Pessoa Portadora de Deficiência

Por:   •  2/8/2018  •  15.053 Palavras (61 Páginas)  •  364 Visualizações

Página 1 de 61

...

- Vulnerabilidade Social, Vulnerabilidade da Pessoa com Deficiência e da Pessoa na Terceira Idade (categoria teórica reflexiva). Categorias Emergentes Barreiras Arquitetônicas/ Barreiras do Preconceito/ Violência Doméstica/ Situação Difícil.

- Resiliência e Estratégias de Enfrentamento (categoria teórico-reflexiva). Categorias Emergentes Enfrentamento das dificuldades/ Sugestões de Mudança.

- Processo Social da Participação e Organização (categoria teórica reflexiva). Categorias Emergentes Expressões da Questão Social/ Vida em Comunidade

A Categoria Teórico-Reflexiva Vulnerabilidade Social Vulnerabilidade da Pessoa com Deficiência e da Pessoa na Terceira Idade

Sujeitos tornam-se vulneráveis em razão da precarização das relações de trabalho e as vulnerabilidades oscilam cotidianamente. É necessário perceber nestas situações um efeito de processo e não de uma situação autônoma, processos que o conjunto da sociedade atravessa. Os processos sociais se originam no centro e não na periferia da vida social. Então, o que está em questão não é “o excluído” e sim o processo social de exclusão.

Para Costa (2004, p.8) há diversos vetores de destituição que se reforçam gerando situações de exclusão e reprodução permanentes. As atitudes, as relações sociais, as interações entre pobres e setores não pobres, a baixa auto-estima, sentimentos de resignação e subalternidade são fatores menos tangíveis, mas que acabam por reforçar a situação de vulnerabilidade na qual se encontram pessoas que estão em estado de pobreza. O reconhecimento de que pobreza é um fenômeno complexo, multicausal, multidimencional, dinâmico e processual tem impacto direto na formulação e execução de políticas públicas de combate à pobreza. Com uma leitura ampliada dos fatores que levam ao empobrecimento se reconhece nos caminhos da sociedade a diversidade de elementos que causam as vulnerabilidades sociais.

“A vulnerabilidade tem sido entendida como uma condição de risco, de dificuldade, que inabilita de maneira imediata ou no futuro aos grupos afetados, na satisfação de seu bem estar – enquanto subsistência e qualidade de vida – em contextos sócio-históricos e culturalmente determinados” (PERONA apud COTOS, 2003, p.67).

Conforme Almeida (2005, p.1), os eventos que vulnerabilizam as pessoas não são apenas de ordem econômica, não é apenas o resultado da ausência ou insuficiência de rendimento para a satisfação das necessidades básicas de sobrevivência, há outras variáveis que caracterizam este fenômeno como – dificuldade de acesso aos bens e serviços socialmente produzidos e a fragilização de vínculos afetivo-relacionais de pertencimento social (discriminações etárias, étnicas ou por deficiência).

Sob o rótulo de excluído estão todos que perderam ou nunca adquiriram vínculo com o social – pessoas idosas, com deficiência, desempregados de longa duração, minorias étnicas, etc. “Excluídos são todos aqueles que são rejeitados de nossos mercados materiais ou simbólicos, de nossos valores” (Wanderley apud Xiberras, 2004 p.17). Na sociedade capitalista, pautada por valores como consumo, lucro, beleza e aparência, as pessoas idosas ou com deficiência são colocadas em um lugar de incapacidade e menoridade, sofrendo discriminações de toda ordem.

Este estigma, imposto socialmente a esta parcela da população, especialmente quando em situação de pobreza, aliada a dificuldade de acesso em áreas como saúde, educação, emprego, lazer e cultura, podem gerar maior fragilidade às pessoas idosas e às pessoas com deficiência, potencializando suas vulnerabilidades.

Pessoas com deficiência e idosos, pela legislação atual, quando em situação de baixa renda, são passíveis de serem “assistidos” pelo Benefício de Prestação Continuada – BPC. A precária condição social e econômica associada à limitação física em função do avanço da idade ou de alguma deficiência (física ou sensorial) faz com que a situação de vulnerabilidade do sujeito idoso tanto quanto a do sujeito com deficiência tenha algo em comum e semelhante.

O meio social supõe uma invalidez para pessoas com deficiência e para pessoas idosas, aproximando-as através de situações de interdições sociais como o não protagonismo, ausência de autonomia, preconceito, o mito da incapacidade e o não acesso aos meios e locais sociais.

Na análise dos dados de pesquisa encontramos a categoria barreiras arquitetônicas como emergente da interpretação da análise qualitativa dos dados em relação à categoria teórico-reflexiva vulnerabilidade social, vulnerabilidade da pessoa com deficiência e da pessoa na terceira idade. A seguir ilustramos com as falas dos sujeitos que foram destacadas para demonstrar a construção dessa categoria emergente:

“Para cadeira em rodas, pois há muito pedregulho.”

“Tenho um amigo de cadeira de rodas que nunca pode ir lá em casa, não tem como passar.”

“Sei que eles não conseguem ir aos lugares.”

“É difícil de entrar, quase sempre com escadarias, meu marido não sai muito de casa, eu saio mais.”

“Onde eu ando não tem nada, é só rua.”

“Não tem acesso nenhum, para uma cadeira de rodas não teria como passar, se eu tivesse que usar uma não sei como seria.”

“Alagamento das ruas, não tem asfalto, não tem nada.”

“Muita sujeira, as pessoas não se conscientizam que têm que cuidar do seu lixo, das sujeiras feitas pelos seus animais, cavalos, cachorros, tudo muito sujo.”

“Para tomar banho.” (necessita de ajuda, pois o banheiro da casa não é adaptado)

“Calçadas altas, muitas pedras nas ruas que não são calçadas e alguns lugares com lixo acumulado.”

“Eu acho que isso o pessoal discrimina muito, no ônibus também tem alguns lugares que não tem acesso para pessoas que andam em cadeira de rodas. Nos bancos não têm problema, os bancos têm acesso para os deficientes, mais têm outros lugares que falta muito acesso para a pessoa deficiente.”

“Tem muitas escadas em todos os lugares e em alguns não tem elevador ou rampa, o que dificulta o acesso.”

“Não há nada.” (rampas, elevadores,

...

Baixar como  txt (97.9 Kb)   pdf (169.1 Kb)   docx (70.6 Kb)  
Continuar por mais 60 páginas »
Disponível apenas no Essays.club