REFLEXÕES SOBRE IDEIAS NA PRÁTICA: CURRÍCULO, CONHECIMENTO E CULTURA

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4ª Ideia – O papel do educador

O papel do educador no processo curricular é, assim, fundamental. Ele é um dos grandes artífices, queira ou não, da construção dos currículos que se materializam nas escolas e nas salas de aula. Daí a necessidade de constantes discussões e reflexões, na escola, sobre o currículo, tanto o currículo formalmente planejado e desenvolvido quanto o currículo oculto. Daí nossa obrigação, como profissionais da educação, de participar crítica e criativamente na elaboração de currículos mais atraentes, mais democráticos, mais fecundos. (Moreira & Candau, 2007, p. 19)

A importância do educador na elaboração do currículo, seja ele oculto ou formalmente planejado e desenvolvido, é inquestionável. Tal importância é evidente no discurso de todos os colaboradores e professores da escola, só que nem sempre o que é proclamado acaba por acontecer. Muitas vezes ideias ou aspectos apontados pelos educadores são simplesmente ignorados ou deixados de lado. Coordenadores ou lideranças pouco capacitadas e com maior poder acabam sobrepondo contribuições dos educadores e impondo ideias incoerentes se comparado com o percurso que a escola deveria seguir. Outras vezes nem mesmo momento de discussão ou oportunidade da palavra aos educadores acontecem. É claro que há casos em que as escolas aproveitam bem o tempo e dão aos educadores espaço para participar com ideias para os currículos e até mesmo alterar seu conteúdo para melhorar a escola.

5ª Ideia – Âmbitos de referência do conhecimento escolar

Que são esses âmbitos de referência? Podemos considerá-los como correspondendo: (a) às instituições produtoras do conhecimento científico (universidades e centros de pesquisa); (b) ao mundo do trabalho; (c) aos desenvolvimentos tecnológicos; (d) às atividades desportivas e corporais; (e) à produção artística; (f) ao campo da saúde; (g) às formas diversas de exercício da cidadania; (h) aos movimentos sociais (Terigi, 1999 apud Moreira & Candau, 2007, p. 22)

Na elaboração do currículo é extremamente importante tomar como referência ideia obtidas em lugares diferentes daqueles que construídos e apenas vivenciados dentro da escola. Quanto mais próximo do que acontece no mundo fora da escola mais relevante e aplicável será o conhecimento escolar desenvolvido pela escola e aprendido pelos alunos. Naturalmente algumas escolas acabam por tomar como referência o que acontece lá fora e utilizando de forma eficaz para o ensino, só que muitas vezes cada um desses âmbitos de referência pode representar por si só um grande desafio:

- Nem sempre as instituições produtoras de conhecimento científico aplicam o rigor exigido para garantir a qualidade do conhecimento gerado. Outras vezes o próprio conhecimento gerado pode estar errado ou até mesmo ter sido criado apenas para cumprir metas do pesquisador, sem levar em consideração a coerência ou aplicabilidade do conhecimento gerado;

- Muitas vezes o mundo de trabalho é repleto de prática “ocultas” e muitas vezes antiéticas ou completamente erradas. Como seria um absurdo abordar tais práticas dentro das escolas acaba-se por ensinar em sala algo que raramente ou até mesmo nunca acontece nas empresas. Assuntos delicados como conflitos e/ou incoerências dificilmente também são tratados;

- A velocidade como que o desenvolvimento tecnológico acontece dificulta que mesmo as empresas e outras organizações consigam implementar em suas práticas. Imagine-se então a escola, onde muitas vezes os próprios educadores são incapazes de compreender novas tecnologias, aceita-las e incorporá-las, forçando os alunos a uma educação velha sem novas tecnologias (que eles já usam fora da escola);

- Para falar da dificuldade em colocar em prática um currículo com conhecimento que tomem como referência este âmbito basta tomar como exemplo a recente intenção do governo brasileiro em minimizar ou até mesmo eliminar disciplinas como artes e educação física das escolar brasileiras. Muitas escolas de ensino infantil e fundamental acabam por também seguir essa linha ou minimizar sua importância;

- Segue a mesma linha do item anterior;

- Ao meu ver pouco explorado e abordado pelas escolas e principalmente em seu currículo escolar;

- São poucas as escolar e professores que acabam por ensinar de forma correta com base em práticas de cidadania corretas já que muito provavelmente nem mesmo a maior parte dos educadores adota tais práticas em sua vida pessoal, tornando-se incoerentes;

- Pouco abordado nas escolas principalmente até o nível fundamental assuntos que tomem como referência os movimentos sociais que acontecem na prática são quase que inexistentes.