Palavras cantadas

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2. DESENVOLVIMENTO

Segundo Euzébio (2013) as brincadeiras cantadas são manifestações envolvendo a coletividade fundamentadas pela cultura popular, embasando-se na liberdade de movimentos e na expressão corporal dos indivíduos. Via de regra, a musicalidade é associada aos movimentos corporais desses indivíduos juntamente com o folclores e a cultura brasileira, como por exemplo na brincadeira denominada ‘Escravos de Jó’ ou nas clássicas ‘Ciranda-cirandinha’ e ‘Marcha Soldado’.

No mesmo sentido, Lara, Pimentel e Ribeiro (2005) apontam alguns benefícios fundamentais das brincadeiras cantadas durante o exercício profissional do pedagogo. Para os autores citados, através das brincadeiras cantadas com enfoque pedagógico torna-se possível despertar um maior interesse por parte dos alunos em face das manifestações culturais, entendendo tais brincadeiras como um método de educação, ludicidade, desenvolvimento rítmico, musical e gestual de contribuição ao desenvolvimento sensorial e de movimento desses alunos.

Brito (2005) ainda ressalta outros benefícios e contribuições na utilização de brincadeiras cantadas com embasamento pedagógico. Para a autora, o processo de escrita dos alunos pode ser impactado positivamente com a utilização de tal dinâmica, desde que o pedagogo tenha capacidade para desenvolver aspectos fundamentais relacionados à escrita juntamente com seus alunos. Alguns exemplos de tal utilização benéfica em face da escrita são apontados em exercícios nos quais os alunos constroem paródias acerca das brincadeiras cantadas, incentivando não tão somente no processo de escrita, mas em todo desenvolvimento intelectual e criativo dos alunos.

O desenvolvimento de potencialidades por parte da criança, de tal modo, é um aspecto fundamental no âmbito dos benefícios provocados pela utilização das brincadeiras cantadas, visto que:

Ao cantar, a criança está correspondendo às suas necessidades vitais e dando vazão a impulsos que lhe permitem desenvolver-se como ser pleno e afirmar a sua existência. É um movimento que faz parte dos seus esforços de compreender o mundo, e que a torna capaz de lidar com problemas até complexos e que muitas vezes tem dificuldade de compreender (EUZÉBIO, 2013, p. 22).

Partindo dessa premissa, podemos contemplar a utilização pedagógicas das brincadeiras cantadas como um processo extremamente benéfico para o desenvolvimento das potencialidades dos alunos. Um aspecto importante para que os benefícios já apresentados no presente estudo sejam plenamente passíveis de alcance, entretanto, incide no posicionamento do professor na criação de um ambiente favorável para tais fins.

De acordo com os ensinamentos de Barros (2010), entende-se que o ambiente no qual são realizadas as brincadeiras cantadas deve ser inteiramente conclusivo. O respeito à diversidade cria uma ambiente harmônico entre as crianças, no qual até mesmo os alunos mais tímidos passam a entrar em um estado de descontração. O ambiente ainda deve favorecer a concentração dos alunos, sobretudo nos aspectos sonoros e corporais.

Assim, entende-se que o professor desempenha um papel fundamental para que as brincadeiras cantadas promovam os efeitos positivos desejados em seus alunos, sobretudo na criação desse ambiente inclusivo que possibilite a participação de todos os alunos de maneira igualitária. No mesmo sentido, entende-se que a postura do professor diante de brincadeiras cantadas pode favorecer de maneira ímpar o processo de alfabetização e de ensino-aprendizagem dos alunos, de modo que:

O professor alfabetizador que assume uma postura positiva em relação aos jogos e brincadeiras como estratégias mediadoras, tem resultados favoráveis no processo de aprendizagem dos alunos. A inserção de jogos e brincadeiras como estratégias mediadoras e a postura que o professor assume na utilização desses recursos na alfabetização promovem a aprendizagem significativa. Os alunos se desenvolvem melhor em atividades propostas pelo professor alfabetizador que se fundamentam em jogos e brincadeiras (RODRIGUES, 2013, p. 86).

Partindo dessa premissa, são incontáveis e incontáveis os benefícios promovidos pelas brincadeiras cantadas sob a ótica da pedagogia. Cumpre-se, de tal modo, realizar um ensaio acerca da importância do brincar, da afetividade e da ludicidade no âmbito da utilização de brincadeiras cantadas no âmbito pedagógico.

Piaget (1978) afirma que o aperfeiçoamento de um indivíduo não segue uma ordem linear e sim evolutiva, desenvolvendo neste trajeto o senso de imaginação. Através dos jogos e das brincadeiras formam-se na mentalidade infantil alguns conceitos e estes ali se fixam para o restante da vida. E é apenas com a compreensão e a fixação de conceitos que se obtém o verdadeiro aprendizado, aquele que acompanha o cidadão sem precisar ser resgatado dos confins da memória.

Dificilmente perde-se a lembrança destes conceitos quanto estes são devidamente percebidos. Brincar e aprender, então, andam lado a lado, visto que na brincadeira a criança encontra um ambiente propício para pensar sem para isto estar se forçando, florescendo o raciocínio, evoluindo os pensamentos, reforçando vínculos sociais, percebendo o meio e enriquecendo habilidades ao mesmo tempo em que supre sua ânsia por diversão.

Ainda segundo Piaget (1978) que o desenvolver da afetividade e da ludicidade favorecem o amenizar do egocentrismo, induzindo a valorização do compartilhamento, como em atividades onde é necessário o trabalho em equipe e desenvolvendo o senso de empatia e solidariedade.

Diferente da cultura competitiva em que há forte incentivo para a competitividade e para a superação das próprias metas, na ludicidade o “ser melhor que” transforma-se em ajudar o outro e a si mesmo para que todos cheguem ao objetivo comum.

É com esta finalidade, também, que a ludicidade é inserida num contexto educativo, para, além de transmitir o conhecimento com mais leveza e interatividade, desenvolver na mentalidade infantil certos conceitos que dificilmente conseguem ser ensinados teoricamente.

Esclarecer o significado de conceitos como a solidariedade e a empatia pode ser possível, de modo que a criança muito bem poderá compreender o que aquilo sugere, contudo, visto que tais definições fazem parte de habilidades desenvolvidas no âmbito sentimental e intelectual é muito mais adequado que se aprenda sentindo.

Através do prazer e da diversão o indivíduo estará se deparando com situações onde se faz obrigatório, inconscientemente, a troca, o compartilhamento, a socialização e o trabalho em equipe e é ali que surgem naturalmente certas sensações que