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ANTROPOLOGIA CULTURAL E EDUCAÇÃO

Por:   •  23/5/2018  •  4.478 Palavras (18 Páginas)  •  383 Visualizações

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pela escola e por melhores condições de vida, nessa perspectiva, sempre foi e será a luta das mulheres e da comunidade negra”.

Segundo Viana (2008), além da dificuldade para ascender profissionalmente, para que as mulheres negras conquistem melhores cargos no mercado de trabalho despendem muito mais força que outros setores da sociedade, em muitos casos pagando um preço alto demais pela conquista. Além de comprovar a competência, essas mulheres têm que lidar constantemente com o preconceito e a discriminação racial exigindo assim, maiores esforços para a conquista do ideal pretendido. O fato de ser mulher já é um complicador, mas, somando isso questão da raça, as dificuldades só fazem aumentar.

Paul Singer (1998) afirma que,

À medida que a mulher negra ascende, aumentam as dificuldades especialmente devido à concorrência em serviços domésticos que não representam prestígio não há concorrência e conseqüentemente as mulheres negras têm livre acesso e é nesse campo que se encontra o maior número delas. A população negra trabalha, geralmente, em posições menos qualificadas e recebe os mais baixos salários.

Como é possível perceber as dificuldades encontradas pela mulher para entrar no mercado de trabalho são muitas e essas dificuldades aumentam ainda mais quando essa mulher é negra.

Para realização deste estudo foram feitas pesquisas bibliográficas, e também uma pesquisa de campo com a aplicação de questionário às professoras.

A MULHER NEGRA CONQUISTANDO ESPAÇO NA SOCIEDADE

Segundo Viana (2008) o conceito de raças humanas permite supor que existe uma hierarquia em cujo topo permanece, evidentemente, o homem branco, superior e desenvolvido. E na parte inferior é possível encontrar os povos africanos e outros de pele escura, vistos como "incapazes", "preguiçosos", "atrasados", "selvagens", que só poderiam ser salvos pela ação da colonização europeia.

Ainda seguindo o pensamento de Viana (2008): “A teia de conceitos confunde ciência com ideologia, individualidades com estereótipos, verdades com vontades, onde se tece outra forma de cativeiro: a escravidão simbólica que irá castigar incansavelmente a autoestima do negro”.

No século XIX, os indivíduos na ânsia criar a identidade nacional, passou pelas contradições de uma sociedade que almeja acompanhar os modelos da modernização europeia, porém sendo herdeiro da escravidão. Schwarz (1990), a literatura oficial brasileira, ao acompanhar o modelo social hierarquizado, desprestigia as atuações das diferentes etnias, com exceção de Lima Barreto e Solano Lopes que tiveram seu reconhecimento bem mais tarde. Na literatura o que se encontra sobre a imagem do negro no s remete a alguns estereótipos, dos quais, podemos citar como exemplo “aqueles do negro dócil, castigado, submisso, ou, por outro lado, bestial, instintivo, carnal”.

Não só o negro é alvo do preconceito, como também é aquele que mais sofreu e mais sofre. De acordo com Viana (2008) é possível encontrar na literatura estereótipos de cores variadas: “desde o Gaúcho de Alencar, que cavalgava pelos pampas sem subjetividade, à donzela pálida e assexuada, passando pelo índio homenageado por bom comportamento, o português rústico, o sertanejo jeca ou o nordestino retirante”. A identificação do negro é identificada por dois grupos de autores: um que representa os personagens negros como estereótipos com a finalidade de reproduzir “o modelo social hierarquizante; e outro que busca subverter essa representação”. Entre os dois grupos apenas o segundo te a oportunidade de vivenciar uma consciência étnica e crítica construída a partir de um processo histórico e estético.

Viana (2008) declara que outra personagem que pode ser encontrada no patamar mais baixa da hierarquizada divisão de classe é a imagem feminina. “À mulher está reservado o espaço puramente privado: a cozinha, o fogão, o tanque, principalmente a mulher negra que sofre na pele, durante muito tempo, o estigma de sua inferioridade causado pela cor de sua pele”. Quando o assunto é o tratamento dispensado a mulher é possível perceber a diferença entre as mulheres de pele branca e as de pele negra. Exemplo disso é o poeta Gregório de Matos em sua poesia demonstra a nítida distinção entre as raças.

Em sua poesia Gregório de Matos descreve a mulher branca “como um ser angelical anjo no nome, angélica na cara para deixar patente a sua inacessibilidade como ser superior”, enquanto a visão que faz da mulher negra é totalmente contrária, chegando ao rebaixamento em seu tratamento, a mulher branca é quase uma divindade já a mulher negra é tratada quase que com sordidez:

Jelu, vós sois rainha das mulatas.

E, sobretudo, vós sois rainha das putas.

Tendes o mando sobre as dissolutas

Que moram nas quitandas dessas gatas.

(Matos, vol. II, p. 845)

Lopes (2012), contrastando com a visão de amor platônico que o autor, Gregório Matos, dedica a Maria utiliza a forma do soneto, já o que refere a Jelu a mulata é transfigurada, sem a menor cerimônia. “De um lado as convenções da tradição poética clássica, com seu decoro e contenção; de outro, a linguagem ferina e de baixo calão que caracteriza a tradição satírica (que tem suas raízes na Antiguidade) e a poesia de escárnio e mal dizer”.

O que vemos hoje é que apesar de todo preconceito e estereótipo que a mulher negra enfrenta na sociedade, ela luta para construir o seu espaço deixar de estar sempre em canto restrito e privado a fim de ganhar o mundo público, buscando alcanças a igualdade de direitos.

CONQUISTANDO O DIREITO DE ESTUDAR

No ano de 1827 através do Decreto Lei Imperial assinado por D. Pedro I a reforma da instrução pública foi transformada em lei a fim de estabelecer “a criação de escolas elementares em locais populosos, inclusive para meninas”. De acordo com Viana (2008) é neste momento que surge a carreira pública de professora: mulheres passam a ser escolhidas, "por reconhecida honestidade", para ensinar nas escolas de meninas, e ficam encarregadas de lecionar as "quatro operações e prendas domésticas".

Segundo Palma Filho (2005), a partir de 1834, um ato adicional conferiu às Assembleias Legislativas das províncias poderes para legislar sobre o ensino elementar, ao governo imperial era mantida a responsabilidade sobre

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