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A EXCELÊNCIA DO BRINCAR

Por:   •  13/12/2018  •  3.940 Palavras (16 Páginas)  •  338 Visualizações

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Especialistas em educação vêem o brincar, especialmente o imaginativo, como tendo um papel crucial no desenvolvimento de capacidades como solução de problemas, criatividade e flexibilidade nas crianças pequenas. Nós acreditamos que, por meio do brincar, podem praticar habilidades e vir a compreender o mundo que as cerca. As diferenças entre os profissionais se relacionam não ao fato de o brincar ser ou não uma maneira importante de desenvolver capacidades e habilidades nas crianças pequenas, mas se ele deve ser iniciado pela criança ou mais dirigido pelo professor.

3 - EXPERIÊNCIAS DO BRINCAR DIFERENCIADAS PELO SEXO E PELAS ESCOLHAS DAS CRIANÇAS

O canto da casinha proporciona insights interessantes sobre o brincar infantil e sobre a formação de idéias relativas aos comportamentos apropriados ao gênero e ao sexo. À primeira vista, parece que são reproduzidos muitos comportamentos estreitamente estereotipados, incluindo a decisão de muitos meninos de não brincarem lá de jeito nenhum! Também há evidências de que os professores e outros adultos podem, às vezes, limitar as oportunidades do brincar ao não questionar suas próprias suposições sobre diferenças sexuais. Isso pode ter um efeito sutil e prejudicial sobre a auto-imagem das crianças, de modo que alguns padrões de brincar são inibidos e podem, de fato, deixar de ocorrer.

É importante reconhecer que não é tão fácil assim levar as crianças a papeis previsíveis ou condicionados. Elas, em um sentido muito real, atuam uma ampla variedade de possibilidades e tentam compreender o seu mundo, incluindo o seu lugar dentro dele como menino ou menina. Ao ficarem mais conscientes das muitas facetas do brincar infantil em espaços como o canto da casinha, os educadores podem aprender muito sobre o pensamento, as motivações e os desejos das crianças.

Em relação ao gênero e ao brincar, o educador precisa refletir sobre a necessidade de:

- variar o contexto do brincar;

- envolver a criança na escolha, na discussão e no planejamento do brincar;

- aproveitar as experiências da “vida real” e a experiência da criança do mundo real;

- compreender que nem sempre a brincadeira acontece no canto destinado ao faz-de-conta;

- assegurar que, mesmo abastecido com materiais tradicionais, o canto da casinha continue constituindo o local das experiências mais identificáveis e relevantes das crianças;

- aceitar que os adultos precisam reconhecer e participar do brincar infantil;

- ouvir e observar cuidadosamente;

- continuar questionando suposições pessoais e profissionais sobre gênero.

4 - O BRINCAR, O PÁTIO DE RECREIO E A CULTURA DA INFÂNCIA

A sugestão de Lee, e de muitos outros, de que o brincar é “o principal negocio” da vida de uma criança é especialmente adequada em referencia aos espaços lúdicos das escolas e naqueles espaços em que as crianças podem brincar em grupos que se auto-regulam. As brincadeiras e os jogos constituem a base em torno da qual giram as atividades sociais e culturais das crianças. A capacidade de cada criança de se interagir dentro de uma brincadeira ou de um grupo social determinará sua capacidade de construir relacionamentos, desenvolver maior competência e, consequentemente, conquistar status. A transmissão do conhecimento cultural relativo ao brincar e a manutenção de valores culturais estão dentro do controle das crianças no pátio do recreio. Esses valores podem, às vezes, entrar em conflito com os valores da escola.

O pátio de recreio oferece um ambiente para um fórum cultural dentro do qual as crianças podem criar e recriar significado a partir da soma de suas experiências. As atividades, as brincadeiras, os jogos, os comportamentos sociais e anti-sociais são um meio pelo qual a cultura pode encontrar expressão e pelo qual cada criança pode tentar atender às suas necessidades funcionais. Eu não acredito que eles oportunizam, primariamente, um ensaio para a sociedade adulta posterior, nem recreação do trabalho “real” da escola. Acredito, sim, que servem a um propósito imediato das crianças em sua presente sociedade.

5 - O BRINCAR E O CURRÍCULO OFICIAL

Eu argumentei que temos evidencias de pesquisas capazes de nos fornecer estruturas para uma alternativa radical ao currículo nacional para a criança pequena. Esse currículo alternativo teria por objetivo capacitar a criança com instrumentos de pensamento, capacitando-a a explorar um leque completo de idéias, experiências, sentimentos e relacionamentos. (Chris Pascal e Tony Bertram defendem isso veemente em seu tratado sobre a provisão do brincar de qualidade no capítulo 13.) ele também apresentaria às crianças os instrumentos culturais – letras e imagens impressas, símbolos matemáticos, artes gráficas, ritmos, versos, comunicação por meio da fala, metáforas, controle motor amplo e fino – que elas vêm sendo usados em seu entorno, em vez de constrangê-las com a camisa de força da aprendizagem “escolar”.

Grande parte da aprendizagem estaria baseada em atividades lúdicas bem-estruturadas e com muitos recursos. Muitas crianças pequenas freqüentam, em outras culturas, a educação infantil: a escola que começa aos 6 ou 7 anos é mais comum em outras sociedades. Se o currículo fosse genuinamente planejado em função das necessidades de aprendizagem das crianças, talvez nós tivéssemos toda uma geração de crianças amando aprender, em vez de grupos de “aprendentes principiantes” ansiosos e desanimados, já com um sentimento de inadequação.

Seria uma grande realização educar crianças pequenas para que se tornassem adultos com esse senso de curiosidade e divertimento.

6 - “BRINCAR É BOM!” DESENVOLVENDO O BRINCAR EM ESCOLAS E SALAS DE AULA

O objetivo desse capítulo é colocar em uma perspectiva geral algumas questões e perguntas com as quais se deparam os educadores que tentam introduzir e justificar experiências lúdicas de qualidade dentro do contexto de sala de aula, incluindo:

- definição do brincar;

- o valor da pesquisa para informar e enriquecer a prática;

- observação, avaliação e registro de experiências lúdicas;

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