Resenha Afetividade
Por: Carolina234 • 24/3/2018 • 3.677 Palavras (15 Páginas) • 720 Visualizações
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Mesmo não sendo um pedagogo, toda sua obra está impregnada de elementos que permitem elaborar uma proposta de educação, o que levou Snyders a afirmar, ao homenageá-lo por ocasião do centenário de seu nascimento no 2º Congresso Internacional de Psicologia da Criança, realizado em Paris, em 1979:
Se chamamos pedagogia o que encontramos em Comenius, em Rousseau ou em Makarenko, isto é, uma teoria geral unida aos meios precisos e minuciosos para praticá-la, segundo as circunstancias, as idades e as diferentes disciplinas, não estou seguro de que o que encontramos em Wallon seja pedagogia (...) o que aprecio nele é o que gostaria de evocar hoje: Wallon me parece o homem que mostra que uma pedagogia progressiva pode existir, que nos garante sua existência e que nos explica em que circunstancias e a que preço. (Snyders, 1979,pp. 99-100)
*Colocou suas ideias de psicólogo e de educador a serviço da reformulação do ensino francês, colaborando no Projeto Langevin-Wallon: o projeto foi o resultado do trabalho, por três anos (1945 a 1947), de uma comissõa de vinte membros, nomeados pelo Ministério da Educação Nacional, com a incumbência de reformar o sistema de ensino francês após a Segunda Guerra (durante a qual Wallon trabalhava na Resistencia Francesa). Inicialmente, o físico Paul Langevin foi designado presidente da Comissão, e, após sua morte, a presidência ficou a cargo de Wallon. A diretriz norteadora do Projeto foi construir uma educação mais justa para uma sociedade mais justa. As ações propostas repousam sobre quatro princípios:
- Justiça;
-Dignidade igual de todas as ocupações;
-Orientação;
-Cultura geral;
A Teoria de desenvolvimento de Henri Wallon
A teoria de desenvolvimento de Henri Wallon é um instrumento que pode ampliar a compreensão do professor sobre as possibilidades do aluno no processo ensino-aprendizagem e fornecer elementos para uma reflexão de omo o ensino pode criar intencionalmente condições para favorecer esse processo, proporcionando a aprendizagem de novos comportamentos, novas ideias, novos valores. Na medida em que a teoria de desenvolvimento descreve características de cada estágio, esta também ofecendo elementos para uma reflexão para tornar o processo ensino-aprendizagem mais produtivo, propiciando ao professor pontos de referência para orientar e testar atividades adequadas aos alunos concretos que tem em sua sala de aula. A identificação das características de cada estágio pelo professor permitirá planejar atividades que promovam um entrosamento mais produtivo entre essas características, conforme se apresentam em seus alunos concretos, e as atividades de ensino.
Por isso a importância de o professor encarar a teoria como um conjunto sistematizado de proposições hipotéticas a serem constantemente testadas, verificadas no confronto com os resultados do processo ensino-aprendizagem do aluno, na situação concreta de sala de aula.
Nesse sentido, uma teoria de desenvolvimento assume três funções paralelas e complementares: dá previsibilidade à rotina, oferece subsídios para o questionamento e o enriquecimento da prática e da própria teoria, possibilita alternativas de ação com maior autonomia e segurança.
Existem dois eixos principais na teoria de Wallon no processo de desenvolvimento:
*integração organismo-meio
*integração cognitiva-afetiva-motora
Integração organismo-meio
A teoria de desenvolvimento de Wallon assume que o desenvolvimento da pessoa se faz a partir da integração do potencial genético, típico da espécie, e uma grande variedade de fatores ambientais. O foco da teoria é essa integração da criança com o meio, uma relação complementar entre os fatores orgânicos e socioculturais. Wallon afirma:
Estas revoluções de ideia para idade não são improvisadas por cada indivíduo.
São a própria razão da infância, que tende para edificação do adulto como exemplar da espécie. Estão escritas, no momento oportuno, no desenvolvimento que conduz a esse objetivo. As incitações do meio são sem dúvida indispensáveis para que elas se manifestem e quanto mas se eleva o nível da função, mais ela sofre as determinações dele: quantas e quantas atividades técnicas ou intelectuais são à imagem, que cada um é a do meio!... (Wallon,1995, p.210)
Na citação acima, Wallon coloca a questão do desenvolvimento no contexto no qual o indivíduo está inserido – a realização do potencial herdado geneticamente por um indivíduo vai depender das condições do meio, que podem modificar as manifestações das determinações genotípicas; o que é melhor explicitado na citação que se segue:
Deste modo, na criança, opõem-se e implicam-se mutuamente fatores de origem biológica e social (...). O objetivo assim perseguido não é mais do que a realização daquilo que o genótipo, ou gérmen do indivíduo, tinha em potencia. O plano segundo o qual cada ser se desenvolve depende, portanto, de disposições que ele tem desde o momento de sua primeira formação. A realização desse plano é necessariamente sucessiva, mas pode não ser total e, enfim, as circunstancias modificam-na mais ou menos. Assim, distinguiu-se do genótipo, o fenótipo, que consiste nos aspectos em que o indivíduo se manifestou ao longo da vida. A história de um ser é dominada pelo seu genótipo e constituída pelo seu fenótipo. (Wallon, 1995, pp. 49-50).
Segundo Nadel-Brulfert (1986) no conjunto de obra de Wallon aparecem três grandes categorias de distinções entre tipos de meios:
- a 1 ª distinção se refere ao tipo de intercambio entre os meio físico-químico, biológico e social;
- a 2ª distinção, específica da espécie humana, e complementar à primeira, indica a superposição do meio social ao meio físico;
- a 3ª distinção, também específica da espécie humana, refere-se a dois tipos de meios: meio físico, espacial e temporãmente determinado, que é o das reações sensório-motoras, dos objetivos atuais, da inteligência das situações e meio fundado sobre a representação, no qual as situações são simbólicas e implicam a utilização de conceitos.
Integração
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