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ATIVIDADE LÚDICA

Por:   •  17/10/2018  •  10.041 Palavras (41 Páginas)  •  309 Visualizações

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Ao se considerar a rotina das classes de educação fundamental, tem-se encontrado formas estereotipadas de trabalhar, por parte dos professores, que provocam a indiferença dos alunos, condenando-os a uma atividade desinteressante, nada desafiadora, que nega seu potencial.

Diversos fatores contribuem para a permanência dessa situação, obstaculizando a efetivação de medidas concretas que propiciem a realização de mudanças significativas no sentido de representar verdadeiros avanços que reflitam os interesses das crianças. A discussão sobre a necessidade de mudanças no desenvolvimento curricular ocorre com freqüência, mas ainda não surtiu os efeitos desejados. Até agora, se tem encontrado esforços isolados por parte de alguns educadores que realizam alterações em seu modo de trabalhar, mas sem o necessário respaldo do estatuto científico da pesquisa, para documentar e divulgar suas atividades, compartilhando-as com a comunidade, o que produziria efeitos mais consistentes. As alterações a que se refere são as que se restringem ao aspecto eminentemente técnico da tarefa didática, não buscando sua radicalidade, ou seja, não buscando a profundidade das concepções que as norteiam e as justificam.

O brinquedo, o jogo e o aspecto lúdico que existem nos processos de ensinar e aprender não se encaixam nas concepções tradicionalistas de educação que priorizam a aquisição de conhecimentos, a disciplina e a ordem como valores primordiais a serem cultivados nas escolas. Esta resistência em olhar de modo inovador aspectos fundamentais e específicos da escola contribui para limitar as ações que realmente colaborem para a efetivação de mudanças significativas nas práticas.

Mesmo admitindo os direitos de todas as pessoas à educação, principalmente no caso de crianças em idade escolar; mesmo considerando o forte apelo atual do discurso da cidadania, as posturas adotadas pelos profissionais não têm sido suficientemente fortes para realizar mudanças curriculares compatíveis.

Essas mudanças serão possíveis quando os professores encararem com tranqüilidade as mudanças no seu papel. De acordo com as abordagens psicogenéticas, o ponto de partida é o entendimento de que o indivíduo é o centro na busca do seu próprio conhecimento e a aprendizagem é o produto da atividade do sujeito e depende do desenvolvimento de suas estruturas cognitivas.

Nesse sentido, o professor construtivista tem um novo papel: é ele que desestabiliza que estimula que promove oportunidades de o aluno realizar suas trocas com o meio social, que desequilibra que desafia, enfim, ele deixa de ser o detentor de todo saber e autoridade para se tornar um interlocutor que auxilia na busca de soluções para os conflitos cognitivos ou, numa palavra, assume o papel de mediador.

O professor é o elemento que deve interpretar a concepção de mundo e as aspirações de vida da população escolar, bem como de seus condicionantes, adotando-os como ponto de partida de todo o projeto pedagógico da escola. Deverá ser o mediador entre o sujeito e o objeto de conhecimento, se desejar promover a autonomia moral e intelectual dos educandos.

Os próprios educadores devem assumir a tarefa de recriar seu papel, aprimorando sua competência do ponto de vista teórico e prático. Neste contexto, o jogo e a brincadeira na prática pedagógica com crianças com dificuldades de aprendizagem definitivamente não estaria excluídos. É preciso coragem para enfrentar as ambigüidades que as atividades lúdicas oferecem e estimular sua utilização de acordo com os objetivos pretendidos, e ainda estar preparado para intervir de acordo com a incerteza da resposta infantil.

Trabalhar sobre os temas das brincadeiras dá à criança elementos culturais para utilização em outras atividades, ampliando seu universo de experiências. É o caso de se explorar o desenvolvimento dos papéis em toda a sua riqueza e complexidade, preservando-se o espaço da brincadeira, protegendo-a das demandas de outras atividades de classe. Tais situações criam disposição favorável ao desenvolvimento da função de auto-regulação pela linguagem e da socialização como decorrência, na medida em que são estimuladas a expressar suas opiniões e sentimentos durante as atividades lúdicas. (Vygotsky, 1991; Piaget, 1978.)

Ao se observar e ao se analisar o comportamento e as reações das crianças diante da utilização de atividades lúdicas, descobrem-se que há milhares de formas de utilizar e explorar tais brinquedos.

O brinquedo pode ser objeto de transição, prazer, comunicação, transferência, imitação, suporte do imaginário e da criação, e quase sempre meio de transmitir a diversidade cultural.

Também os brinquedos podem ser utilizados na escola como objeto de análise sob vários pontos de vista, possibilitando sua integração e favorecendo a comunicação. Adotam-se aqui, as teorias desenvolvidas por Jean Piaget e Vygotsky, quando preconizam que a partir desses jogos que encantam a criança, ela é conduzida a explorar, entender o mundo dos objetos complexos ao seu redor. Compartilham-se como esses pesquisadores, as idéias de que os brinquedos tornam-se objetos de comunicação, meio através do qual a criança sai de uma relação centralizada em um objeto, para torná-lo um utensílio mediador entre ela e as outras crianças e, de forma mais generalizada, entre ela e o mundo.

Por esses motivos justifica-se a escolha de tal tema para o desenvolvimento desta monografia, que pretende demonstrar que se o professor souber observar e intervir a partir da atividade lúdica infantil descobrirá inúmeras explorações possíveis, para se obter melhor aproveitamento do brinquedo como mediador dos processos de aprendizagem e, principalmente, de alfabetização das crianças com dificuldades.

Neste sentido, vários estudos, com destaque para os de Piaget e Vygotsky, referem-se à relevância da brincadeira e do jogo como promotores de aprendizagens sejam elas de conteúdos sistematizados ou não pela escola. Mas, certamente, esses conteúdos originam-se nas interações entre as crianças em situação de jogo e permitem sua compreensão à medida que novos conteúdos vão sendo incorporados às estruturas anteriores, modificando-as. Demonstrar-se-á tal processo ao longo dos capítulos desta monografia.

O principal objetivo desta é discutir a importância dos jogos e das atividades lúdicas no processo de aprendizagem de crianças em idade escolar.

Aplicar as teorias sobre o processo de desenvolvimento da criança e sobre a função dos jogos no processo de aprendizagem.

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