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ENSINO E APRENDIZAGEM DE LINGUAGEM II

Por:   •  24/9/2018  •  1.563 Palavras (7 Páginas)  •  287 Visualizações

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formas recorrentes e significativas de agir em conjunto, que põem alguma ordem no contexto da vida em coletividade (nos termos de Clifford Geertz, 1983:21); como formas de vida que se manifestam em jogos de linguagem, de tal sorte que a linguagem é parte integral de uma atividade (nos termos de Ludwig Wittgenstein ([1953] 1958:88, § 241) a ponto de o gênero tornar-se um fenômeno estruturador da cultura. (Idem, p. 184)

Há, pelo menos, duas propostas relevantes para o ensino de produção textual na escola que se pautam por uma concepção do escrever como prática social, ambas desenvolvidas em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. A primeira, publicada por Zatt e Souza (1999) na forma de livro, apresenta o projeto desenvolvido por essas duas autoras com seus alunos de sexta série, em duas escolas das comunidades de Morro Alto e Morro da Polícia, na periferia de Porto Alegre. Consiste na troca de impressões dos alunos sobre si mesmos, sua vida, o lugar onde moram, para se conhecer e mapear as variadas vidas em pontos diferentes da cidade de Porto Alegre. A princípio, a publicação do livro foi artesanal e custeada pelas comunidades atendidas pela escola. O livro traz as cartas trocadas entre as professoras-amigas e entre seus alunos.

As professoras encorajaram seus alunos nas práticas sociais de se reconhecerem, se descreverem, narrarem as experiências vividas e conhecerem outras pessoas cursando a mesma série em uma escola diferente, tudo isso por meio de cartas (evidentemente, em vista de os alunos não terem telefone, isso se torna ainda mais significativo).

Essas cartas são uma espécie de desabafo sobre o desafio de tornar significativa a aprendizagem de produção textual dos seus alunos. Conforme expresso na correspondência entre elas, a prática pedagógica baseada no gênero carta pessoal transformou a tarefa, criando uma rede interdiscursiva entre os textos, que pode ser percebida pela alusão a contextos, fatos ou textos compartilhados por eles:

Jane, querida:

Tudo bem? Aqui nas 6ª séries do Gilberto tudo deu ótimo. O clima é de muita euforia com o recebimento da carta coletiva de vocês e com o convite para a publicação conjunta e o anúncio da correspondência eminente [...]. Jane, querida, tu podias me dizer quando chegam as cartas?! Socorro!

Da tua desesperada colega

Cláudia

Amiga Ana:

Acho que já posso ousar te chamar assim a essas alturas dos acontecimentos. Afinal estou enternecida e entusiasmada com a resposta positiva tua e dos teus 42 companheirinhos de viagem ao nosso convite para mapearmos esta cidade com as histórias ímpares que cada um de nós vem carregando por nossas vidas afora. [...] Chegou. Finalmente chegou a resposta de vocês a nossa carta coletiva, e eu posso dizer que o dia aqui foi de muita festa, pois [...] ficaram sabendo o nome dos correspondentes...

Um grande abraço drummoniano igual-desigual pra ti e pra tua gurizada, Jane

Professores de várias disciplinas integrantes do currículo do Ensino Fundamental, tais como Matemática, Educação, Física e Ciências, assumem co-responsabilidade pela produção textual dos alunos. Atividades da vida social do dia-a-dia, como ir ao supermercado e praticar atividade física, tornam-se objeto de reflexão. O gênero escrito escolhido está relacionado ao contexto escolar e pode ser chamado de relatório de pesquisa. Funciona como um relato de uma experiência, compreendida de observação e reflexão, organizadas de maneira metódica, como um embrião da prática de pesquisa e de reflexão crítica que realmente é feita por pesquisadores de diversas áreas. É, assim, uma preparação para a prática de investigação científica profissional.

Aprender com a variedade de gêneros textuais garante ao aluno a oportunidade de conhecer textos que circulam socialmente e através de suas análises sistematizar convecções ortográficas e gramaticais, bem como aperfeiçoar o uso de recursos coesivos, O trabalho com diferentes gêneros textuais deve ser norteado a partir dos blocos de conteúdo propostos para um ensino viável e promissor.

Considerações Finais:

A produção textual com base em gêneros demanda uma descrição detalhada de contextos específicos, a consideração de elementos lingüísticos, que mantêm relação sistemática com o comportamento ou eventos sociais que desejamos explicar (DAVIS, 1995, p. 434). Ao aprender os gêneros que estruturam um grupo social com uma dada cultura, o aluno aprende maneiras de participar nas ações de uma comunidade (MILLER, 1984, p.165). Descobrir como fazer isso consistentemente na sala de aula parece ser o no ensinar línguas é ensinar alguém a ser um analista do discurso, portanto creio que as discussões em sala de aula devem enfocar as práticas linguareiras nas ações específicas do grupo social relevante. Ao discutir a flutuação de uso do termo “gênero” demonstrou a necessidade de discutirmos e refletirmos mais acerca das categorias que usamos para estudar a linguagem acima do nível da sentença para que possamos elaborar um patamar teórico comum que nos faça avançar na pesquisa e na descrição da linguagem como sistema simbólico que medeia atividades sociais.

A prática pedagógica nesses termos pode contribuir para o desenvolvimento, no aluno e no professor, da consciência crítica dos aspectos contextuais e textuais do uso da linguagem. Essa consciência é central para o desenvolvimento das competências lingüísticas e discursivas que podem dar poder a todos que participam da vida contemporânea, em uma sociedade cada

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