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Assessoria e consultoria em serviço social

Por:   •  18/12/2018  •  5.424 Palavras (22 Páginas)  •  315 Visualizações

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AS ORIGENS DA TEMÁTICA ASSESSORIA/CONSULTORIA NO SERVIÇO SOCIAL

A recorrência ao tema assessoria/consultoria no Serviço Social não é tão recente. Identificamos a remissão a esta, em textos de circulação restrita, em meados dos anos de 19701. Contudo, foi desde então um tema lateralizado na profissão. A temática no Serviço Social sempre esteve ligada a busca de uma nova possibilidade de atuação profissional, para além das ações profissionais classicamente desenvolvidas pelo Serviço Social (intervenção junto aos usuários dos serviços sociais e políticas sociais públicas ou privadas). A remota produção dos anos de 1970 apresenta a assessoria como uma estratégia de atuação que visa à superação da tricotomia de intervenção, à época, do Serviço Social: caso, grupo e comunidade. Aponta para a riqueza da atuação profissional na assessoria, mas já indica a nebulosa compreensão do que seja assessoria, a partir de entrevistas com assistentes sociais que se julgam assessores. O estudo conclui que na realidade poucas dessas atuações. Não faremos aqui uma análise bibliográfica. Apenas recorremos a alguns textos como forma de ilustração. Para reflexões sobre a produção na área, ver Fonseca (2006) e Matos (2006). 3 assessoria e o que há é uma adoção dessa nomenclatura devido ao status que a mesma disponibiliza (VASCONCELLOS; SAVOY; GUIRADO; 1977). Os anos de 1980 apresentam duas importantes questões para o estudo do tema. O primeiro é o artigo sobre assessoria escrito por Balbina Ottoni Vieira (1981) e inserido em seu segundo livro sobre supervisão. Esse artigo, escrito em pressupostos do estrutural funcionalismo, trata da importância da assessoria para assistentes sociais. A segunda questão é a experiência, vivenciada por vários cursos de Serviço Social no Brasil, da criação de campos próprios de estágio junto aos movimentos sociais. Esses trabalhos, mesmo que na época não seja ainda uma assessoria, face à nebulosa relação entre exercício profissional e prática política, foram os percussores das atividades de assessoria que hoje os assistentes sociais desenvolvem no campo das políticas sociais. Os anos de 1990 apresentam um boom da temática assessoria, que está ligado a duas questões. A primeira pela conjuntura de reestruturação produtiva e reforma do aparelho do Estado que exigiu a reorganização das instituições. Nesse processo, o conhecimento do Serviço Social foi solicitado (o que demonstra o reconhecimento acadêmico da profissão) e disponibilizado, tanto na perspectiva da busca da garantia dos direitos da população usuária, como ao contrário com vistas a contribuir para aprofundamento da redução de direitos que a citada reforma e a reestruturação produtiva promoveram. Aqui também há indícios de um elogio inocente dos assistentes sociais ao seu trabalho de assessoria sem perceber que o deslocamento do seu exercício profissional, sem a sua substituição por outro profissional da área, era prejudicial para a população usuária. Por outro lado, fruto do mesmo reconhecimento acadêmico, há importantes experiências de assessorias a implementação das políticas sociais pós Constituição Federal de 1988. Quanto à realização dos campos próprios de estágio, há uma brusca redução destes na maioria dos cursos de Serviço Social do Brasil, fruto da releitura do Serviço Social sobre a factibilidade destes e, em especial, do desfinanciamento da extensão nas universidades. Produção importante sobre o tema é o artigo de Vasconcelos (1998). Nos anos 2000, a temática assessoria/consultoria continua presente em iniciativas profissionais, mas ainda pouco problematizadas sobre o que sejam esses processos. Identificam-se experiências de assessoria com diferentes perspectivas políticas. Importante se atentar para o grande crescimento dos cursos privados de Serviço Social e a estratégia destes na construção de campos próprios, dada a impossibilidade de inserirem o grande número de alunos que têm nas instituições onde atuam os profissionais de Serviço Social nas diferentes cidades brasileiras. Emerge, então, nesse período, textos que se intitulam sobre assessoria, mas que na sua maioria são problematizações ou relatos sobre trabalhos, na sua maioria pontuais, junto a comunidades, movimentos sociais ou entidades de trabalhadores, frutos dessas experiências universitárias. Enfim, pelo que foi visto podemos observar que a temática vem sendo tratada no Serviço Social, contudo não há uma clareza sobre o que seja. Historicamente, o exercício de assessoria está ligado ao status que essa função tem, que está ligado ao reconhecimento intelectual que se dispensa ao assessor. Consideramos importante a clareza do que seja assessoria/consultoria, não como uma forma de supremacia desta. Ao contrário, para que não caiamos no modismo e neguemos outras ações profissionais também importantes, como o trabalho com comunidades, com movimentos sociais e a importância da supervisão de programas e de profissionais.

2. Assessoria e consultoria na área do Serviço Social

A bibliografia do Serviço Social brasileiro sobre assessoria/consultoria é recente e marcada, na sua maioria, por reflexões sobre experiências de assessoria. Essas reflexões, geralmente ricas, são marcadas por uma imprecisão sobre o tema e pela ausência de referência teórica sobre o assunto. Percebemos, em geral, uma nebulosa compreensão de assessoria, ora entendida como a supervisão profissional, ora como trabalho interventivo junto a comunidades ou movimentos sociais, ora como militância política. Longe de isso ser uma mera questão epistemológica, entendemos como importante a desvelação do que estamos, na categoria profissional, chamando de assessoria/consultoria. A importância de uma reflexão sobre assessoria/consultoria para o Serviço Social se dá pelo fato de que a maioria da produção teórica sobre o tema tem sido, em geral, produzida em outra área do conhecimento – o campo da administração de empresas – com vistas a maximização do lucro, pressuposto muito distante do atual projeto profissional do Serviço Social, mas que tem espaço na bibliografia de alguns planos de aula e em textos de Serviço Social sobre o tema. Portanto, a reflexão conceitual sobre o tema é importante com vistas a subsidiar o debate e a produção sobre a assessoria/consultoria no âmbito do Serviço Social brasileiro e do seu projeto ético-político. Assim, hoje, na categoria profissional, quando falamos de assessoria estamos nos remetendo a qual conceito e com quais objetivos? Se observarmos a origem da palavra (FERREIRA, 1999), podemos entender que assessoria é aquela ação que visa auxiliar, ajudar, apontar caminhos. Não sendo o assessor um

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