A HOMOSSEXUALIDADE E OS NOVOS SUJEITOS PARA O SERVIÇO SOCIAL
Por: Sara • 4/1/2018 • 7.764 Palavras (32 Páginas) • 365 Visualizações
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Com debates acerca da questão de gênero, sobre a homossexualidade e como o Serviço Social lida com estes novos sujeitos e as novas demandas que se apresentam, ressaltando ainda a importância de esclarecer a diferença entre a sexualidade e o gênero mostrando que os Assistentes Sociais devem estar preparados para o enfrentamento destas questões que são fruto da evolução da sociedade, o que impõe ao Serviço Social se manter mutável assim como a sociedade.
Existem ainda dois outros pontos importantes a serem debatidos neste trabalho que se fazem de suma importância para a nossa categoria de um modo geral, os quais serão expostos ao longo deste trabalho com o intuito de esclarecer sobre o Serviço Social e o seu papel perante a sociedade, tentando assim quebrar com alguns estereótipos atribuídos a nossa profissão.
Primeiro devemos analisar a história do SESO para compreendermos os motivos que levam a profissão a ter um predomínio feminino bem como as intervenções no campo de trabalho serem majoritariamente direcionadas e efetuadas para com as mulheres levantando a questão do gênero. O segundo ponto e talvez mais importante a ser discutido nesse momento é o que se refere a postura do homem/homossexual enquanto Assistente Social, os pré-conceitos a cerca de sua escolha por esta profissão e a visão dos usuários em relação a presença homem/homossexual nos locais de atendimento.
Salientamos a necessidade de se compreender como a questão de gênero surgiu em nosso país e a definição da categoria gênero, que segundo HÉRITIER (1979) é algo abstrato, fruto de um processo de classificação ou diferenciação entre os sexos, para que posteriormente sejamos capazes de compreender o surgimento da temática acerca da homossexualidade e do papel do Assistente Social em relação a estas novas expressões da questão social que vem se apresentando com maior frequência no cotidiano do profissional.
Os debates acerca da sexualidade se tornaram mais enfáticos a partir da década de 1990, onde as expressões sexuais passaram a conquistar um espaço maior através da luta de homossexuais em busca de reconhecimento por uma igualdade de direitos como qualquer cidadão, o que já vinha aos poucos acontecendo desde o final da década de 70 e no decorrer dos anos 80.
Por muito tempo os homossexuais foram vistos como portadores de distúrbios psicológicos que os levavam a seguir por um caminho que não era considerado socialmente “correto”, com isso passaram a ser tratados com indiferença, com desprezo, a serem excluídos socialmente, gerando diversos problemas, bem como debates em busca de uma solução plausível capaz de minimizar os conflitos que tem se levantado frequentemente na sociedade em torno desta temática.
Expondo desta forma todo a complexidade que gira em torno da evolução da sociedade bem como da tentativa de se romper com os estereótipos ou pré – conceitos que estão imbuídos em nosso cotidiano, cabendo ao Assistente Social estar preparado para o enfrentamento destas questões.
Salienta-se que este trabalho tenta mostrar de maneira mais sucinta a importância de tais debates surgirem durante a formação acadêmica para que sirvam não apenas de base para a formação de um profissional mais ético e comprometido com os interesses coletivos, mas também para transformação enquanto cidadão ciente de que o caminho para uma convivência harmônica em sociedade é ter o “respeito” como pilar de suas ações, buscando desta forma a igualdade e o fim das desigualdades sociais em todas as esferas da sociedade.
2 A ORIGEM DO TERMO GÊNERO
Ao analisarmos as relações de gênero na sociedade, como se apresentam em nosso cotidiano, devemos primeiramente contextualizarmos a origem deste termo, seu significado e os impactos das imposições societárias ligadas ao gênero.
Numa análise mais voltada para o caráter cultural imbuído nas relações de gênero, visamos esclarecer como a sociedade vem se adaptando as mudanças nas relações sociais, na estrutura familiar, nos valores, nas concepções de “certo” ou “errado”, ocorridas nas últimas décadas e que tem influenciado de forma positiva a compreensão acerca do gênero e da liberdade de escolha dos indivíduos. (CERQUEIRA, 2011, p. 171-172).
O termo gênero (Gender no seu original inglês) substituiu o termo sexo, justamente por apresentar uma característica mais imparcial das relações entre homens e mulheres, que procura expressar uma certa igualdade no trato destas relações.
Se tornou mais conhecido e universalizado a partir da IV Conferência Mundial sobre a promoção da mulher realizada em Pequim no ano de 1995, possuindo uma forte ligação com o movimento feminista mundial em busca de direitos igualitários entre os sexos e quebra de paradigmas e estereótipos atribuídos as mulheres.
Foi a partir deste momento que a sociedade começou a compreender que as desigualdades existentes entre homens e mulheres não estão ligadas ao caráter biológico natural do ser humano, mas são oriundas das imposições sociais e culturais da sociedade sobre os indivíduos, onde se determinam os papéis de cada sexo através da subordinação e da submissão e que os indivíduos deveriam exercer total autonomia sobre as escolhas referentes ao gênero e ao papel que cada um quer ou não assumir perante a sociedade (SALLE, apud DI PIETRO, 2000, p. 108-136, IN: CERQUIRA, 2011, p.171-172).
A trajetória do termo gênero é marcada por lutas em busca de direitos civis, políticos, sociais, humanos, pela igualdade e respeito, que tem como objetivo romper com as convenções impostas pela sociedade sobre o que é considerado “certo” ou “errado”, sendo difundido como já pontuado anteriormente pelas feministas, mulheres que buscaram uma revolução nas relações entre homens e mulheres, cansadas de se submeterem aos papéis pré – estabelecidos para elas de inferioridade perante os homens.
Em suma podemos compreender que este conceito acerca do gênero foi formulado nos anos 1970 foi criado para distinguir a dimensão biológica da dimensão social entre os sexos e ressaltando que a maneira de ser homem e de ser mulher é realizada pela cultura, é fruto portanto do caráter civilizatório ao qual somos inseridos enquanto cidadãos.
Uma destas feministas ficou conhecida com a “mãe do feminismo” classificando de forma clara no consistia a categoria de gênero e sexo biológico, Simone de Beauvoir (1949) fez uma definição simples que foi propagada através da frase “ninguém nasce mulher, mas se tornar mulher” ou seja não é sexo biológico que determina
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